terça-feira, 16 de junho de 2020

Top-70: veja os 10 maiores jogos da história do Maracanã

Do amistoso de inauguração do estádio, entre cariocas e paulistas, em junho de 1950, à vitória do Fluminense contra o Vasco, no último 15 de março, já com portões fechados devido à pandemia do novo coronavírus, quais foram os 70 maiores jogos da história do Maracanã? Para comemorar o aniversário de 70 anos do palco de tantas emoções da história do futebol, O GLOBO se propôs tentar responder essa pergunta.
Um júri com 70 nomes especializados foi formado. Uma pré-lista com 100 jogos foi distribuída, e cada partida foi avaliada por cada jurado, que deu notas de 1 a 5, de acordo com a importância do jogo na história do estádio. Da apuração, nasceu o ranking dos 70 maiores jogos dos 70 anos do estádio, que começou a ser divulgada na quinta-feira e termina nesta terça-feira, aniversário da inauguração. Confira abaixo a última parte da lista, do 1º ao 10º lugares. E veja aqui a primeira (do 51º ao 70º), a segunda (do 41º ao 50º), a terceira (do 31º ao 40º), a quarta (do 21º ao 30º) e a quinta (do 11º ao 20º) partes.
Confira também os 10 maiores jogos de Botafogo,  Flamengo,  Fluminense e Vasco no estádio.
Uruguai vence o Brasil e cala o Maracanã na Copa de 1950 Foto: Arquivo/16.07.1950
Uruguai vence o Brasil e cala o Maracanã na Copa de 1950 Foto: Arquivo/16.07.1950

1º — Brasil 1 x 2 Uruguai

Copa do Mundo, 16 de julho de 1950

Dos 70 maiores jogos do Maracanã nos 70 anos do estádio eleitos pelo GLOBO, 16 envolvem a seleção brasileira: 14 são noites ou tardes felizes para o Brasil. Um é uma derrota, mas não dá pra dizer que a estreia de Pelé em 1957 foi triste. Só um é um revés sem poréns: a final da Copa de 1950, maior jogo da história do estádio, é também o que carrega as maiores doses de melancolia para a torcida brasileira.
São muitas as explicações: o Maracanã foi construído para que aquele momento acontecesse, mas com final diferente. A multidão que pode ter chegado a 200 mil pessoas, o otimismo, o gol de Friaça, a expectativa, o empate, o gol de Gigghia e a condenação de Barbosa. São muitos elementos do maior roteiro que o estádio viveu em 90 minutos e por muito mais.
Nada do que aconteceu nos 70 anos seguintes foi capaz de superar a grandeza daquele 16 de julho. Os 70 jornalistas do júri tinham que dar uma nota de 1 a 5 em uma lista de 100 jogos selecionados: o "Maracanazo" foi o único com 70 notas máximas. Um trágico e marcante gabarito.
Pelé comemora seu milésimo gol, marcado no Maracanã Foto: Arquivo/19.11.1969
Pelé comemora seu milésimo gol, marcado no Maracanã Foto: Arquivo/19.11.1969

2º — Vasco 1x2 Santos

Campeonato Brasileiro, 19 de novembro de 1969

O que faz uma partida comum do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, uma derrota do time da casa, se meter entre duas finais de Copa do Mundo, para se tornar o segundo maior jogo da história dos 70 anos do Maracanã? Pois até os 33 minutos do segundo tempo aquele Vasco e Santos provavelmente não seria lembrado. Estaria no máximo na memória das 65 mil pessoas que foram ao estádio, mas nem tanta gente iria se não pudesse acontecer o que aconteceu: de pênalti, Pelé marcou o seu milésimo gol e as cenas, a celebração e as entrevistas ficaram para sempre na história do futebol. Uma das tantas coroações do Rei do Futebol. A maior delas no Maracanã.
Götze marcou o gol do título mundial da Alemanha em 2014 Foto: Ivo Gonzalez/13.07.2014
Götze marcou o gol do título mundial da Alemanha em 2014 Foto: Ivo Gonzalez/13.07.2014

3º — Alemanha 1 x 0 Argentina

Copa do Mundo, 13 de julho de 2014

Só por ser uma final de Copa do Mundo, ápice do futebol mundial a cada quatro anos, a decisão de 2014 teria vantagem para entrar na lista de partidas históricas do Maracanã. Há seis anos, o confronto foi icônico: de um lado, a Alemanha que cinco dias antes eliminara o Brasil na semifinal com um sonoro 7 a 1. Do outro, a Argentina de Messi com a expectativa de conquistar o mundial depois de 28 anos justo na casa do rival e, finalmente, completar a carreira do maior jogador do novo século. O Maracanã deu um jeito de quebrar as expectativas de novo e, após 90 minutos nervosos, Mario Gotze fez o gol do tetra alemão na prorrogação.
Romário dribla uruguaio nas Eliminatórias da Copa de 1994 Foto: Ivo Gonzalez/19.09.1993
Romário dribla uruguaio nas Eliminatórias da Copa de 1994 Foto: Ivo Gonzalez/19.09.1993

