A história não perdoa traidores, e Hugo Motta escreve seu epitáfio
V olte no tempo, para quando os gregos, com um cavalo de madeira gigante, enganaram os troianos, escondendo traição em um presente reluzente. Seduzidos pela falsa vitória, os troianos arrastaram o embuste para dentro das muralhas, ignorando os gritos de Cassandra e Laocoonte. À noite, os guerreiros gregos emergiram, abriram os portões, e Troia virou cinzas.
Em 2025, o Brasil tem seu próprio Cavalo de Troia: Hugo Motta, o jovem presidente da Câmara dos Deputados que escalou o poder com promessas tão falsas quanto aquele equino ancestral. Eleito sob a bandeira do Projeto da Anistia, um projeto de lei para libertar cidadãos injustamente presos pela cruzada política de Alexandre de Moraes, Motta revelou sua verdadeira face.
Após um jantar aconchegante na casa de Moraes e uma viagem ao Japão com o presidente Lula, envolto em mais um grande escândalo de corrupção — agora roubando aposentados e velhinhos —, Motta decidiu que o PL da Anistia “não era tão importante”. Surpresa! Conheçam o mais novo fantoche do Supremo Tribunal Federal, um traidor sem espinha que trocou a coragem do discurso de proteger a Constituição por um lugar à mesa do STF.
O jovem deputado, com aura de velha política, também está tergiversando sobre a CPI do INSS, que investigaria o roubo de pensões de idosos. Motta não é líder; é marionete, protegendo corruptos e ecoando traições históricas.
Narrado na Ilíada de Homero, a história do Cavalo de Troia é a metáfora perfeita para Motta. Por volta do século 8º a.C., os gregos, exaustos após uma década de cerco, construíram um cavalo de madeira, esconderam guerreiros dentro dele e o ofereceram como presente. Os troianos, deslumbrados, ignoraram todos os alertas de perigo, celebraram a “oferta” e arrastaram-no para dentro da cidade. Naquela noite, os gregos escondidos saíram do cavalo, e Troia foi invadida.
Motta segue o mesmo roteiro. Ele se apresentou com sorrisos e promessas de defensor da justiça, garantindo que pautaria o Projeto da Anistia para corrigir as prisões arbitrárias ordenadas por Moraes, que, sob o pretexto de “proteger a democracia”, silenciou dissidentes após o 8 de janeiro de 2023. Esse dia, longe de ser um golpe, foi um protesto caótico, explorado para justificar uma caça às bruxas contra cidadãos comuns, muitos presos sem provas sólidas, rotulados como ameaças por postagens, opiniões ou até um batom.
Motta, com sua juventude e discurso inflamado, convenceu aliados de que seria o porta-voz da correção desses abusos. Assim como os troianos, congressistas da ala da direita compraram a fachada reluzente de Motta, entregando-lhe os votos para liderar a Câmara. Mas Motta mostra agora que pode ter sido uma armadilha, um cavalo recheado de traição, pronto para abrir os portões aos interesses do STF e do Planalto.
Jantares, viagens e conchavos A primeira facada foi dada em março, com um jantar na residência de Alexandre de Moraes em Brasília. Entre figurões do STF e aliados do governo, Motta e Moraes cruzaram a noite imersos no poder. Entre outros bajuladores, Moraes lembrou a todos quem dita as regras em Brasília. O presidente da Câmara, com sua juventude e suposta ousadia, poderia ter resistido e usado sua posição para frear o autoritarismo que vem destruindo o Brasil. Mas dobrou os joelhos e mudou de lado.
Antes da eleição da Câmara, o paraibano bradava que o Projeto da Anistia era vital, uma tábua de salvação para presos sob acusações frágeis e forjadas, muitos sem direito a um julgamento justo, apenas por desafiarem o establishment.
Depois do jantar, deu de ombros, dizendo que o projeto não é tão importante assim. Se isso não é um movimento de Cavalo de Troia — infiltrar-se com falsas promessas e depois trair o movimento que o sustentou —, então o que é? Motta não é apenas um vira-casaca; ele se tornou mais um cãozinho de Moraes, abanando o rabo por migalhas de aprovação do STF. Muitos especularam que pressões — ou até chantagem — o teriam dobrado. O jantar marcou Motta como apenas mais um peão, um jovem promissor reduzido a eco das ordens do Supremo.
