domingo, 28 de abril de 2019

Socialistas vencem na Espanha, mas não chegam a maioria, diz apuração

MADRI
Os socialistas venceram as eleições parlamentares da Espanha neste domingo (28), mostram os dados da apuração oficial, mas não conquistaram maioria para governar sozinhos.
O primeiro-ministro espanhol e líder do PSOE (partido socialista), Pedro Sánchez, ao votar na eleição parlamentar - Javier Soriano/AFP
Já seu principal rival, o Partido Popular (PP, de direita), pode ter sofrido um revés histórico, vendo sua bancada encolher em torno de 50%.
Os resultados também confirmam a entrada no Congresso de deputados do Vox, a primeira legenda de ultradireita a chegar ali desde o fim da ditadura de Francisco Franco, em 1975.
Mas não se concretizou, ao que parece, a onda de conservadorismo radical que, segundo analistas, poderia alçar a sigla novata ao terceiro lugar, à frente de Cidadãos (centro) e Podemos (ultraesquerda).
Outro destaque é o alto comparecimento do eleitorado, de 75%, o maior desde 2004 (houve quatro pleitos desde então).
Com 94% das urnas apuradas, o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) teria 123 cadeiras na próxima legislatura, um crescimento expressivo em relação às 85 atuais e a melhor marca desde 2008.
O desempenho, se confirmado, legitima Pedro Sánchez como líder partidário. Derrotado nas eleições gerais de 2015 e 2016, que não produziram maiorias claras para formar governo, ele queria um terceiro embate com o então premiê, Mariano Rajoy (PP).
Foi forçado por correligionários a recuar do plano e acabou deixando o comando da agremiação. Voltou no ano seguinte, impulsionado pela base, e conseguiu, em junho de 2018, fazer aprovar uma moção de desconfiança na gestão Rajoy que o transformou em primeiro-ministro.
Dito isso, Sánchez vai precisar do apoio do Podemos e de outras legendas menores (algumas das quais ligadas ao separatismo catalão, o que deve dificultar as conversas) para governar pela segunda vez.
O partido de esquerda radical sofreu um baque semelhante ao do PP, passando dos atuais 71 deputados para 42.
No campo da direita, o Partido Popular teria 65 assentos no próximo Congresso, contra 137 hoje. Tudo indica que será a pior performance da história do establishment conservador espanhol.
Criado em 2013 por egressos do PP, o Vox adentra o Legislativo nacional com 24 deputados, marca vigorosa, porém inferior à que as pesquisas mais recentes apontavam (entre 29 e 27).
Na centro-direita, o Cidadãos, que buscou durante a campanha se posicionar como “o” partido para quem desejasse desalojar Sánchez do Palácio da Moncloa (sede do governo), deve passar de 32 cadeiras a 57, fortalecimento que, no entanto, não será suficiente para desbancar o tradicional PP.

Lucas Neves, Folha de São Paulo