Por questões de segurança, Moro decidiu manter o empreiteiro na carceragem da Polícia Federal e se recusou a enviá-lo ao presídio
Depois de VEJA ter revelado que o empreiteiro Léo Pinheiro citou o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), nas negociações de sua delação premiada, o procurador-geral da República Rodrigo Janot decidiu suspender o acordo com o empresário e jogou no lixo revelações cruciais sobre o esquema de corrupção instalado na Petrobras. VEJA revelou o teor de sete anexos que detalham a conta clandestina que abastecia os cofres do ex-presidente Lula, o caixa dois para a campanha de Dilma Rousseff e escancaram a cobrança de propina de um operador do senador Aécio Neves (PSDB) e o recolhimento de dinheiro em espécie no governo de José Serra. Mas a delação continuou paralisada.
Agora um aceno do juiz federal Sergio Moro pode contribuir para que o empreiteiro possa voltar a revelar o que sabe. O magistrado decidiu manter o empresário na carceragem da Polícia Federal em Curitiba e, por questões de segurança, se recusou a enviá-lo ao presídio onde estão os demais condenados no petrolão. O motivo é a promessa de Léo Pinheiro de dar continuidade a depoimentos comprometedores sobre o esquema de corrupção, sem poupar ninguém. “Quero colaborar, Excelência, no que eu puder, e agindo exatamente como agi aqui, eu sei dos crimes que eu cometi, não estou fugindo de nenhum deles, direi todos que eu cometi, e seja quem for do outro lado”, disse o empresário a Sergio Moro.
“As divulgações, fundadas ou não, da possibilidade de José Adelmário Pinheiro Filho vir a celebrar acordo de colaboração premiada, aliada ao potencial e à extensão das informações que reuniria, recomenda prudência e, por conseguinte, a manutenção dele, no presente momento e para segurança dele, na carceragem da SR/DPF/PF [Polícia Federal]”, decidiu o juiz.
O Ministério Público insistia para que o ex-chefe da OAS fosse direto para o Complexo Médico-Penal, onde estão presos condenados do calibre de Marcelo Odebrecht e José Dirceu. Pinheiro, já condenado a mais de 16 anos de prisão, foi preso novamente em setembro da Lava Jato. Desta vez, por integrar um esquema de cobrança de propina para que empreiteiros fossem blindados em uma CPI mista da Petrobras no Congresso.