segunda-feira, 1 de junho de 2020

Veja como o setor aéreo dos Estados Unidos se adaptou à nova realidade pós-Covid

Passageiros usam máscaras a bordo de um voo da American Airlines entre San Diego e Charlotte Foto: Sandy Huffaker / AFP
Passageiros usam máscaras a bordo de um voo da American Airlines entre San Diego e Charlotte Foto: Sandy Huffaker / AFP

É bem provável que os aeroportos continuem bem mais vazios que o normal, mas quem planeja viajar deve esperar se deparar com diversas mudanças e novos inconvenientes.
A começar pela segurança. Enquanto aguardam em fila pela inspeção, os passageiros certamente verão diversas formas de sinalização para lembrá-los de manter distância uns dos outros, como anunciou a Administração de Segurança nos Transportes (TSA, na sigla em inglês) na última quinta-feira. Os agentes que fazem a verificação da identificação e dos cartões de embarque estarão de máscara, luva e, em alguns casos, proteção ocular.
Os viajantes terão de escanear os próprios passes para limitar o contágio – e, uma vez que as embalagens de alimentos geralmente fazem disparar os alarmes, também terão de colocar qualquer comestível que tiverem consigo em um cesto separado, de modo que os funcionários não tenham de manipulá-los.
— Levando em consideração nossos funcionários na linha de frente e a saúde do passageiro, a TSA se comprometeu a fazer mudanças cautelosas nos processos de escaneamento, com o objetivo de limitar o contato físico e aumentar a distância física o máximo possível — afirmou David Pekoske, diretor da agência, em sua declaração.
Praticamente todas as outras regras continuarão valendo, mas uma será mais condescendente: o limite padrão de pouco menos de 90 ml para o álcool em gel passou a ser de 355 ml por pessoa.
Placa no aeroporto de Los Angeles indica a necessidade de se manter o distanciamento entre os pasageiros Foto: Patrick T. Fallon / Reuters
Placa no aeroporto de Los Angeles indica a necessidade de se manter o distanciamento entre os pasageiros Foto: Patrick T. Fallon / Reuters
As aéreas vêm adotando diversas mudanças: o passageiro que precisar despachar a bagagem ou imprimir o bilhete, por exemplo, pode dar de cara com barreiras de acrílico isolando-o do funcionário. A precaução já foi tomada nos balcões da United Airlines e da Delta Air Lines. Já se preferir usar o quiosque, pode interagir com um que não tenha nem de tocar.
As empresas também já estão ajustando o embarque, com algumas preferindo lotar o avião de trás para a frente, limitando assim o contato entre passageiros. Outras reduziram o processo, embarcando menos pessoas por vez para evitar aglomerações no portão ou na ponte telescópica.
No aeroporto, muitas lojas, restaurantes e lounges provavelmente fecharão permanentemente.
Mas, embora os terminais estejam basicamente vazios, não há garantia de que o mesmo valha para os voos: em 75% deles a ocupação já é de mais da metade dos assentos. E, apesar da queda vertiginosa no número de viajantes, um em cada doze tem lotação de até 70%.
Cada empresa aérea está usando um método diferente para limitar o número de pessoas a bordo: a United diz que vai evitar vender os assentos do meio, mas vai usá-los quando os voos ficarem mais cheios. Também permitirá ao consumidor remarcar a viagem caso a capacidade da aeronave supere os 70%. A Delta limitará a 50% a ocupação dos assentos da primeira classe e a 60% na executiva e na econômica. A American Airlines bloqueará metade dos assentos do meio, e a Southwest Airlines, que não marca lugares, promete deixar um terço da lotação vazio até julho.
A maioria das empresas agora exige o uso de máscaras a bordo por passageiros e tripulantes, embora algumas pessoas que voaram nas últimas semanas garantam que a medida não está sendo aplicada com rigor. Em muitos casos, não há comida nem bebida servidas e, quando disponíveis, as refeições foram basicamente substituídas por salgadinhos em embalagens individuais lacradas.
Funcionário da Delta desinfeta a cabine de um dos aviões da frota da companhia aérea, em seu hub, em Atlanta Foto: Chris Rank / Divulgação
Funcionário da Delta desinfeta a cabine de um dos aviões da frota da companhia aérea, em seu hub, em Atlanta Foto: Chris Rank / Divulgação
Quase todas as companhias estão limpando os aviões regularmente, muitas vezes entre cada viagem, além de oferecer álcool em gel, máscaras e outros produtos de higiene aos passageiros. A Delta, por exemplo, está aplicando um "spray eletrostático", que borrifa uma nuvem de desinfetante, antes de cada voo.
A United, que passará a fazer o mesmo no mês que vem, anunciou esta semana uma parceria com a intenção de tranquilizar os passageiros – com a Clorox, que prestará consultoria sobre práticas de desinfecção, e a Cleveland Clinic, cujos especialistas manterão a empresa atualizada sobre as práticas e tecnologias mais recentes.
As medidas de segurança que as aéreas estão colocando em prática podem tranquilizar alguns, mas o fato é que grande parte do público viajante permanece em casa: até esta quarta, o número de passageiros inspecionados nos postos de controle da TSA nos aeroportos ainda estava mais de 90% abaixo dos níveis de 2019.
Niraj Chokshi, The New York Times