quinta-feira, 10 de julho de 2014

Espanha ‘dobrou a esquina da crise’, diz relatório do FMI sobre a economia do país

O Globo

Fundo, no entanto, diz que maior desafio continua sendo o desemprego




A Espanha dobrou a esquina da crise. Essa é a avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou nesta quinta-feira um relatório sobre o estado da economia do país. O Fundo, porém, também destaca problemas e desafios para o governo, sobretudo com relação ao alto desemprego do país.

“O crescimento voltou, as tendências no mercado de trabalho estão melhorando, as transações correntes estão positivas, os bancos estão mais saudáveis e os ágios cobrados sobre os bônus soberanos estão em níveis recordes de queda”, afirma o documento do FMI, concluído após visita de uma missão do organismo.

“No entanto, o desemprego continua inaceitavelmente alto, a renda caiu, a tendência de crescimento da produtividade é baixa e a desalavancagem de encargos de dívidas elevadas — públicas e privadas — ainda pesa no crescimento.”
Melissa Abadia deixou a Espanha para fugir do desemprego. Relatório do FMI sugere corte de salários e maior flexibilização para as empresas para estimular contratações - ILVY NJIOKIKTJIEN / NYT/14-10-2014


As visitas da missão do Fundo à Espanha, encerradas na última segunda-feira, estavam previstas no chamado Artigo IV, que estabelece encontros anuais dos países-membros com o Fundo. A missão recomenda que o país adote políticas que garantam que as prioridades da política econômica da Espanha seja a de garantir uma recuperação robusta, duradoura e, sobretudo, capaz de gerar empregos.


SUGESTÕES DO FUNDO

Para isso, sugere o organismo, entre outros pontos, fortalecer a capacidade de os bancos apoiarem a recuperação, por meio da elevação de capital, inclusive limitando dividendos e bônus corporativos. Também sugere políticas para criar emprego para segmentos menos qualificados, por meio do corte radical do custo fiscal de empregá-los.

Também é preciso tornar o mercado de trabalho mais inclusivo e integrado às condições econômicas, por meio de uma maior flexibilização de salários e mais flexibilidade às empresas. O documento propõe um maior equilíbrio entre segmentos protegidos e aqueles de contratos de trabalho precários ou temporários. O governo também deve apoiar, diz o Fundo, as empresas a se adaptarem às condições específicas de trabalho de seu segmento.

A Espanha é a quarta economia entre os países da zona do euro. Nos últimos cinco anos enfrentou duas recessões, provocadas pela explosão da bolha imobiliária em 2008. O resultado foi catastrófico, resultando no alto desemprego atual. Mas o país teve, no primeiro trimestre de 2014, seu maior crescimento desde o início da crise: 0,4%, o dobro da média na zona do euro.

O número de desempregados caiu, mas o patamar continua alto, com quase 4,5 milhões de pessoas sem trabalho.