quarta-feira, 3 de setembro de 2014

PT manda Dilma ´trambique` agredir Marina

Germano Oliveira - O Globo

Adversária tem que ser chamada para ‘o centro do ringue’, avalia partido


Dirigentes do PT acham que a campanha de Dilma Rousseff deve continuar o confronto com a ex-senadora Marina Silva, assim como fez durante o último debate no SBT, na segunda-feira, e ao comparar a adversária a Jânio Quadros e a Fernando Collor de Mello (PTB), que deixaram o poder antes de terminar os mandatos, durante a propaganda eleitoral na TV. A campanha também avalia que Aécio Neves deve ser deixado de lado e a antiga polarização PT-PSDB, abandonada.

"Temos que chamar Marina para o centro do ringue", diz o vice-presidente nacional do partido, deputado José Guimarães. O PT, segundo os petistas, tem que explorar as ações "erráticas" de Marina, como o recuo no caso do casamento gay, o desprezo ao pré-sal e o equivoco de propor um Banco Central independente.

-Temos que mostrar na TV o diferencial de uma candidatura com propostas, contra uma candidatura sonhática, sem consistência - diz outro vice-presidente do PT, Alberto Cantalice.

A tese de que Marina não mostra de onde vem o dinheiro para sustentar suas propostas é defendida por vários petistas, como o presidente nacional Rui Falcão e pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Falcão diz que Dilma tem que mostrar na TV que Marina não fala de onde vem o dinheiro para seus projetos.

- Vamos discutir nos próximos dias a necessidade de aprofundar nossas propostas de governo para o segundo mandato e ao mesmo tempo mostrar que Marina não responde de onde vem o dinheiro para concretizar seus projetos, sobretudo na área da Saúde e Educação - disse Rui Falcão, após o debate de anteontem no SBT.

Já Mercadante diz que o programa de Marina fala que ela pretende investir 10% da Receita Bruta para a Saúde, 10% do PIB para a Educação, 10 milhões a mais de pessoas no Bolsa-Família e acabar com o Fator Previdenciário, "mas não fala como pagar essa conta".

- O programa econômico de Marina não dialoga com suas propostas para o social - disse Mercadante, que depois do debate no SBT participou de reunião num hotel em São Paulo com Dilma, o ex-presidente Lula, o presidente do PT, Rui Falcão, o publicitário João Santana e o jornalísta Franklin Martins, para avaliar a participação da presidente no confronto dos presidenciáveis e também discutir as estratégias da campanha de agora em diante .

Cantalice acha que o partido deve bater bastante nas propostas formuladas por Marina.
- Se o projeto de Marina sobre o Présal viesse a prevalecer, o Estado do Rio, que depende do petróleo, vai a bancarota. Isso sem contar com a Saúde e Educação, setores que serão privilegiados pelos recursos do Présal. As propostas de Marina não têm substância e isso será mostrando com intensidade nos próximos dias na campanha - disse o vice-presidente do PT.

Essa mudança de foco já apareceu na campanha de TV de ontem do PT, no qual os locutores petistas comparam Marina aos ex-presidentes Fernando Collor de Mello e Jânio Quadros, que não tinham maioria no Congresso para sustentar seus projetos. O programa de Dilma questiona como Marina vai conseguir apoios na Câmara sem fazer acordos. 

"Sonhar é bom, mas eleição é hora de botar o pé no chão e voltar à realidade", diz o locutor do programa petista.

Alberto Cantalice acha que as pesquisas mostram que a disputa pelo segundo turno se dará mesmo entre Dilma e Marina e defende que os 1,8 milhão de militantes do PT saiam às ruas nesta reta final de campanha para levar Dilma ao segundo turno em primeiro lugar, para sair à frente para o segundo turno.

- O PT é um partido de chegada, de militância. Por isso, acho que os militantes petistas levarão Dilma ao segundo turno na frente de Marina - acredita o dirigente petista.