Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz foi preso na manhã desta quinta-feira em operação conjunta do Ministério Público do Rio de Janeiro e da Polícia Civil de São Paulo denominada Anjo, apelido do advogado de Flávio, Frederick Wassef. Queiroz e o senador são investigados pelo esquema da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio. Ele foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo e seguirá ainda hoje para o Rio, onde é investigado. Não houve resistência ou qualquer incidente no momento da prisão preventiva. O endereço onde Queiroz foi preso está em nome de Wassef, que atua também na defesa de Flávio no procedimento de investigação criminal.
O Tribunal de Justiça do Rio também expediu mandado de prisão contra a mulher de Queiroz, Márcia Oliveira de Aguiar. Mas ela ainda não foi localizada. Após a prisão, Queiroz foi levado para fazer exame de corpo de delito no IML e na sequência seguiu para o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) para cumprir trâmites formais do mandado de prisão antes de ser transferido para o Rio.
Delegado da Polícia Civil responsável pela operação que prendeu Queiroz, Osvaldo Nico Gonçalves afirmou à GloboNews que o portão da casa foi arrombado. Foram apreendidos dois celulares e documentos e um pequeno valor em dinheiro. Ele estava sozinho na casa.
Na decisão de 46 páginas, o juiz Flávio Itabaiana apresenta como um dos motivos dos pedidos de prisão a garantia da ordem pública e da aplicação da lei. Cita ainda que o casal estaria se escondendo há muito tempo, sem dados sobre o paradeiro de Queiroz desde sua alta do hospital, em São Paulo, após ser operado, até a prisão de hoje.
Por decisão da Justiça, o MP do Rio também cumpre mandados de busca e apreensão em diversos endereços da capital. Foi decretado segredo de justiça no caso. Um dos mandados foi cumprido em uma casa em Bento Ribeiro onde mora uma assessora de Flávio chamada Alessandra Marins.
Emprego de parentes
Ele esteve no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio entre 2007 e 2018 e, no período, emplacou sete parentes na estrutura. Entre os parentes de Queiroz investigados junto com ele, estão a mulher, a enteada e duas filhas, uma delas é a Nahtalia Queiroz, conhecida por ser personal trainer.
Além da prisão de Queiroz, o MP-RJ obteve na Justiça a decretação de medidas cautelares que incluem busca e apreensão, afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas. São eles o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho; os ex-funcionários da casa legislativa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins; e o advogado Luis Gustavo Botto Maia.
Alvo principal desta quinta-feira, Queiroz se tornou investigado após o Conselho de Controle de Atividades Financeiras enviar um relatório mostrando uma “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, entre 2016 e 2017.
Questionado sobre a movimentação atípica em sua conta, Fabrício de Queiroz afirmou que suas transações financeiras eram fruto da compra e venda de veículos usados. Porém, além da movimentação de R$ 1,2 milhão, o ex-assessor da Alerj também entrou no radar do Coaf por outros R$ 5,8 milhões movimentados nos últimos três anos. Somados, os valores somam transações atípicas de R$ 7 milhões.
Juliana Dal Piva e Chico Otavio, O Globo