quinta-feira, 4 de junho de 2020

"O que isso tem a ver com a defesa da democracia?", questiona J.R. Guzzo

Circula pelas redes sociais um vídeo que pode valer mais, sozinho, que todas as análises somadas dos grandes cérebros da ciência política mundial sobre a explosão de violência que tomou as ruas do Estados Unidos nestes últimos dias. 
Nele um jovem negro faz o seguinte resumo do calamitoso episódio em que um policial branco, preso sob a acusação de homicídio em terceiro grau e já internado num presídio de segurança máxima, matou um outro negro, na cidade de Minneapolis, durante as manifestações de rua “contra o fascismo” que têm se repetido por todo o país e deixado um rastro de saques, destruição e violência. 
“Poderia alguém por favor me explicar o que o saque de uma loja Gucci tem a ver com a morte de George Floyd?”, diz o rapaz. “Um homem morre – e vocês estão querendo me dizer que sentem tanto a morte dele, que a primeira coisa que fazem a respeito é saquear a Gucci?”
Confronto na Paulista
Manifestantes na Avenida Paulista neste domingo, 31. Foto: TABA BENEDICTO/ESTAD

Eis aí um resumo perfeito desta ópera ruim. Como sempre acontece quando grupos de “extrema esquerda”, ou que se apresentam assim, vão para as ruas manifestar-se sobre alguma coisa, o resultado é o mesmo: as pessoas bem intencionadas e inocentes que realmente pretendem fazer um protesto político são sempre usadas, perversamente, por criminosos que querem incendiar, agredir, atacar a polícia, destruir propriedade pública e privada – e roubar lojas, quanto mais caras melhor. São os fatos. 
Uma imensa onda de hipocrisia, nos meios políticos, intelectuais e outros, faz de conta que isso não existe. Dizem que estão acontecendo “demonstrações populares em favor da democracia”. Mas os fatos não desaparecem só porque não se fala neles. 
A qualquer momento podem ser vistos na internet centenas de vídeos mostrando a realidade que o “movimento antifascista” traz para as ruas americanas – e de outras cidades do mundo onde se pretende copiar o que está acontecendo lá.
No Brasil, felizmente em proporções até agora muito mais raquíticas, os “coletivos” e outras organizações contra o “fascismo” e pró-democracia também tentaram sair à rua, de onde estavam afastados há muito tempo, e o resultado foi exatamente o mesmo das suas últimas manifestações; pedradas na polícia, agressões físicas, depredação, vandalismo generalizado
É curioso. 
A “direita” e os acusados de “fascismo” têm se manifestado, já há seis anos e tanto, sem quebrar até agora uma única vidraça. Os seus adversários, logo na primeira vez que voltam à praça pública, fazem exatamente o oposto. Sua maneira de defender a democracia, como comprovam os seus atos, é tocar fogo em bancas de jornal.
Os brasileiros que, neste momento sentem a necessidade de manifestar em público suas preocupações em relação à manutenção da liberdade, do regime democrático e da tolerância, só terão a ganhar se separarem a sua causa da causa dos bandidos que se disfarçam atrás de um “movimento político”. 
A opção pelo silêncio, para não dar “incentivo à direita”, só serve ao conforto dos extremistas. Eles obedecem a manuais de ação, com instruções detalhadas sobre como praticar atos de desordem. Devem manter a sua identidade em segredo, atrás e máscaras e outros disfarces. 
São instruídos a se organizar em células. Aprendem como devem se comportar numa organização política clandestina. Têm de substituir a bandeira e as cores nacionais pelo preto – e por aí vai.

Como diz o rapaz do vídeo americano: alguém poderia explicar o que isso tem a ver com a defesa da democracia?

O Estado de S.Paulo