
— O spread deve começar a ceder, mas não na velocidade em que a Selic e o CDI caíram. O estreitamento desse spread só vai começar a aparecer no segundo semestre, quando o volume de empréstimos para pessoas físicas, e pequenas e médias empresas, ficar maior — argumenta João Augusto Salles, economista da Lopes & Filho Consultoria.
A taxa básica de juros da economia, a Selic, saiu de um patamar de 14,25% ao ano, em outubro de 2016, para os atuais 6,50%, com chance de ao menos mais um corte este ano.
O CDI, que serve de referência nas operações interbancárias, acompanha de perto a Selic e, por isso, também sofreu forte redução. Como os spreads não recuaram na mesma proporção, passaram a pesar mais na taxa final paga pelo tomador de crédito.
SELIC BAIXA RESTRINGE GANHO NO MERCADO
De acordo com dados do Banco Central (BC), a taxa de juros média no Brasil era de 26,2% ao ano em março, considerando-se operações a consumidores e empresas. Desse total, o spread representava 20 pontos percentuais. Em 12 meses, houve queda de 3,8 pontos percentuais, enquanto a Selic recuou 5,75 pontos nesse período.
Os analistas lembram que, apesar da retomada da economia, os bancos continuam seletivos na hora de emprestar dinheiro, o que faz com que a expansão do crédito demore a ganhar tração. Com os juros elevados, isso não é um problema, porque eles deixam de emprestar o dinheiro e fazem operações no mercado, por meio da tesouraria, o que garantia parte dos lucros bilionários. Mas a Selic em um dígito não permite que esses os ganhos de tesouraria cresçam — por isso a queda dos spreads é adiada em um ambiente de concentração bancária ainda elevada.
Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Rating, espera que os spreads caiam um pouco até o fim do ano, mas não de forma abrupta. Isso porque os bancos argumentam que, para que isso ocorra, são necessárias algumas reformas microeconômicas, como a aprovação do cadastro positivo.
— O que temos é um cenário de pouco crédito e juros altos, o que é desfavorável ao crescimento. E mesmo com o crédito patinando há três anos e a economia ruim, os lucros dos bancos cresceram, o que mostra o peso do spread e das receitas de serviços — avalia.
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