Governador ameaçou processar grupo afirmando que eles invadiram a unidade do Anhembi; hoje, com a presença de senador, eles visitaram hospital em Guarulhos
Em 2 de abril, as camas do Hospital de Campanha do Anhembi estavam assim. Em 6 de junho também. | Foto: Edson Lopes Jr./Secom
Os deputados estaduais do grupo Parlamentares em Defesa do Orçamento (PDO) foram ameaçados nesta segunda-feira pelo governador João Doria com um processo por, segundo ele, terem “invadido” o Hospital de Campanha do Anhembi no dia 6 de junho.
Como mostrado em Oeste, boa parte da unidade, administrada pelo Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), não está sequer finalizada: as camas não tem colchões e nem um teto além do que existe no próprio pavilhão de exposições foi feito.
Ao saberem da ameaça, os deputados reagiram.
“Nós do PDO continuaremos fiscalizando todos os gastos do governo estadual”, afirmou o coronel Telhada (PP). “O governador não vai intimidar nosso trabalho e impedir que façamos nossas obrigações institucionais”.
Nesta segunda-feira, o grupo, junto ao senador por São Paulo, major Olímpio (PSL), esteve no Hospital de Campanha de Guarulhos, uma das cidades com maior taxa de ocupação de UTIs do Estado.
“Nosso trabalho no PDO é muito técnico e querem politizar esse trabalho”, lamentou o deputado Márcio Nakashima (PDT). “Ninguém gosta de ser fiscalizado e mostrar a realidade do que está acontecendo”.
Cabe lembrar que no contrato emergencial fechado com a Prefeitura de São Paulo, a Iabas — que é investigada no Covidão Fluminense e que teve seus contratos desfeitos no Rio de Janeiro — recebe R$ 5 milhões por mês para gerir 1,5 mil leitos no Anhembi, o que não está acontecendo, como pôde ser verificado pelas imagens produzidas pelos parlamentares na visita, autorizada pelo secretário municipal de saúde, Edson Aparecido.
Para o senador, o jogo deve virar: “Doria não consegue explicar nada! O que tem que ser criminalizado, são as condutas do governador, nesse momento da pandemia com o uso do dinheiro público”, aponta major Olímpio. “É ele que tem que se explicar, e não os deputados que estão na sua missão de fiscalizar”.
Roberta Ramos, Revista Oeste