A viagem ao Japão com Lula, em abril, foi o segundo ato da traição. Lula, cuja carreira é manchada por escândalos de corrupção, fez questão de levar Motta em sua comitiva de luxo. O que aconteceu em Tóquio? Talvez acordos nos bastidores ou apenas o brilho do poder presidencial, mas o Motta que voltou é ainda mais subserviente. Segundo aliados, ele voltou mais alinhado ao Planalto, rindo de piadas no avião e distante de suas promessas. Ao retornar, intensificou o desprezo pelo Projeto da Anistia, ignorando os apelos de aliados e das famílias dos presos, que lotam audiências na Câmara com cartazes e lágrimas.
A mensagem é clara: Motta não lidera; ele segue ordens, dançando ao som de Moraes e Lula, enquanto os inocentes apodrecem em celas e a confiança de seus eleitores vira pó.
Agora, o escândalo do INSS expõe ainda mais sua covardia. A fraude, que atinge milhões de idosos, envolve associações como o Sindnapi, cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão de Lula. A oposição, liderada por deputados como Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e Nikolas Ferreira (PL-MG), reuniu 185 assinaturas para instalar uma CPI na Câmara, exigindo respostas. Mas Motta, o guardião da Casa, foge.
Ele alega uma “fila” de 11 outros pedidos de CPI e recusa-se a priorizar a investigação que poderia expor a corrupção no coração do Planalto. No Senado, Damares Alves (Republicanos-DF) busca uma CPMI, já com 27 assinaturas, para contornar sua relutância. Enquanto isso, os aposentados, especialmente na Paraíba, terra de Motta, sofrem com pensões mutiladas. A história é implacável com covardes — e Motta está com um bilhete só de ida para a infâmia.
Traições históricas O Brasil já viu traições assim. Em 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca, monarquista leal que serviu Dom Pedro II por décadas, liderou o golpe que proclamou a República, depondo o imperador sob o pretexto de “progresso”. Pressionado por elites republicanas e militares, Deodoro traiu seu juramento, enganando o imperador e o povo que confiava na estabilidade da monarquia. Dom Pedro II, exilado na França, morreu em 1891, enquanto Deodoro presidiu um regime instável, marcado por crises e corrupção — mentiras que derrubaram um imperador, um eco da falsidade de Motta ao prometer justiça e entregar subserviência. Deodoro, como Motta, trocou lealdade por poder.
Em 1780, o general Benedict Arnold, herói da Revolução Americana, por pura ganância e embebedado no poder, traiu seus compatriotas e planejou entregar West Point aos britânicos por dinheiro.
Descoberto, fugiu, e seu nome virou sinônimo de traição. Vidkun Quisling, primeiro-ministro da Noruega nos anos 1940, se aliou aos nazistas, entregando seu país aos capangas de Hitler para salvar a própria pele. Executado em 1945, o nome de Quisling é lama, uma entrada no dicionário para entreguismo e covardia.
Na Revolução Francesa, os girondinos, moderados que apoiaram a República, recuaram em 1793 diante do terror jacobino, mas foram guilhotinados mesmo assim. Motta segue o mesmo roteiro.
Nota de rodapé Ele poderia ter honrado o Projeto da Anistia, enfrentado o absoluto descontrole de Moraes, ou apoiado a CPI do INSS para expor a corrupção e corrigir os terríveis roubos cometidos contra os aposentados. Teve a chance de se manter firme, de honrar as alianças que o alçaram ao poder, de lutar por aqueles injustamente esmagados pela cruzada de Moraes. Em vez disso, cedeu e escolheu jantares, viagens e conchavos, temendo o STF ou Lula — ou apenas seduzido pelo poder.
Motta teve a chance de ser líder, de marcar a história com coragem. Optou por ecoar Deodoro, Arnold e Quisling, cujos legados são puro desprezo. Os troianos pagaram por sua ingenuidade vendo Troia queimar. Os aliados de Motta, que o elegeram, veem suas esperanças incineradas. A história não perdoa traidores, e Motta escreve seu epitáfio.
Quando os livros de história se fecharem, Hugo Motta não será um herói. Será uma nota de rodapé, um fantoche covarde que deixou a justiça queimar enquanto brindava com o incendiário.
Vergonha, Hugo Motta. A história está assistindo — e sua memória é implacável.
Revista Oeste