segunda-feira, 29 de junho de 2020

A economia começou a acordar em junho, diz Paulo Skaf




O presidente da Fiesp declara que não vê vantagens em adiar as eleições municipais para novembro ou dezembro desde ano
A economia começou a acordar em junho, disse o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Paulo Skaf. Pelo seu palpite, a economia brasileira deve cair 6% em 2020 –nível que não será revertido integralmente em 2021.
Skaf declarou que o novo coronavírus, que provoca a covid-19, não “vai embora tão cedo” e que espera a produção de uma vacina capaz de prevenir contra a doença.
O presidente da Fiesp acompanha de perto com o Ministério da Saúde a evolução da vacina que está sendo estudada pela Universidade de Oxford e que governo brasileiro pode ser 1 dos produtores.
“Mas até que isso [produção de uma vacina eficaz] aconteça ainda haverá alguns meses. Nós vamos ter que nos adaptar e retomar a vida com os devidos cuidados, sempre priorizando a saúde, mas tocando e fazendo com que a roda da economia volte a girar”, afirmou em entrevista ao jornalista Fernando Rodrigues, apresentador do programa Poder em Foco, uma parceria editorial do SBT com o jornal digital Poder360.
Assista à entrevista gravada em 25 de junho de 2020 (48min52seg):
Paulo Skaf, 64 anos, foi eleito presidente da Fiesp pela 1ª vez em 2004 e tem dedicado a carreira ao setor industrial. Foi candidato 3 vezes ao governo de São Paulo: 2010, 2014 e 2018. No 1º ano, estava filiado ao PSB e ficou em 4º colocado –atrás de Geraldo Alckmin (eleito), Aloizio Mercadante e Celso Russomano.
Em 2011, foi para o MDB a convite do ex-presidente e então vice-presidente Michel Temer. Tentou novamente assumir o Palácio dos Bandeirantes, mas ficou em 2º lugar, perdendo mais uma vez para Alckmim.
Também pelo MDB, ficou atrás de João Doria (eleito) e de Márcio França na 3ª tentativa ao governo paulista.



Na entrevista ao Poder em Foco, Skaf demonstrou preocupação com o transporte público como possível vetor do aumento da infecção da covid-19, em especial no caso de São Paulo. Declarou que empresas e pessoas cumprem medidas de higiene e proteção, mas que é necessário 1 protocolo rigoroso para a locomoção dos passageiros.
Para ele, o transporte público pode “estragar tudo” na retomada econômica.
“Tem que haver providências fortes”, declarou. “Tudo com planejamento é possível, não tem o menor problema. Ter mais recursos de ônibus, de trens, metrô, aumentar a capacidade de transportar a população. Então, de 1 lado maximizar a capacidade de transporte e de outro lado planejar, de forma escalonada, que realmente não deixe que aconteça aqueles chamados horário de pico”.
Ônibus, metrôs e trens lotados podem estragar a retomada da economia ao ser grande foco de disseminação do coronavírus, segundo Paulo Skaf. Para ele, é necessário diluir a aglomeração nos horários de pico e adotar medidas de segurança.

RECUPERAÇÃO ECONÔMICA

Assim como o BC (Banco Central) e o ministro Paulo Guedes (Economia) têm defendido, Skaf sinaliza que o fundo do poço da economia já passou. Disse que o Brasil e o mundo já tratam da retomada econômica como algo próximo. De acordo com ele, o país está preparado para voltar a produzir e reabrir a economia.
“O vírus não vai embora tão cedo. Ele vai ficar um tempinho aí. Espero, se Deus 




