Quando nos referimos ao QUARTO PODER como sendo a mídia tradicional mas, sobretudo, a REDE GLOBO como o principal expoente desse conceito de poder paralelo (por deter a maior audiência, no modelo de comunicação “poucos para muitos”), levo em consideração o fato de que, ao longo dos últimos 31 anos, a grande Mídia foi irrigada por grandes volumes de recursos federais, e notadamente com expressivo volume nos 13 anos de PT no poder.
A Mídia de modo geral, ou de certa forma, sempre refletiu os interesses do poder constituído, do qual se beneficiava economicamente, e isso foi absolutamente visível na era PT quando em 12 anos de Lula e Dilma no Planalto, a GLOBO foi agraciada em 6,2 bilhões (contra 2 bilhões da Record, 1,6 bilhões o SBT e 1 bilhão a Band).
Indiscutivelmente o Governo foi (e eu disse foi), um grande cliente das mídias, em especial, da Globo (o que englobava outros canais desses grupos, não apenas a TV, mas principalmente ela).
Enfim, o sonho (ou diria a farra) acabou, visto que esses recursos, que certamente poderiam ser melhor aplicados em outras demandas da população: educação, saúde, saneamento, produtividade, por exemplo... para citar algumas de nossas principais carências: bastava que tivéssemos um governo sério e comprometido com a população, como passamos a ter à partir de 2019, para que esses investimentos fossem melhor alocados... mas agora o serão. Ademais, e isso é ainda um novo complicador para a grande mídia tradicional, o setor de mídia que representa investimentos da ordem de 44 Bilhões anuais (fonte CENP), está migrando de forma acelerada para o meio digital (principalmente com a integração dos canais), e isso permitiu o surgimento de novos canais e importantes canais, para reivindicar uma fatia desse gigantesco bolo.
Mesmo que esse imenso volume de Publicidade continua a existir no mercado como um todo, é pouco provável que no atual governo o orçamento da Secom venha a ser como já o foi no passado. Eles fazem parte da comunicação necessária que o governo, como cliente, precisa investir pontualmente, mas é menos do que o que se fazia para “comprar opinião”/“notícias”. Me refiro ao fato de que o ambiente jornalístico, que foi absolutamente contaminado por interesses corporativos e hoje representam ainda, ativismo política fortemente focado em represália ao Governo, que virou “desafeto”, já não é mais remunerado por isso e vai, certamente, ter muito mais com o que se preocupar daqui pra frente.
Em uma Democracia, é natural que os canais tenham suas tendências políticas, vemos isso diariamente nos EUA onde FOX News e a CNN, por exemplo, se posicionam em lados opostos, tradicionalmente. No entanto isso não é motivo para negligenciar a notícia ou dar-lhe um sentido diverso à realidade dos fatos, como o que passou a ocorrer no Brasil. Quando falamos em “Fake News”, podemos dizer que ninguém faz mais “fake news” do que a grande mídia tradicional (que também produz “factoides” que pode ser ainda pior), o que tem sido um motivo para seu descrédito, crescente, perante a sociedade (já não é tão fácil enganar a sociedade, como no passado, pois a grande “censura” é feita pelas próprias pessoas nas redes sociais).
Qualquer notícia “fake” não prospera pois além do processo de “curadoria pessoal” que tem sido estabelecido, a rede é veloz em desmentir ou questionar as notícias suspeitas. E quando são “factoides”, não falta quem os intérprete, os questione, os desmascare e compartilhe sua opinião, em rede.
Como disse, num ambiente Democrático temos canais mais à Esquerda, à Direita, ao centro ... sem que isso deva ferir o Pilar fundamental do jornalismo sério. Assim, testemunhamos o surgimento de “novos” canais pessoais e uma infinidade de Canais Formais independentes, que passaram a ter material farto para contestar as “notícias falsas” ou “maquiadas” pela “grande imprensa” que, ao que parece, ao dobrar a aposta, percebeu que não estávamos nos tempos em que eles “mandavam” no noticiário e, muito menos, na opinião pública, ou seja: “a casa caiu”!
Ano passado vi a seguinte afirmação do comediante Carioca, num programa de youtube: “a grande mídia está parecendo um motorista de taxi, reclamando do Uber”. Ou seja, ou a velha mídia se reinventa ou deixa de existir, é simples assim.
Entretanto, o grande palco da mídia e que continua a ser um reduto DE PODER está em pleno vigor e INTERFERE cada vez mais, na política e no poder. Todas as eleições de agora em diante (como vimos na última), vão ser determinadas pelas redes de comunicação, ainda mais do que antes, só que com muito mais pluralidade. Não por acaso, já existem “planos articulados” para “fazer a cabeça” da “molecadinha” que vai chegando para brincar.
“Quem viver... verá”!
JMC Sanchez
Articulista, palestrante, fotografo e empresário.
Jornal da Cidade