quarta-feira, 17 de setembro de 2014

BC americano deve manter juros baixos por ‘tempo considerável’, diz comunicado

Bloomberg News com agências internacionais

Comitê de política monetária decide também cortar mais US$ 10 bilhões de programa de estímulos


WASHINGTON - O Federal Reserve (Fed, banco central americano) anunciou nesta quarta-feira que deve manter a taxa de juros em patamar próximo a zero por um “tempo considerável” após o fim do programa de compras de ativos, previsto para outubro. Em comunicado, a autoridade monetária manteve o discurso dos últimos meses, conforme era esperado por parte do mercado.

“O Comitê continua a prever, baseado em sua avaliação, que é provável que será apropriado manter a taxa de juros atual por um tempo considerável após o fim do programa de compras de ativos, principalmente se a projeção de inflação continuar a rodar abaixo da meta de longo prazo do Comitê, de 2%”, afirma o comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês, equivalente ao Copom brasileiro).

O Fed também confirmou a expectativa do mercado, ao cortar mais US$ 10 bilhões de seu programa de estímulos à economia. Com isso, o chamado quantitative easing, que consiste na compra de títulos no mercado financeiro, passa a ser de US$ 15 bilhões mensais (US$ 5 bi em papéis de hipoteca e US$ 10 bi em títulos do Tesouro). A previsão do mercado é que o próximo corte — dessa vez, US$ 15 bilhões de uma só vez — ocorra na próxima reunião, marcada para o fim de outubro.


PRIMEIRA DEFLAÇÃO

A decisão é anunciada no mesmo dia em que o Departamento de Trabalho divulgou que os Estados Unidos registraram a primeira deflação em mais de um ano. Em agosto, o índice de preços ficou negativo em 0,2%, surpreendendo as expectativas. O Fed tem como meta uma inflação de 2% ao ano, um indicador de que a atividade econômica está mais forte.

O mercado de trabalho também é observado de perto pelo BC americano como um dos balizadores da política monetária. Na última declaração sobre o assunto, na conferência de Jackson Hole, a presidente do Fed, Janet Yellen, disse que o mercado de trabalho ainda precisa se recuperar, após a crise global de 2008.

“As condições do mercado de trabalho melhoraram um pouco”, embora “uma significativa subutilização da mão de obra” permaneça, apontou o Fomc na nota divulgada após a reunião do comitê, em Washington. “A inflação continua abaixo da meta a longo prazo do comitê.” Em julho, o BC americano havia apontado que a inflação estava “um tanto mais perto” de sua meta.

O Fed também reduziu as estimativas de crescimento dos Estados Unidos em 2014 e 2015. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deve crescer entre 2% e 2,2% no último trimestre deste ano, em cifras anualizadas. A previsão marca um leve recuo em relação às estimativas de junho, quando o banco central americano previu que o PIB no referido período oscilaria entre 2,1% e 2,2%.

— Eles querem que o mercado saiba que não estão prontos para elevar as taxas de juros a curto prazo — disse John Silva, economista-chefe do Wells Fargo Securities, em Charlotte, na Carolina do Norte. — A inflação está dando a eles tempo para que fiquem parados. A inflação está girando abaixo das expectativas e portanto eles não precisam se mexer (para apertar a política monetária).