terça-feira, 27 de setembro de 2016

Francenildo Costa: “Eu estava falando a verdade”

Talita Fernandes - Epoca


O caseiro que denunciou Palocci de gerenciar uma mansão em Brasília destinada a fazer lobby diz que a operação da PF deixou o ex-ministro da Fazenda “enroscado até o pescoço”



Francenildo Santos Costa ouvia rádio na manhã desta segunda-feira (26) quando soube que o ex-ministro Antonio Palocci havia sido preso na 35ª fase da Operação Lava Jato. “Quando eu vi a notícia veio tudo na minha cabeça”, diz Francenildo, que afirmou ter voltado à sua mente a turbulência que viveu em 2006.

O ex-caseiro ficou conhecido por ter revelado que Palocci, quando ocupava o Ministério da Fazenda, usava uma mansão em Brasília para dar festas e negociar propinas. O caso resultou na demissão de Palocci do cargo pelo ex-presidente Lula. Além disso, Francenildo teve seu sigilo bancário quebrado. O ex-caseiro chegou a ser acusado de ter recebido R$ 38 mil para depor contra Palocci, mas depois provou que havia recebido R$ 24.990,00 de seu pai biológico para evitar um processo de paternidade.
Francenildo disse à reportagem de ÉPOCA que por ele “tanto faz” que Palocci esteja preso ou solto. “Eu não senti nada.” Mas depois admitiu ter se sentido “aliviado” com as revelações feitas sobre o ex-ministro, acusado de participar de desvio de recursos públicos: “Isso mostra que eu estava falando a verdade”. Para ele, as informações apresentadas pela força-tarefa da Lava Jato indicam que Palocci está “enroscado até o pescoço”. Segundo ele, a notícia da prisão do “chefe”, como se referia ao ex-ministro, não foi surpresa. “Eu já estava esperando que isso ia acontecer. É aquela coisa de que a hora vai chegar”, diz.
Em meio ao escândalo do mensalão, Francenildo contou o que viu na mansão em que trabalhava no Lago Sul, região nobre de Brasília. Em 2006, ele concedeu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo e depois confirmou em depoimento à CPI dos Bingos que Palocci usava a casa para dar festas e fazer reuniões de lobby, na qual usava seu cargo e prestígio para obter vantagens.
Francenildo hoje se dedica a atividades como pintura de casas e serviços de jardinagem. “Eu faço de tudo, menos roubar”, se defende. Ele aguarda a resolução do processo que move contra a Caixa Econômica Federal pedindo indenização por ter seu sigilo bancário quebrado e suas informações publicadas. “O processo está no mesmo, a indenização não sai”, diz, dez anos depois do escândalo no qual ficou conhecido.
O caseiro Francenildo dos Santos Costa durante depoimento na CPI dos Bingos (Foto: Lula Marques/Folhapress)
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