Nathalia Watkins - Veja
A ONU e Barack Obama deixam a presidente brasileira falando sozinha sobre “dialogar” com o mais cruel grupo de assassinos do mundo
Século errado: já passou o tempo em que, na ONU, o antiamericanismo justificava até o terror de Estado (Mike Segar/Reuters)
Por uma tradição que remonta a 1947, cabe ao presidente brasileiro fazer o discurso anual de abertura dos trabalhos da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, nos Estados Unidos. É inevitável que os presidentes que se sucederam sob os holofotes na ONU não tenham resistido totalmente à tentação de engrandecer a si mesmos e a suas obras. Todos eles sempre deixaram escapar uma pequena frase de autolouvação. Mas nunca antes na história desses discursos o púlpito da ONU foi tão abertamente usado para propaganda pessoal quanto por Lula e Dilma Rousseff. Em 2003, na sua estreia ali como presidente, Lula disse que o programa contra a fome de seu governo era tão bom que o mundo deveria imitá-lo. Ele exortou a ONU a criar um certo Comitê Mundial contra a Fome. Por redundante, demagógica e impraticável, a ideia foi esquecida antes mesmo de Lula terminar o discurso.
Na semana passada, ao abrir a 69ª Assembleia-Geral, Dilma Rousseff teve seu momento de irrelevância instantânea. Como alguém que tropeça na realidade, cai e se levanta como se nada tivesse acontecido, Dilma repetiu a velha e gasta pregação do diálogo como forma de dirimir conflitos. Só que o problema maior agora, o Isis, o grupo terrorista mais cruel e bárbaro da história contemporânea, não dialoga — corta a língua dos adversários. Por isso, mal Dilma deu sua receita de paz para o mundo, ela foi ignorada. Horas depois o Conselho de Segurança da ONU determinou a todos os países-membros que evitem atitude que possa ser positiva para os terroristas. Barack Obama, o mais pacifista dos presidentes americanos, resumiu a gravidade da situação provocada pelos terroristas do Isis: “Assassinos só entendem a linguagem da força”. A ONU e Obama deixaram Dilma falando sozinha.
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