Estátuas destruídas ao redor do mundo, censura a livros e filmes antigos... o que esses atos de violência sinalizam? Em entrevista à TV Jornal da Cidade Online, o historiador Edgard Leite, diretor do Instituto Realitas, comenta que isso não é algo novo, costuma acontecer quando um grupo pretende exercer ou mostrar poder sobre o presente, e tende a destruir coisas do passado.
“Eles têm uma ilusão... porque isso é uma ilusão, de que você pode reconstruir o passado, na medida em que você destrói os vestígios desse passado. Isso na antiguidade, no Egito, Grécia, Persia... isso era muito comum, porque tinham poucos monumentos e coisas escritas, mesmo assim, as coisas sobreviviam. No século XX, os regimes nazistas, fascistas e comunistas tentaram fazer isso. Hitler destruiu muitas esculturas que representavam eminentes judeus e personalidades da democracia alemã. Os russos destruíram monumentos que lembravam o passado da monarquia, destruíram até igrejas.... com esse objetivo, de tentar controlar o presente. Na antiguidade, isso já não funcionava, e nos tempos presentes ficou claro que também não funciona”, explica o historiador.
Se existe alguém que não pode ser acusado de fascista, é Churchill
Para o historiador, vandalizar a estátua de Winston Churchill, ex-primeiro ministro do Reino Unido, é de uma ignorância profunda.
“Ele foi o primeiro a se posicionar contra o nazismo, ele é um herói da luta contra o nazi-fascismo. Isso mostra uma profunda ignorância do que aconteceu, e uma visão errada da história e do papel dos seres humanos na história – são as atitudes humanas que determinam o que é o bem e qual é o legado dos seres humanos. A liberdade que essas pessoas têm hoje, inclusive para vandalizar a estátua de Churchill, é fruto da liderança que ele exerceu na Segunda Guerra Mundial”, ressaltou Leite.
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