quarta-feira, 30 de julho de 2014

Agência de classificação de risco rebaixa nota de crédito da Argentina

UOL

A agência Standard & Poor's, que analisa o risco de potenciais calotes de títulos, rebaixou a nota da Argentina no fim da tarde desta quarta (30), quando vence o prazo de pagamento aos credores do país.

A nota de risco da Argentina caiu de CCC- para SD (default seletivo). A notícia foi divulgada enquanto o ministro da Economia, Axel Kicillof, estava reunido com o negociador apontado pela Justiça dos EUA para um acordo, com representantes do fundo de investimentos NML e com representantes dos bancos privados argentinos, que fizeram uma proposta para intermediar uma solução.



 
 
A Argentina começou a década de 1990 com hiperinflação. Durante o governo Menem, para conter a inflação alta, lançou o Plano de Conversibilidade: um peso valia US$ 1. Para crescer, se endividou...
Antes do rebaixamento da S&P, no mercado financeiro os ativos atrelados à negociação da dívida tiveram altas. Foi o caso da cotação dos títulos que poderiam entrar em default: passaram a valer 10,7% a mais. O principal índice da Bolsa de Buenos Aires, o Merval, subiu 6,94% nesta quarta.

Apesar de o governo ter depositado o dinheiro, a Justiça dos EUA congelou o pagamento, pois determinou que a Argentina só poderia honrar sua dívida com os credores que já vinham recebendo caso pagasse ao NML, dono de títulos que valem US$ 1,3 bilhão que não estão sendo pagos desde 2001.


PROPOSTA

Um representante da associação de bancos privados argentinos viajou de Buenos Aires a Nova York na noite de terça (29). Uma das propostas para o fim da crise é que as entidades financeiras da Argentina comprem os títulos do NML por US$ 1,2 bilhão. Os bancos esperariam até janeiro para cobrar, recebendo novos títulos de dívida do país.

Segundo os jornais do país, a negociação teria começado com a proposta, por parte dos bancos, de comprar uma parte dos títulos que estão em default desde 2001, mas no fim do dia teria ficado acordado que levariam tudo. A mídia também noticia que eles podem comprar outros títulos em calote, para evitar mais ações na Justiça.

O presidente da associação dos bancos privados da Argentina, Jorge Brito, teria dito aos outros banqueiros que o governo, por meio do Banco Central, dá o aval para a operação. Os bancos têm um montante de dinheiro que não rendem juros. Sairia daí a verba para comprar a dívida dos fundos com os quais a Argentina está em litígio.


SUSPENSÃO DA SENTENÇA

Em troca, o NML e os outros fundos que venceram a Argentina na Justiça dos EUA iriam solicitar uma suspensão da execução da sentença pelo juiz Thomas Griesa. A sentença determina que a Argentina pague US$ 1,3 bilhão aos fundos litigantes simultaneamente ao pagamento da parcela dos fundos reestruturados, que vence hoje (30).

Com a suspensão da execução da sentença, a Argentina poderia completar a transferência aos fundos reestruturados – congelada por Griesa-fazendo com que os US$ 539 milhões parados no Bank of New York Mellon cheguem aos detentores dos títulos que não estão em default, evitando um calote do país.

Na terça, os credores da dívida reestruturada com títulos em euro também entraram com pedido pela suspensão da execução da sentença.

No texto, os fundos –que possuem € 5,2 bilhões em dívidas da Argentina– também oferecem abrir mão da chamada cláusula Rufo, que lhes dá o direito de receber eventuais vantagens que venham a ser negociadas com o grupo de fundos em litígio.


Editoria de Arte/Folhapress