quiser, que essa vacina que foi desenvolvida pela Universidade de Oxford, que me parece que está em fase final de testes, […] dê 1 bom resultado, que a gente realmente combata a causa do problema e fiquemos livre desse vírus aí, desse inimigo”, afirmou o presidente da Fiesp.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse na 6ª feira (26.jun.2020) que a vacina para a covid-19 em estudo em Oxford é uma das mais promissoras em desenvolvimento, mas sinalizou que o processo de produção e distribuição pode levar 1 ano. Ou seja, a prevenção contra a doença seria em meados de 2021.
Dessa forma, a reabertura da economia deve acontecer, mas com medidas de prevenção para evitar o aumento de casos vírus. “Nós vamos ter que nos adaptar e retomar a vida nos devidos cuidados, sempre priorizando a saúde, priorizando o cuidado com a saúde. Mas tocando e fazendo com que as coisas aconteçam e que a gente vá retomando, fazendo com que a roda da economia volte a girar”, declarou.
Sobre as medidas de isolamento social adotadas nos Estados, em especial em São Paulo, ele defendeu que não é momento para discutir “leite derramado” –se foram corretas ou incorretas. Mas também disse que não é possível ter 1 critério único para 645 municípios do Estado, dada a diferença de realidades em cada local.
“Não poderia ter sido tudo tratado de forma horizontal. Mas isso já passou. Nesse momento, há uma retomada parcial na maior parte das regiões de São Paulo. A preocupação agora é realmente acentuar essa retomada por responsabilidade”, disse Paulo Skaf.
A falta de responsabilidade são os transportes públicos cheios em horários de pico, segundo o presidente da Fiesp. Ele propõe “dissolver” a alta frequência de pessoas em certos horários.
O mesmo vale para o setor shopping center de São Paulo que está com o funcionamento em período reduzido. Ele criticou as medidas que permitem a abertura dos espaços a partir de 16h.
“Está concentrando naquele horário o transporte, a aglutinação de pessoas. Seria muito melhor se abrisse 12 horas, das 10 horas da manhã às 10 horas da noite, que não tivesse naqueles horários de pico”, afirmou. Skaf indicou que os erros nas medidas são naturais de 1 período singular que o país vive, mas que cabe aos responsáveis “perceberem e corrigirem”.
A Fiesp fez 1 plano de retomada que vale para todo o setor industrial. A produção do material começou no iniciou de abril e posteriormente foi encaminhado para o setor produtivo e as autoridades públicas federais, estaduais e municipais.
“Quem desenvolveu isso foi 1 grupo multidisciplinar, pegando exemplo de 14 países. E esse [trabalho] é uma referência. Esse é 1 trabalho em que serve para todos. Cada 1 se adapta dentro dele, mas as linhas gerais estão lá”, declarou.
Skaf afirmou que a população e as empresas estão conscientes em relação ao uso de máscaras e distanciamento social.

RETOMADA EM NÍVEIS

O presidente da Fiesp afirmou que, com os devidos cuidados, a economia vai reaquecer, mas o processo de recuperação é incerto e não linear. Há setores que não pararam, como, por exemplo, os alimentícios e farmacêuticos.
“Os supermercados estiveram abertos, as farmácias estiveram abertas. Esses setores não estão retomando. Eles continuam trabalhando e seguindo com bom exemplo”, disse Paulo Skaf. As indústrias desses setores se moldaram às novas exigências de prevenção no período de pandemia.
Também exemplificou o agronegócio como setor “pleno” economicamente ao manter as exportações.
“Alguns setores rapidamente vão voltar a pleno. E alguns setores é bem imprevisível. Podem levar 1 pouco mais de tempo, mas eu creio que daqui até o final do ano é 1 bom tempo para a recuperação. Penso que os setores que vão sentir mais e podem demorar mais, até por mudança de costumes, podem ser companhias aéreas, restaurantes, hotéis”, declarou Paulo Skaf.
Também há outros segmentos que passarão por processo mais longo de voltar ao nível de atividade no período de pré-pandemia. São os empreendimentos que não tinham como vender porque a distribuição e as lojas estavam fechadas.
“Em geral automóveis. Esses, sim, estão retomando. Automóveis, no mês de abril, não se produziu nada. Começou a retomar 1 pouco em maio e agora em junho. Realmente o mês de junho a gente sente que a economia voltou a acordar no mês de junho”, declarou.

PIB: QUEDA DE 6%

Skaf disse que a economia no Brasil deve ter 1 recuo em torno de 6% em 2020. Afirmou que a estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) para o ano, de retração superior a 9%, é superestimada.
“Para o ano que vem, naturalmente com essa queda forte que aconteceu este ano, nós vamos ter um início de recuperação, mas será modesta. Não creio que teremos um crescimento significativo para o ano que vem. Mas há possibilidade de se crescer 2% ou 3%. Vai recuperar o decréscimo deste ano no ano que vem? Eu acho que, totalmente, é possível que não. Mas parte dele nós vamos recuperar o ano que vem, sim”, projetou.
Sobre a recuperação, ele não aposta nem em recuperação em “V” nem em “U”, que são representações gráficas de atividade econômica. Na 1ª, a economia tem forte queda, mas retoma de forma mais célere.
Em “U”, o processo de retomada é mais lento até atingir o nível pré-crise.
“Eu acho que no caso do Brasil vai ser a média dos dois. Nem em U e nem em V. Nem nós vamos ter uma recuperação acelerada e nem vamos ter uma aceleração lenta. Eu acho que as coisas vão acontecer de uma forma gradativa, e vai tomando velocidade. Se você me pergunta se eu estou pessimista, eu vejo muitas vezes comentaristas, até [comentaristas] internacionais falando que a recuperação pode durar 2, 3 anos. Não é isso que eu acredito”, disse.





