Cássio Bruno - O Globo
Ao lado de dois ministros (Cidades e Educação), de deputados estaduais e federais, além da senadora Ana Rita (PT-ES), Dilma inaugurou somente o Residencial Vila Velha 1, que teve um investimento de R$ 22,8 milhões. Segundo a Caixa Econômica Federal, o Residencial Vila Velha 2 (com 496 unidades) só terá as chaves entregues em 90 dias. Já o Residencial Vila Velha 2 (também com 496 unidades) ficará pronta no fim do ano. O total do projeto é de R$ 68,1 milhões.
Os três complexos ficam em um mesmo terreno, localizado no bairro Jabaeté. No local, há ruas sem asfalto e o esgoto corre a céu aberto, apesar de haver placas da prefeitura e do governo do estado com anúncio de obras de infraestrutura. Os dois condomínios inacabados foram isolados com tapumes pela equipe da Presidência, sem acesso dos moradores e dos jornalistas.
Formada por moradores, movimentos sociais e cabos eleitorais de vereadores, a plateia recebeu a presidente com os coros de "um, dois, três, é Dilma outra vez" e "olê, olê, olá, Dilma, Dilma". O clima era de campanha. Em cartazes, escreveram: "Dilma soberana". O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), foi vaiado pelo público. No discurso, o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, lembrou do ex-presidente Lula.
Por meio da assessoria de imprensa, o superintendente da Caixa no Espírito Santo, Carlos Aurélio Linhares, informou apenas que o projeto está cumprindo o cronograma. Dilma poderá participar de inaugurações até o próximo sábado, conforme determina a Lei Eleitoral.
No início do discurso, Dilma lembrou do ex-presidente Lula:
- Apesar de muita gente ficar azarando, conseguimos, em 2010, entregar um milhão (de casas). No meu governo, foram dois milhões e 750 mil em todo o Brasil. Somando o governo Lula com o meu, em cinco anos, entregamos três milhões e 750 mil.
A presidente mandou recado para os empresários:
- Quero dar uma boa notícia: os empresários não se prepararam para o que vai acontecer em 2015. Quero que esse projeto (Minha Casa, Minha Vida) continue. Queremos deixar um recado aos empresários: nós estamos preparando (a construção) de mais três milhões (de casas) para a próxima fase. Sabemos construir, mas é preciso ter horizonte para construir.
Dilma anunciou um pacote de obras para o Espírito Santo, incluindo a expansão do novo aeroporto de Vitória, a ampliação da BR-262, do cais da capital e de programas, como o Mais Médicos e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e investimentos da Petrobras no setor naval. A presidente também fez um balanço de sua gestão.
Na véspera da visita de Dilma, o governador Renato Casagrande, do PSB, partido do candidato à Presidência, Eduardo Campos, criticou, em entrevista à imprensa capixaba, a demora na conclusão de obras do governo federal. Segundo ele, a presidente esteve "pouco presente" e tem um "débito antigo" com o estado.
É a segunda visita de Dilma ao Espírito Santo em três anos e meio de mandato. A primeira vez foi em dezembro do ano passado, quando ela sobrevoou cidades atingidas pelas chuvas.
Casagrande cobrou de Dilma, no discurso, mais investimentos na área social, principalmente no combate à violência:
- Não se combate violência só com policiamento. Se faz também com investimentos.
O governador, por sua vez, elogiou o programa Minha Casa, Minha Vida e pregou parceria com Dilma:
- O governo do estado continua à disposição. Com planejamento, se fazer mais para quem mais precisa. Com essa meta, estaremos de mãos dadas com o governo federal.
Até o ano passado, Casagrande havia anunciado neutralidade em relação a campanha presidencial. Em 2010, o governador foi eleito numa aliança com 16 partidos, incluindo PT e PMDB. Nas eleições de outubro deste ano, porém, petistas e peemedebistas terão candidatos próprios. Com isso, Casagrande declarou apoio formal a Eduardo Campos.
Depois da cerimônia, Dilma entrega, em Vitória, diplomas a mil alunos formados pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).
