terça-feira, 16 de junho de 2020

"O ódio figadal a Bolsonaro", por Paulo SValenca - Professor

A má vontade com esse governo só tem explicação na psicologia e na demonologia.
Percebe-se, nitidamente, nas críticas a Bolsonaro, não uma cobrança por desenvolvimento econômico, melhoras na saúde, na segurança e na educação.
Percebe-se, às raias da evidência, uma profunda e incontida ojeriza por uma criatura humana, sem motivos plausíveis.
Sentir ojeriza por um homicida, um latrocida, um estuprador, um filho que maltrata e sevicia pais idosos, um indivíduo que lidera grupos de "bullying" numa escola, um genocida mesmo - isso é o que se espera de uma pessoa moralmente regrada, psiquicamente saudável e psicologicamente resolvida.
Na esfera política, sentir ojeriza por um governante ou parlamentar flagrantemente apanhados em corrupção, indiciados judicialmente e judicialmente condenados, sobretudo quando esses réus conseguem evadir-se, graças às brechas da lei e ao farto dinheiro para contratar bancas advocatícias - isso é o que se espera de um cidadão cumpridor de seus deveres e contribuinte do fisco.
Em qual dessas categorias reprováveis Bolsonaro pode ser enquadrado?
Em que assassinato, latrocínio, estupro, abuso de incapaz ou de vulnerável ele foi, ao menos, indiciado?
"Ah, ele é miliciano!" É mesmo? E nunca conseguiram provar isso? "Não! Ele faz tudo muito bem feito! Ele tem costas largas!" É mesmo? Um parlamentar obscuro? Um cidadão sem alta fortuna nem influência sobre grandes nomes das finanças, sem amizades com banqueiros?
Muitos outros, com toda essas vantagens ao seu dispor, já foram apanhados pela Justiça, estão na prisão. Bolsonaro sequer figurou nas listas do "Mensalão" nem do "Petrolão". "Ah! Mas é porque ele sabe fazer tudo muito bem feito! Não deixa rastros! Tem milicianos trabalhando para ele!"
Acorda, alucinado! Com esse tirocínio, Bolsonaro nem seria Presidente do Brasil. Ele teria o império da Microsoft e o da Apple fundidos, além de larga fatia do J. P. Morgan Bank. Um gênio do crime desse dominaria o narcotráfico mundial. Sem falar de indícios de luxo e ostentação a dar na vista, inclusive com direito a hospedagens nas mais suntuosas suítes dos hotéis dos Emirados Árabes.
Mas o ódio a Bolsonaro transborda a ponto de a baba espumar na boca de seus inimigos figadais. Se o ódio não se deve a ele ter parte com o tráfico de mulheres, órgãos para transplante, drogas etc. nem por ele ter assassinado, estuprado, executado transexuais, maltratado animais, seviciado incapazes ou vulneráveis, impedido negros de lhe pisarem no gabinete, que motivos ensejam a increspada rejeição?
Aliás, o discurso de Bolsonaro sempre foi a favor de penas pesadas para homicidas, latrocidas e estupradores.
Então, se ele é odiado por esse discurso, ele é odiado por odiar homicidas, latrocidas, estupradores. E quem o odeia, portanto, milita em favor desses crimes. Ao menos uma militância através da leniência travestida de tolerância. Caracteriza-se, assim, uma militância em favor do mal.
Assim, chegamos à demonologia. Bolsonaro - de uma forma que eu, como católico, não vejo como canônica - expressa religiosidade, respeito pelo sagrado, inclusive em sua dimensão institucional.
Coloquemo-lo, pois, ao lado de hordas que invadem templos, urinam e defecam nos altares e nos púlpitos, desrespeitando um espaço que sequer é público. E aí? Esses sacrílegos e blasfemos odeiam Bolsonaro. Logo... novamente, a demonologia pode explicar.
No mais, eu me dei, muito antes de votar em Bolsonaro, ao trabalho de olhar seus projetos no Congresso Nacional. "Ah, ele não conseguiu fazer aprovar nenhum!" Nenhum? Fala-se de dois! "Kkkkkk..." Alguém se deu ao trabalho de ler ao menos uma ou outra ementa de alguns desses projetos?
Em um deles, temos: "Altera a Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014, que estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil, para vedar a oferta de pacotes com franquias limitadas de dados". Alguém contra?
Em outro, lê-se: "Dispõe sobre o uso compassivo da fosfoetanolamina sintética por parte de pacientes com câncer". Um semelhante: "Autoriza o uso da fosfoetanolamina sintética por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna".
Mais um, em favor da saúde - e do bolso - do cidadão: "Altera a redação do inciso XIV, do artigo 6º, da Lei nº 7.713, de 22 de novembro de 1998, que altera a legislação do imposto de renda e dá outras providências, para incluir os portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC - enfisema pulmonar, no rol de isentos de tributação".
Sobre segurança e responsabilidade no trânsito: "Requer seja criada Subcomissão Especial para Discutir a Mortalidade e as Consequências dos Acidentes de Trânsito no Brasil".
E esse, para coibir práticas de vandalismo: "Altera a redação do art. 65 e seu § 1º, da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, para agravar as penas do crime de pichação".
Procurei um projeto que fosse capaz de indicar preconceito racial e homofobia. Nada!
Enfim, só mesmo a psicologia, a demonologia e - esqueci - a ponerologia para explicar o ódio a um Presidente que, em sua vida parlamentar, não construiu um império econômico, nunca foi flagrado em restaurantes de luxo em Paris ou Nova Iorque, não tem apartamento na Avenue Foche nem na Park Avenue, não tira férias sequer em Cancun, sem falar de que não cometeu crime nem infração penal.
É um tosco, que não se debreia para as celebridades da vanguarda artística, mas, em compensação, não se envaidece por jamais haver lido um livro ou - pior - não desdenha da honestidade de um pobre coitado que, encontrando uma carteira recheada de dólares e tendo-a devolvido ao dono, recebeu do Ex-presidente Lula, mais uma recriminação do que um elogio pelo ato.
A meu ver, esse ódio foi sendo ensinado por gerações, nas escolas e universidades, no exercício da crítica jornalística, no cinema etc.
Esse ódio não é a Bolsonaro. Esse ódio é a qualquer um que não ame com devoção o socialismo. E o socialismo é intrinsecamente perverso, já advertiu um Papa.
Logo, quem ama o socialismo ama o mal e odeia os que o detestam. Pode-se discordar quanto aos meios de implantar-se o socialismo, à maneira do sociodemocratismo ou à maneira revolucionária. Mas nunca detestá-lo.
Paulo SValenca. Professor.

Jornal da Cidade