Mas ressaltou que o grau de recuperação é incerto. “Nós entramos no campo do desconhecimento há meses. Entramos no campo do desconhecimento na saúde, quando fomos pegos de surpresa por essa pandemia, temos um inimigo desconhecido. Estamos no campo do desconhecimento na economia, dessa parada, das quarentenas, lockdown e tudo isso que não estávamos acostumado. E agora com essa retomada é um campo de desconhecimento também”.

MUDANÇA NO SETOR IMOBILIÁRIO

Com o aumento do trabalho por home office, o setor de imóveis e aluguéis de escritórios deve passar por uma transformação e aperto financeiro. Empreendimentos anunciaram a redução dos serviços presenciais de empregados e se adaptaram às videoconferências.
Prédios corporativos nas ruas paulistanas, como a Avenida Paulista e a Faria Lima, podem sofrer com a mudanças de costumes. Paulo Skaf defendeu que o processo já estava em percurso com as novas tecnologias, mas que foi acelerado com a pandemia de covid-19.
“Eu diria que, de certa forma, a pandemia foi 1 catalisador de alguma coisa que já estava acontecendo. E já havia realmente essa preocupação de espaços, das pessoas trabalharem em casa, trabalharem mais em espaços menores, terem mais eficiência”, disse.
Afirmou que ainda é cedo para fazer previsões, mas que este e outros setores não vão voltar a ser iguais como no período pré-pandemia. “Sem dúvida isso vai transformar a vida de todos nós, os costumes de todos nós. E vai afetar, sem a menor dúvida, alguns mercados, alguns setores que vão ser afetados negativamente e outros positivamente. Vai ser oportunidade para uns e prejuízo para outros”, pontuou.

SINAIS DE OTIMISMO

Apesar de todas as dificuldades, Skaf falou que até dezembro há 1 tempo hábil para conseguir “acomodação e recuperação”“Eu espero que a gente, no final deste ano, já sinta 1 novo horizonte da economia brasileira, não só industrial, comercial e principalmente a retomada de empregos antes disso. Creio que já já nós vamos estar empregando”, disse.
Os sinais de retomada estão mais fortes neste mês, segundo o presidente da Fiesp.
De acordo com ele, houve redução de 1,1 milhão de empregos formais em março e abril e de quase 1,5 milhão de informais no mesmo período.
“Em maio, não há números oficiais ainda, mas nós não temos dúvida que também vai ser registrado 1 grande número de aumento de desemprego tanto formal quanto informal. A partir deste mês de junho, nós estamos sentindo a possibilidade de uma redução. Mas é 1 chutômetro”, declarou Paulo Skaf.
A Fiesp faz pesquisas de confiança, de investimento e atividade para medir o otimismo do setor. Na sondagem de junho, verificou que houve alta de 8 pontos no índice de confiança do empresário industrial –passando de 29,9 para 37,9 pontos. Ainda assim, está muito abaixo da média histórica (50 pontos) e do mesmo mês de 2019 (53,6 pontos).
“Essa pesquisa está muito melhor que a de maio, que foi melhor que a de abril. Então, eu diria que a gente está começando uma recuperação a partir do mês de junho. Agora, a velocidade dessa recuperação está dependendo muito do comportamento do consumidor, do que vai acontecer com a abertura gradativa do comércio, do conjunto das coisas”, afirmou o presidente da federação.
Ele disse que a retomada do consumo é incerta porque 10 milhões de pessoas





autônomas no Brasil ficaram sem rendimento durante a pandemia. Não disse a fonte dos dados. Também afirmou que milhões de trabalhadores perderam empregos e outros tiveram redução salarial com mudanças no contrato de trabalho.
O relatório de inflação do Banco Central estima que o consumo das famílias vai cair 7,4% em 2020.

