sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Campanha do PSDB em São Paulo lembra que dois ex-candidatos a governador do PT estão… na cadeia


Blog Ricardo Setti - Veja

(Fotos: Ed Ferreira/Estadão Conteúdo :: Ivan Pacheco/VEJA.com)
Dirceu, fotografado na prisão, e Genoino, no dia em que se apresentou à Polícia Federal para cumprir pena: dois candidatos do PT a governador que mereceram penas de prisão (Fotos: Ed Ferreira/Estadão Conteúdo :: Ivan Pacheco/VEJA.com)
Desesperado por não conseguir, de forma alguma, sair de um dígito nos percentuais de intenção de voto ao governo de São Paulo, o candidato de Lula, de Dilma e do PT, Alexandre Padilha, passou a fazer uma campanha cada vez mais agressiva pelo horário eleitoral gratuito.
Chamar de “mentiroso” o favorito na disputa, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), por exemplo, transformou-se em rotina. Padilha, ex-ministro da Saúde, vem se mantendo no limite da punição pela Justiça Eleitoral.
A campanha de Alckmin, que tem cinco vezes mais intenção de voto do que Padilha, ignorou os ataques durante a maior parte do tempo, mas começa a responder.
A resposta mais divertida foi feita, por ora, via propaganda no rádio, com a seguinte frase:
– É, gente, aqui é São Paulo. Incompetência do PT, aqui, não! Vocês sabiam que, dos últimos quatro candidatos que o PT apresentou para o governo de São Paulo, dois estão presos? Pense nisso.
Pois é a pura verdade — e dá a medida do que é o partido que pretendia “mudar o Brasil”. Dos oito candidatos do PT que disputaram as oito eleições para governador do mais importante e populoso Estado do país desde a volta das eleições diretas para o posto, em 1982, dois deles — figuras de alto coturno no partido – cumprem pena de prisão por causa do mensalão.
O mensaleiro Dirceu concorreu ao governo em 1994 e levou uma surra
José Dirceu é o primeiro deles. Deputado federal muito votado, em 1994 ele achou que tinha gás suficiente para aspirar o Palácio dos Bandeirantes. Foi massacrado já no primeiro turno pelo então senador Mário Covas (PSDB), que teve 6,5 milhões de votos. Dirceu ficou longe, com 2 milhões de votos, em terceiro lugar, após o ex-prefeito de Osasco Francisco Rossi (PDT).
No segundo turno, Covas liquidou a fatura, vencendo Rossi por uma margem de 2 milhões de votos.
O candidato do PT em 1994, não custa lembrar, foi condenado em 2012 a 10 anos e 10 meses de cadeia pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, além de haver sido obrigado ao pagamento de multa de 676 mil reais.
Dirceu, contudo, figurou entre os onze mensaleiros com direito a um novo julgamento pelos crimes em que obtiveram ao menos quatro votos de ministros do Supremo favoráveis a sua absolvição. O crime cuja sentença o tribunal reexaminou foi o de formação de quadrilha. Absolvido em fevereiro de 2014, o ex-chefe da Casa Civil teve a pena reduzida para 7 anos e 11 meses – e livrou-se, portanto, do regime fechado. Mas por ora mora na Penitenciária da Papuda, no Distrito Federal.
 Genoino disputou em 2002 e foi o único petista a chegar ao segundo turno
O segundo dos candidatos do PT a governador a ir para a cadeia foi o ex-deputado e ex-presidente do Partido José Genoino — o único de todos os aspirantes do partido ao Palácio dos Bandeirantes que conseguiu chegar ao segundo turno de uma eleição, a de 2002. No primeiro turno, perdeu para o tucano Geraldo Alckmin — vice de Covas que assumira em março de 2001 com a morte do governador — por uma diferença de 1,2 milhão de votos.
No segundo turno, Alckmin alcançou um recorde de 12 milhões de votos e deixou Genoino muito atrás, com 8,4 milhões — a maior votação, de todo modo, que um petista já obteve em eleição para governador do Estado.
Genoino, como muitos se recordam, também foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa e formação de quadrilha, recebendo pena de 6 anos e 11 meses de reclusão, o que, segundo a sempre generosa legislação penal brasileira, significou regime semiaberto, além de multa de valor semelhante à cominada a Dirceu. Ambos quitaram a dívida com vaquinhas feitas pela Internet.
Genoino, tal como Dirceu, figurou entre os onze mensaleiros com direito a um novo julgamento pelos crimes em que conseguiram ao menos quatro dos 11 votos de ministros do Supremo por sua absolvição. Em fevereiro passado, foi absolvido do crime de formação de quadrilha, teve a pena reduzida para 4 anos e 8 meses e agora, após vários trâmites de advogados, cumpre seus pouco mais de três anos restantes em prisão domiciliar. Tecnicamente, está na cadeia.
Como Dirceu, também já morou na Papuda.