segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Bolsa sobe 11,2% no mês e fecha perto de 65 mil pontos

JULIANA GARÇON  e  RENNAN SETTI - O Globo

Dólar comercial tem desvalorização mensal de 1,94% e vale R$ 3,189


O dólar comercial atenuou as perdas e fechou em queda de 0,25% nesta segunda-feira, vendido a R$ 3,189, após chegar à mínima de R$ 3,163, numa semana que começa com cenário mais benigno para a economia brasileira e pressionado pelos fluxos do último dia da repatriação de recursos. No mês, o dólar recuou 1,94%. No mercado de ações, o dia foi de alta, apoiada no setor bancário, mas limitado pelos impactos da queda do petróleo nas ações da Petrobras e da desvalorização do dólar nos papéis da Vale. Pela manhã, o resultado do Itaú impulsionou o índice brasileiro, que chegou a superar os 65 mil pontos, o que não acontecia desde abril de 2012. No entanto, a queda dos preços do petróleo pressionou os papéis da Petrobras e o Ibovespa reduziu seus ganhos no fim do pregão, fechando aos 64.924 pontos, com alta de 0,96%. Em outubro, a Bolsa subiu 11,23%, sua quinta alta mensal seguida e a maior desde março (16,97%).

O resultado do Itaú Unibanco agradou, apesar da queda no lucro em relação ao mesmo período do ano passado, e as ações sobiram 3,48%. A ação foi a mais negociada do pregão. Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos, destaca que, apesar do recuo no ganho em relação ao ano passado, em relação ao segundo trimestre deste ano o resultado ficou praticamente estável, com leve avanço (0,4%).

— E o resultado veio 12,62% acima da média das estimativas, de R$ 4,968 bilhões — aponta. — Houve surpresas positivas: a margem financeira, que cresceu, e a redução nas despesas para créditos com liquidação duvidosa.

Para Paulo Gomes, estrategista da Azimut Wealth Management, a redução de R$ 169 milhões nas despesas de provisão para créditos de liquidação duvidosa, queda de 2,7% no trimestre, leva otimismo a todo o setor bancário, o mais importante do Ibovespa. O Bradesco avançou 3,15%. O Santander ganhou 2,9%. O Banco do Brasil ganhou 3,53%, favorecido também a percepção de melhora na governança do banco estatal.

— A inadimplência foi a principal preocupação do setor. A, os investidores já esperam melhora desta rubrica também para o Bradesco.

Na mão oposta, Petrobras sofreu com a forte queda do petróleo no mercado internacional: recuo de 2,56% no papel ON (ordinário, com direito a voto), a R$ 18,64, e de 2,21%, a R$ 17,69, no PN (preferencial), sem direito a voto. No fim de semana, a Organização de Países Exportadores de Petrólelo (Opep) encerrou as negociações com países não-membros, como Rússia e Brasil, sem um compromisso para cortar a produção, informa a Bloomberg News, citando o brasileiro Márcio Félix, secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia. o petróleo opera em queda nesta segunda-feira. Nesta segunda-feira, os contratos para entrega em dezembro operam em queda. O barril de Brent, referência para o mercado brasileiro, é negociado a US$ 48,32 em Londres, com desvalorização de 2,8%. O barril tipo WTI, em Nova York, perde 3,78%, a US$ 46,86.

A mineradora Vale fechou com perda de 0,72% no papel PN e de 0,27% no ON.
A fabricante de aviões Embraer, que conseguiu reduzir o prejuízo — neste trimestre, foi de R$ 111,4 milhões, ante resultado também negativo de R$ 387,7 milhões em igual etapa de 2015 — disparou 6,85%. Embora o balanço não tenha mostrado números brilhantes, os investidores se animaram com as declarações do diretor financeiro da companhia, José Antonio Filippo. Segundo ele, a forte demanda por aviões no fim deste ano, especialmente de jatos executivos, deve ajudar a Embraer a cumprir metas operacionais de 2016. Ele também afirmou que uma baixa contábil no portfólio de aviões usados da companhia, que contribuiu para um prejuízo de US$ 34 milhões no terceiro trimestre, foi focada no estoque de aviões comerciais e não deve se repetir nos próximos trimestres.

— A companhia veio com resultados em linha com o esperado e manteve as projeções. Além disso, o quarto trimestre costuma ser mais forte em encomendas — diz Gomes, da Azimut.

Nesta segunda-feira, mercado também gostou do que viu na pesquisa Focus, do Banco Central, aponta Gomes, lembrando que a pesquisa junto a economistas mostrou projeção de inflação mais contida e previsão de Selic abaixo de 11% em 2017. Com juros mais baixos, explica, o país ganha mais capacidade de solvência.

— Além do mais, nas eleições deste fim de semana, forças políticas mais pró-mercado saíram fortalecidas — lembra Gomes. — Há um cenário mais benigno para a economia.
Nesta segunda-feira, os investidores já aguardavam a reunião do Federal Reserve (Fed), banco central americano, na quarta-feira, que deve dar indicações de como a autoridade monetária vê a economia local e global. Porém, não é esperada uma alta já neste encontro, antes da eleição americana. Assim, mercados emergentes, como o Brasil, não devem sofrer redução de fluxos de capitais, por ora.

— Os mercados podem manter certa cautela nesta semana, na expectativa de reunião do Fed — diz Plácido. — Mas não acreditamos em elevação dos juros agora. Talvez em dezembro.

No mercado local, neste último pregão de outubro, o câmbio foi influenciado pela briga entre comprados e vendidos para a formação da Ptax do mês, taxa que baliza diversos contratos cambiais, de outubro será definida neste pregão. No dia de fechamento, os investidores costumam atuar para puxar as cotações do dólar conforme seus interesses. 

Há ainda a expectativa de ingresso de recursos provenientes da regularização de ativos brasileiros no exterior. E como vem fazendo, o BC não anunciou leilão de swaps reversos — equivalentes à compra futura de dólares — no último pregão do mês.

MERCADOS GLOBAIS

Nos EUA, os índices fecharam em leve baixa. O Dow Jones perdeu 0,1%, o S&P 500 recuou 0,01%. Na Europa, as bolsas fecharam em queda. O FTSE, de Londres, perde 0,6%. Em Frankfurt, o Dax se desvaloriza em 0,29%. Em Paris, o CAC 40 perde 0,86%.

Na Ásia, os mercados chineses recuaram, com a confiança se enfraquecendo por alertas das principais autoridades sobre bolhas de ativos e incertezas em torno da eleição presidencial dos Estados Unidos. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, caiu 0,1% e o índice de Xangai teve queda de 0,09%. Em Tóquio, o Nikkei recuou 0,12%. Em Hong Kong, o Hang Seng caiu 0,09%. Em Seul, o Kospi teve desvalorização de 0,56%. Em Taiwan, o Taiex registrou baixa de 0,18%. Em Cingapura, o Straits Times desvalorizou-se 0,08%. Em Sydney, o S&P/ASX 200 avançou 0,64%.