CRÉDITO É PRIORIDADE

Paulo Skaf também comentou as medidas de incentivo aos empréstimos para as empresas, principalmente para as pequenas e médias. Parte do setor produtivo critica a dificuldade de ter acesso às operações de crédito, principalmente nos bancos privados.
Em maio, o Banco Central mostrou que houve redução no nível de concessões de financiamento no mês em comparação com abril. Caíram 3,3% no período, chegando a R$ 289 bilhões.
“O que precisa é velocidade, porque a empresa não quer ouvir anúncio. Ela quer ir num banco e sair com dinheiro no caixa dela para pagar os compromissos dela”, afirmou.
Skaf disse que a única forma de destravar o crédito é ter a garantia do pagamento por parte Tesouro Nacional. No início de junho, o governo federal anunciou medida que Skaf defende.
Também argumentou que não faltou criatividade das autoridades públicas. “Faltou velocidade”, declarou.
“Naturalmente, durante a tempestade neste momento, para minimizar esse risco, uma das coisas que está faltando é crédito. A indústria, o comércio, as empresas estão precisando de crédito”, afirmou.
As intenções são muito boas, segundo ele. Comentou foram feitos vários avanços, como no FGI (Fundo Garantidor para Investimentos), FGO (Fundo de Garantia de Operações), Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), o empréstimo para o financiamento da folha.
A dispensa do CND (certidão negativa de débito) para a obtenção de financiamento foi 1 dos pontos de melhoria para acesso ao crédito, segundo ele. Mas outras regras de empréstimo não tiveram bom início.
“O financiamento da folha começou emperrado. Eu diria que desemperrou. Hoje, 60% das empresas que procuraram 1 banco conseguiram tomar. Melhorou bastante. Os primeiros 15 dias eram 3%. […] Os bancos são restritivos de crédito. Numa pandemia, imagine só. Então só tem uma forma de ter crédito: com garantia do Tesouro”, falou o presidente da federação de indústrias.
Os dispositivos para desalavancar as operações no sistema financeiro também demoraram para serem efetivados no país. Algumas mudanças precisaram passar no Congresso, regulamentações e adaptação do setor financeiro.
“Como essa história já começou há 3 meses, quem tinha caixa [para pagar as dívidas] já era. Então, agora é crédito, crédito, crédito. Tem que irrigar de crédito para dar o oxigênio para não haver mortalidade de empresa. Uma coisa é passar uma dificuldade e depois se recuperar. Mas se você deixar o oxigênio zerar, e aí a empresa morrer, junto com ela vão os empregos e isso seria muito ruim para o Brasil”, destacou.
Ele também falou dos juros altos cobrados no Brasil. Disse que o custo do FGI é 1,2% ao mês. “Isso dá 15,4% [ao ano]. E mais uma taxa para o fundo garantidor, 






que se fala 4%, 5%. Isso é 1 absurdo. Com [a taxa básica de juros] Selic a 2,25% [ao ano], com inflação em torno de 1 e pouco, você vai pagar no meio de uma pandemia 15%, 20%. Aí você não mata a empresa agora para ela morrer depois”, criticou.
Skaf disse que a Fiesp tem discutido o tema no Congresso para tentar diminuir a cobrança. “Tudo é uma grande luta”, declarou.
Paulo Skaf reuniu-se com o ministro Paulo Guedes (Economia) e o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano, para tratar do crédito com garantia do Tesouro. A instituição financeira fará a operacionalização.
“Nada mais importante no curto prazo do que o crédito. E nada mais importante no médio e longo prazo do que uma agenda propositiva de retomada com reformas. Enfim. Olhar pra frente e tocar o barco”, disse.

APOIO AO PRESIDENTE

A Fiesp não apoia nenhum presidente ou partido, segundo Paulo Skaf. Mas disse que a agenda de governo do presidente Jair Bolsonaro casou com o que a federação defende há anos na economia brasileira.
“Defendemos sempre reformas, a aprovação de reformas estruturais. E elas estão acontecendo. O Marco do Saneamento é 1 exemplo agora recente. Sempre defendemos juros baixos. Nós estamos com os juros mais baixos da história. Eu estou me referindo à taxa Selic. Sempre defendemos a desburocratização. Muito avanço nesse sentido aconteceu”, declarou.
Paulo Skaf declarou que a federação está do lado da modernidade e que isso não se trata de uma questão política. “Se trata, sim, de uma visão de país. Quando nós temos o governo, seja ele federal, estadual, municipal, que defenda uma agenda que coincida com a nossa agenda, com a nossa visão de bem para o país, eu nem me refiro o bem só da indústria”, declarou.

BOLSONARO É COMPETITIVO

Questionado se Bolsonaro seria eleito se as eleições fossem hoje, ele disse que o presidente é competitivo no cenário atual.
“Eu não vejo nenhum outro candidato que tenha competitividade e, vamos dizer, o apoio que ele tem. Não existe outro nome. E isso quem diz são as pesquisas. […] Mas ele não é candidato hoje, ele será possivelmente, isso também precisa perguntar para ele, mas eu imagino que ele vá ser candidato à reeleição“, afirmou.
Na visão dele, não é possível sequer prever as eleições municipais deste ano, quanto mais o pleito presidencial de 2022.