4º — Brasil 2 x 0 Uruguai

Eliminatórias da Copa, 19 de setembro de 1993

Curioso como as partidas decisivas de Eliminatórias são marcantes no Maracanã. Na lista dos 70 jogos mais marcantes da história, entraram as para as Copas de 1954, 1958, 1970, 1990 e 1994, as três últimas no top-10. Nenhuma, porém, pareceu tão grandiosa quanto a de 1993, em que o Rio de Janeiro parecia sentir que a seleção precisava de sua torcida. Precisando vencer,  o Brasil ainda tinha pela frente o Uruguai, adversário mais traumático possível para o estádio. O resultado foi um emocionante ambiente com um Romário em uma de suas melhores atuações: 2 a 0 e rumo ao Tetra.
Mais de 120 mil assistiram à vitória do Santos sobre o Milan no Maracanã Foto: Arquivo/16.11.1963
Mais de 120 mil assistiram à vitória do Santos sobre o Milan no Maracanã Foto: Arquivo/16.11.1963

5º — Santos 1 x 0 Milan

Copa Intercontinental, 16 de novembro de 1963

A conquista do bicampeonato mundial do Santos contra o Milan, no Maracanã, inaugura o top-5 de maiores jogos da história do Maracanã. A curiosidade vem no fato de que os relatos da época contam que foi um jogo ruim, pobre, ficando marcado mesmo pela conquista após um gol de pênalti de Dalmo para 120 mil pessoas. O jogo bom foi o anterior, em que o Milan vencia por 2 a 0 e conquistava a taça, mas sofreu a virada para 4 a 2 com dois gols de Pelé. Curiosamente, mais pessoas (132 mil) viram esta partida. No 1 a 0, o Santos não contou com Pelé, contundido.
Neymar beija a bola antes de garantir o ouro olímpico para o Brasil Foto: Marcelo Theobald/20.08.2016
Neymar beija a bola antes de garantir o ouro olímpico para o Brasil Foto: Marcelo Theobald/20.08.2016

6º — Brasil 1 (5)x(4) 1 Alemanha

Jogos Olímpicos, 20 de agosto de 2016

Dois anos após o 7 a 1 da semifinal da Copa do Mundo no Mineirão que impediu, com requintes de crueldade, que a seleção brasileira voltasse a disputar uma final de Mundial no Maracanã, quis o destino que o Brasil disputasse, contra os alemães, a inédita medalha de ouro olímpica no Rio de Janeiro. Eram equipes, em maioria, sub-23 mas a emoção tomou conta das 63 mil pessoas presentes. Neymar abriu o placar, de falta, mas Meyer empatou. Nos pênaltis, Weverton defendeu a última cobrança alemã e coube ao astro brasileiro converter a penalidade decisiva da conquista que faltava à seleção.
Renato Gaúcho, autor do gol de barriga que entrou para a história Foto: Fernando Maia/25.06.1995
Renato Gaúcho, autor do gol de barriga que entrou para a história Foto: Fernando Maia/25.06.1995

7º — Fluminense 3x2 Flamengo

Campeonato Carioca, 25 de junho de 1995

Qual o maior clássico da história do Maracanã? Por um voto, o Fla-Flu, talvez o confronto que mais combine com o estádio, ficou na frente do Botafogo x Flamengo de 1989. E não foi qualquer Fla-Flu, e sim o de 1995, o do clássico "gol de barriga" de Renato Gaúcho, anotado oficialmente para o meia Aílton, e que deu o título estadual ao tricolor carioca contra o Flamengo diante de mais de 120 mil pessoas. O gol, aos 42 do segundo tempo, coroou Renato como "Rei do Rio" e é um dos mais importantes da história do estádio.
Torcedor do Botafogo faz oração na arquibancada do Maracanã Foto: Miriam Fichtner/21.06.1989
Torcedor do Botafogo faz oração na arquibancada do Maracanã Foto: Miriam Fichtner/21.06.1989

