Em 2014, um referendo eleitoral determinou que furtos de bens inferiores a US$950 fossem considerados contravenção, e não crime.| Foto: Bigstock
"Sou novo em São Francisco", disse Thomas Fuller, jornalista do New York Times , ao balconista de um mercado logo após se mudar para a cidade. "É opcional pagar pelas coisas aqui?".
A pergunta parece absurda, mas Fuller explica em um artigo que foi realmente forçado a perguntar o que estava acontecendo depois de testemunhar as pessoas entrando, pegando as coisas e saindo de mercados. Ele diz que o problema só piorou nos últimos anos - e o problema agora está obrigando as empresas a fecharem as portas.
“Representantes da [rede de supermercados] Walgreens disseram que os roubos em suas lojas de San Francisco eram quatro vezes maiores do que a média nacional da rede e que ela havia fechado 17 lojas, em grande parte porque a escala de furtos tornava os negócios insustentáveis”, relata Fuller. Enquanto isso, a rede de farmácias CVS disse a Fuller que San Francisco havia se tornado "um dos epicentros do crime organizado no varejo" e que a rede reduziu a fiscalização dos guardas de segurança contra furtos em lojas porque isso se tornou muito perigoso.
Barracas de camping bloqueiam as calçadas da rua Seis, em Skid Row, no centro de Los Angeles.
Você deve estar se perguntando: o que está acontecendo?
Em 2014, um referendo eleitoral determinou que furtos de bens inferiores a US$950 fossem considerados contravenção, e não crime. Nos anos seguintes, as acusações de furto no varejo diminuíram significativamente.
“Furtar tornou-se parte da cultura”, comentou o político local Ahsha Safaí sobre o furto. “As pessoas dizem: 'Oh, bem, isso simplesmente acontece. [Ladrões] estão obviamente escolhendo os locais com base nas consequências. Como não há consequências para suas ações, você convida ao comportamento. De novo e de novo."
Esta história não é baseada em anedotas e não está acontecendo apenas em San Francisco.
Um estudo descobriu que, em Santa Monica, na Califórnia, os crimes não afetados pelo referendo eleitoral caíram 9%, mas aqueles que foram rebaixados aumentaram 15%. Outra análise constatou que os furtos em todo o estado aumentaram 9% após a mudança de 2014.
Não é preciso ser um gênio para descobrir o que está acontecendo aqui. Muitos fatores diferentes afetam as taxas de criminalidade, mas quando o governo falha em proteger os direitos de propriedade e fazer cumprir a lei, o roubo se torna mais comum e empresários inocentes são vítimas. A incerteza econômica resultante desestimula o crescimento e, em casos extremos, como o de São Francisco, leva as lojas à falência.
Proteger a propriedade e fazer cumprir o Estado de Direito é uma das funções principais e legítimas do governo. O fato de o Golden State ter optado por concentrar os gastos robustos de seu governo e o envolvimento na vida social em outros lugares indica um grave desalinhamento de prioridades.
Por Brad Polumbo, jornalista e correspondente da Foundation for Economic Education
Em tempo: 'Governada' por democratas, extremamente tolarantes com drogas e outros 'pequenos crimes', a Califórnia tem mais da metade dos homeless dos Estados Unidos. Se fosse uma nação, a Califórnioa seria a quinta economia do planeta.
O Estado têm quase 40 milhões de habitantes, mas sua economia supera, por exemplo, a do Reino Unido, que tem 60 milhões). O Produto Interno Bruto da Califórnia superou US$ 2,7 trilhões (R$ 10,05 trilhões) em 2017. Em comparação, o PIB do Brasil foi equivalente a US$ 1,8 trilhão e o do México, de US$ 1,04 trilhão.
A situação dos moradores em situação de rua em Los Angeles, que as autoridades locais qualificam de “emergência”, se tornou uma questão nacional, quando foram divulgados os últimos números do fenômeno nos Estados Unidos.
O aumento espetacular no condado de Los Angeles, com 23% a mais de sem-teto em um ano, chegando a quase 58.000 pessoas, explica em si os números nacionais. Se não fosse pela região de Los Angeles, a população sem teto teria caído 1,5%. Os números aumentaram em toda a Costa Oeste. Das sete regiões urbanas com mais pessoas sem teto, cinco estão no Pacífico (Los Angeles, Seattle, San Diego, San José e San Francisco).
Gazeta do Povo