Há pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro no Congresso Nacional. Ele avalia que os congressistas não podem dar prosseguimento ao processo porque o país vive uma pandemia.
“Em meio a isso tudo e com a ânsia da necessidade de o Brasil de retomar o crescimento, agora uma confusão política só serviria para atrapalhar tudo isso. Então, totalmente inoportuna uma coisa dessa. Naturalmente, eu creio que qualquer pessoa de bom senso vai enxergar esse cenário da forma que eu estou falando”, afirmou Paulo Skaf.
Ao ser perguntado sobre uma eventual reeleição do governador de São Paulo, João Doria, o cenário se inverte. “As pesquisas mostram que não tem uma boa avaliação, não”, afirmou. “Mas, por outro lado, nós temos que levar em conta que também estamos num momento atípico em todos os sentidos e eu acho que a gente não pode fazer certas análises também com uma confusão toda no meio de uma pandemia”. 

SEM APETITE PARA POLÍTICA

Paulo Skaf disse estar “sem apetite” para política. Vinculado ao MDB, afirmou que não tem nenhuma atuação formal no partido além do registro oficial. Candidatou-se 3 vezes ao governo de São Paulo, mas não conseguiu assumir o comando do Palácio do Bandeirantes.
Afirmou que não pensa em concorrer às eleições para a Prefeitura de São Paulo, “principalmente num momento como este”, de problemas de pandemia, sociais, econômicos e outros.
“Não só não sou candidato a nada como não tenho tido nenhuma iniciativa  no campo político e não tenho tido paciência e nem vontade nenhuma de falar de política nesse período. […] Eu estou sem apetite nenhum para discutir política”, declarou o presidente da Fiesp.
Questionado se sairia do MDB, ele disse que não se desfiliou, mas parou de ser atuante. “Eu estou totalmente desligado da área política e com outras prioridades que, na minha visão, são prioridades que hoje o Brasil e as necessidades nos impõem”. 

MARCO DO SANEAMENTO E REFORMAS

Paulo Skaf comentou agendas que tramitam e passaram no Congresso Nacional, como o marco do saneamento. Disse que é uma pauta “fundamental” que já


estava em discussão há quase duas décadas.

Sobre a relação do governo federal com o Legislativo e a força que o Poder Executivo tem para aprovar leis, disse que há uma conscientização e sensibilidade dos congressistas.
“Eu penso que nós estamos vivendo o momento que o equilíbrio entre os Poderes, o entendimento, a prioridade é o interesse do Brasil. Essa aprovação do Marco do Saneamento é uma coisa que não é para beneficiar nem o governo e nem o Congresso. É para beneficiar o Brasil”, declarou.
Sobre outras reformas, como a administrativa –que altera o funcionamento do setor público– e a tributária, afirmou que são temas que devem voltar à discussão ainda em 2020, mesmo com o calendário eleitoral e a pandemia de covid-19.
“Nós fomos pegos aí por 1 acidente de percurso que não foi coisa nossa. Foi força do destino. Agora, passou. Vamos agradecer a Deus, olhar para frente e vamos promover as reformas, voltar a trabalhar, acreditar e tocar o barco para frente”, declarou o presidente da Fiesp.“Tem que haver uma conscientização de todos. O Brasil não vai poder esperar para retomar uma agenda positiva, futura, de retomada, de reformas ano que vem. Nós vamos ter que começar a fazer isso imediatamente”.

POSTERGAR A ELEIÇÃO

Na opinião do presidente da Fiesp, não haverá muita diferença em realizar as eleições municipais em outubro, em novembro ou em dezembro. “Sinceramente, não sei se muda muita coisa. Talvez, diante clima todo que nós vivemos e de outras prioridades, se tivesse a oportunidade deste ano não haver preocupação com eleições e nós termos as eleições gerais todas em 2022, poderia ser até uma situação ideal. Mas isso eu sinto que não vai acontecer”, frisou.

QUEM É PAULO SKAF

Paulo Skaf, 64 anos, foi eleito presidente da Fiesp pela 1ª vez em 2004 e tem dedicado a carreira ao setor industrial. Foi candidato 3 vezes ao governo de São Paulo: 2010, 2014 e 2018. No 1º ano, estava filiado ao PSB e ficou em 4º colocado –atrás de Geraldo Alckmin (eleito), Aloizio Mercadante e Celso Russomano.
Em 2011, foi para o MDB a convite do ex-presidente e então vice-presidente Michel Temer. Tentou novamente assumir o Palácio dos Bandeirantes, mas ficou em 2º lugar, perdendo mais uma vez para Alckmim.
Também pelo MDB, ficou atrás de João Doria (eleito) e de Márcio França na 3ª tentativa ao governo paulista.
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