Blog Miriam Leitão - O Globo
IBGE –– Na quinta-feira, o órgão divulgou a taxa média do desemprego em seis metrópoles: 5%. A melhor notícia da semana e da economia brasileira porque, apesar do baixo crescimento, o emprego se mantém estável. Na semana passada, o governo criou duas comissões para investigar os erros do IBGE na Pnad. Há bons especialistas em uma das comissões, mas o risco é passar a ideia de intervenção no IBGE. A hora é de fortalecer o instituto e não de ameaça-lo.
Atividade –– Continua a queda das previsões de crescimento: 17º recuo na expectativa de expansão da economia medida pelo Focus, a 0,3%.
Energia –– O término de contratos de fornecimento de energia no fim do ano pode encarecer a conta de luz. É mais um detalhe dessa interminável confusão elétrica. O Valor conseguiu um relatório de técnicos da Aneel que usa palavras como “desordem”, “soluções heterodoxas” e “regras instáveis” para definir a situação do setor.
Dólar –– Começou o mês a R$ 2,24 e chegou a R$ 2,43 esta semana, depois caiu um pouco na sexta. Ele tem oscilado, com tendência de alta, e só não sobe mais por força do aumento da ação do Banco Central.
ONU –– Na Assembleia da ONU e na Conferência do Clima o Brasil tomou duas decisões controversas. Não assinou o compromisso com o desmatamento zero até 2030, apesar de ser o país que mais desmata florestas tropicais ainda, processo que até aumentou em 29% em 2013. Na Assembleia Geral da ONU a presidente criticou a ação armada contra o grupo terrorista que está degolando inocentes na Siria e no Iraque. A posição do Brasil é tradicionalmente pela solução negociada, mas teria que ter qualificado melhor essa ideia porque conferir ao grupo terrorista degolador de inocentes o status de negociador é um erro. Tanto que o conselho de segurança logo depois aprovou por unanimidade mais pressões contra o grupo.
Fiscal –– Semanalmente há truques dos lampadinhas para esconder a deterioração fiscal do governo. Esta semana foi a de pegar recursos do fundo soberano para ajudar na formação do superávit primário. Problema que isso significa vender lotes de ações do Banco do Brasil, o que derrubaria a cotação do papel. Além disso pretende reduzir o repasse de R$ 4 bi para o setor de energia e decretar o aumento dos dividendos de estatais em 48%.
EUA –– O PIB do 2º trimestre foi revisto nesta sexta-feira para 4,6%. A leitura preliminar, de 4,2%, sofreu correção principalmente por força dos investimentos, que saltam em torno de 10% na comparação anual.
Europa –– Mario Draghi, do BCE, disse que o banco está pronto para adotar medidas mais agressivas para evitar a deflação na zona do euro. Está dando dicas de que pode adotar um programa para injetar dinheiro na economia.
Argentina –– Em NY, país conversou com o Soros nessa semana e expôs sua situação na ONU, que vai investigar impacto da ação de fundos abutres nos direitos humanos.
Luiz Hildebrando Pereira da Silva –– Faleceu o grande cientista faleceu essa semana, aos 86 anos. Uma bela figura humana. Foi muito perseguido na ditadura, teve que se exilar em Paris, fez carreira no Instituto Pasteur e voltou, aposentado, ao Brasil mas para trabalhar mais pelo país. Montou um centro de estudos de doenças parasitológicas em Rondônia para combater a Malária. Fiz uma longa entrevista com ele há dois anos que foi reprisada na quinta-feira pela GloboNews. Nesse encontro aprendi muito com suas explicações sobre a força da diversidade biológica da Amazônia na busca de remédios.