segunda-feira, 14 de maio de 2018

Novo estudo revela a idade ideal para aprender um novo idioma

De acordo com a comunidade científica, o aprendizado de uma língua
 estrangeira deve ser estimulado desde os primeiros meses de vida
(//iStock)


Segundo o Massachusetts Institute of Technology, é a aos 10 anos de idade, mas a habilidade pode ser mantida até aos 18 anos


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A melhor idade para começar a aprender um novo idioma é por volta dos 10 anos, indica estudo divulgado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. De acordo com a BBC, a pesquisa, publicada na revista Cognition, ainda revelou que, ao contrário do que se acreditava anteriormente, os adolescentes conseguem manter esta aptidão até os 17 ou 18 anos, mas após este período torna-se praticamente impossível alcançar proficiência similar ao de um  nativo.
Já havia um consenso dentro da comunidade científica de que praticar o bilinguismo (ou mesmo o multilinguismo) desde os primeiros anos de vida pode estimular o cérebro e o desenvolvimento das habilidades essenciais à vida adulta, como, por exemplo, a concentração e o controle emocional. Entretanto, o estudo do MIT revelou agora o melhor período para aprender outras línguas. “Há comprovadamente um declínio de aprendizado após os 10 anos de idade”, contou Joshua Hartshorne, professor de Psicologia e co-autor da pesquisa, em comunicado.

Idade Gramatical

Os resultados da pesquisa foram recolhidos através de um teste gramatical (em inglês), realizado via Facebook, que contou com a participação de quase 370.000 pessoas de diferentes idades e nacionalidades. As perguntas do quiz visavam testar a capacidade dos participantes de determinar se frases em inglês estavam gramaticalmente corretas.
Outros pontos também foram explorados pelo teste, como a idade dos participantes, há quanto tempo estudavam inglês e de que forma estudavam o idioma (se eles haviam se mudado para um país de língua inglesa, por exemplo). A maioria dos participantes (cerca de 246.000) cresceram ouvindo apenas inglês, enquanto os demais eram bilíngues ou multilíngues, de origens finlandesa, turca, alemã, russa ou húngara, por exemplo. A maior partes deles tinha 20 e 30 e poucos anos.
Os pesquisadores confirmaram através da análise dos dados que o aprendizado gramatical de um idioma é maior durante a infância, podendo se estender até a adolescência. A partir da vida adulta, torna-se mais difícil a absorção da gramática.

Difícil, mas não impossível

Apesar de não saberem explicar porque ocorre um declínio nas habilidades de aprendizado aos 18 anos, os cientistas acreditam que isso acontece porque o cérebro fica menos mutável ou adaptável na vida adulta. “Pode ser uma mudança biológica ou algo social ou cultural.  Em geral, a idade de 17 e 18 anos é o período em que muitas sociedades deixam de considerar uma pessoa menor de idade. Depois disso, os jovens muitas vezes saem de casa, ou talvez começam a trabalhar em tempo integral ou vão estudar algo específico na universidade. Tudo isso pode afetar o ritmo de aprendizado de qualquer idioma”, explicou Josh Tenenbaum, co-autor do estudo.
Felizmente, os pesquisadores informaram que mesmo com as dificuldades, os adultos são capazes de adquirir um bom conhecimento de uma língua estrangeira. Além disso, cientistas que não participaram da pesquisa salientaram que o estudo do MIT trabalhou apenas com o aspecto gramatical da linguagem. “Você pode ser um excelente comunicador, mesmo sem ser um falante nativo ou mesmo sem acertar a gramática de todas as sentenças”, disse Danijela Trenkic, professora da Universidade de York, no Reino Unido.
O MIT explicou que o teste online permitiu a equipe diagnosticar o conhecimento idiomático de milhares de pessoas em diferentes estágios de aprendizagem, o que possibilitou a obtenção de dados suficientes para chegar a conclusões significativas. “Há muitas outras coisas que ainda podem ser analisadas. Queremos atrair a atenção de outros cientistas para o fato de que esses dados estão disponíveis e podem ser usados”, comentou Hartshorne.
Ainda que as informações coletadas sejam variadas, tornando a pesquisa mais confiável, estudos realizados anteriormente sugerem que entrar em contato com uma língua diferente durante a vida adulta pode retardar doenças cerebrais, como a demência. Portanto, mesmo quem já passou dos 18 anos deve continuar estudando outros idiomas.