domingo, 6 de julho de 2014

"Lewandowski e a harmonia do STF", por Elio Gaspari

O Globo

 O ministro Ricardo Lewandowski assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal num período difícil. Joaquim Barbosa, seu antecessor, engrandeceu a Casa relatando e conduzindo o processo do mensalão, e exacerbou malquerenças que podem surgir em salas onde 11 pessoas são obrigadas a trabalhar juntas, expondo opiniões conflitantes.

O clima no STF está mais para aquele que se viu no caminho do vestiário depois do jogo Brasil x Chile do que para a solenidade que a Casa merece. Há ministros que mal se falam. Pelo menos um evita conversa com o próprio Lewandowski.

Se o novo presidente do tribunal restabelecer a harmonia na Corte, fará um serviço inestimável. É pessoa cordial, de bons modos. Comeu com elegância o pão que Asmodeu amassou quando defendeu suas posições durante o julgamento do mensalão. Foi patrulhado e insultado. Sofreu, mas não deu troco.

Há algumas semanas, Lewandowski pisou na bola. Estava interinamente na presidência e reclamou porque os colegas iniciaram a sessão sem ele. Como as sessões têm hora marcada para começar, a agenda da Corte prevalece sobre os compromissos de seus integrantes.

Ele reclamou, argumentando que se atrasara porque recebia o prefeito de Londres. Veio do ministro Marco Aurélio a lembrança de que, se o governador de Brasília for a Londres, o presidente da Corte do Reino Unido não atrasará a sessão.