8º — Botafogo 1x0 Flamengo

Campeonato Carioca, 21 de junho de 1989

O maior jogo do Botafogo no Maracanã envolve a quebra do seu maior jejum. Após quase 21 anos completos sem ganhar um título, a sina foi quebrada no mesmo estádio das suas maiores glórias na década de 60. O famoso "gol do Maurício" aconteceu aos 12 minutos do segundo tempo, após cruzamento de Mazolinha, contra um fortíssimo time do Flamengo que parecia o favorito. Mais que um grito de alegria, o torcedor botafoguense se aliviou naquela noite marcada para sempre, em um dos maiores clássicos da história do estádio. O jogo foi no dia 21 e a temperatura na hora do gol era de 21ºC. O Maraca não seria o mesmo sem a superstição alvinegra.
Chileno Rojas simula ter sido atingido por um rojão Foto: Jorge William/03.09.1989
Chileno Rojas simula ter sido atingido por um rojão Foto: Jorge William/03.09.1989

9º — Brasil 2x0 Chile

Eliminatórias da Copa, 3 de setembro de 1989

Além de receber grandes jogos, o Maracanã é capaz de produzir grandes histórias para além deles. Uma delas é o famoso "Jogo da Fogueteira", quando Brasil e Chile disputavam uma nervosa partida que valia a classificação à Copa de 1990. O jogo foi interrompido com a seleção brasileira vencendo por 1 a 0. O goleiro Rojas teria sido atingido por um sinalizador da Marinha disparado pela torcedora Rosenery Mello, que ficou famosa e até posou nua para uma revista masculina depois. O Chile abandonou o campo pleiteando a vitória, mas logo se descobriu a farsa: Rojas fingiu o acidente, se jogando em direção à fumaça, se cortando com uma gilete, usando até mercúrio para finigir que estava sangrando.
Brasil x Paraguai nas Eliminatórias, em 1969: recorde de público pagante Foto: Arquivo/31.08.1969
Brasil x Paraguai nas Eliminatórias, em 1969: recorde de público pagante Foto: Arquivo/31.08.1969

10º — Brasil 1 x 0 Paraguai

Eliminatórias da Copa, 31 de agosto de 1969

O imaginário diz que o Brasil x Uruguai de 1950 recebeu um maior público total, mas, oficialmente, não há público pagante maior registrado no Brasil do que os 183.341 ingressos vendidos para o confronto entre brasileiros e paraguaios que decidia uma vaga na Copa do Mundo de 1970. Tudo para ver as "Feras do Saldanha" vencerem por 1 a 0, gol de Pelé e carimbarem o passaporte rumo ao México onde, com Zagallo no comando, buscariam o tricampeonato mundial.

Calendário

Confira as datas das etapas do ranking:

Confira

O site Globoesporte.com também ouviu jornalistas para escolher o maior jogo da história do Maracanã.

Os 70 votantes

O GLOBO/EXTRA: Bernardo Coimbra, Bernardo Mello, Bruno Marinho, Carlos Eduardo Mansur, Diogo Dantas, Gilmar Ferreira, Giulia Costa, Igor Siqueira, João Pedro Fonseca, Marcello Neves, Miguel Caballero, Rafael Oliveira, Renan Damasceno, Renato Alexandrino, Tatiana Furtado e Thales Machado. TV GLOBO/ SPORTV: Alexandre Alliatti, Alex Escobar, Ana Thais Matos, André Rizek, Arnaldo Ribeiro, Aydando André, Débora Gares, Eric Faria, Gabriela Moreira, Gustavo Poli, Gustavo Vilani, Lédio Carmona, Lucas Prata (Caju), Marcelo Courrege, Marcelo Barreto, Martin Fernandez, PC Vasconcellos, Paulo Vinícius Coelho, Raphael Rezende, Rodrigo Rodrigues, Sérgio Arenillas, Thiago Teixeira, Tim Vickery e Tino Marcos. RÁDIO GLOBO: Camila Carelli, Carlos Eduardo Éboli e Eraldo Leite. ESPN BRASIL: André Kfouri, André Plihal, Cicero Mello, Leonardo Bertozzi, Mauro Cezar Pereira, Paulo Calçade, Pedro Torre e Ubiratan Leal. UOL: Eduardo Tironi, Mauricio Stycer, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos. DAZN: Eduardo Monsanto, Fábio Seixas e Rafael Oliveira. FOX: Flávio Gomes. TV BRASIL: Sérgio Du Bocage. FOLHA DE S. PAULO: Alvaro Costa e Silva e Juca Kfouri. RÁDIO TUPI: Washington Rodrigues (Apolinho). CENTRAL3: Leandro Iamin. OUTROS: Emiliano Tolivia, José Trajano, Luiz Antônio Simas, Luiz Augusto Nunes, Marluci Martins, Márvio dos Anjos e Tadeu de Aguiar.

Com O Globo