No caso de Lula, a ignorância condena 200 milhões de cidadãos brasileiros a viver num país de terceira classe pela inépcia sem limites de um presidente que não tem capacidade para governar
Presidente Lula, durante sessão de abertura do IV Fórum CELAC-China | Foto: Ricardo Stuckert/PRO Brasil convive há 40 anos, na mais completa normalidade, com uma noção perfeitamente absurda: a de que não há nada de errado em ter um analfabeto (ou semianalfabeto, o que vem a dar na mesma) como presidente da República. As classes culturais, que vivem com complexo de culpa por terem aprendido a ler, chegam a achar, inclusive, que isso é uma coisa boa.
Que bacana, não é mesmo?
Temos um ignorante na Presidência. Sim, ele é um multimilionário há muito tempo, mas é “operário”, pobre-raiz e mal sabe assinar o nome. Ou seja: Lula, sim, eis aí um brasileiro de verdade. No fundo, temos até de nos orgulhar de que ele seja o magnata mais xucro que já mandou neste país desde os caciques Tibiriçá e Cunhambebe.
Tudo bem, o Brasil nunca foi mesmo um celeiro de estadistas brilhantes, mas o problema é que nenhum país do mundo comete um equívoco desse tamanho sem pagar um preço muito alto. A ignorância não é neutra. No caso de Lula e do Brasil, está dando um prejuízo invisível, mas cada vez pior, para os 200 milhões de cidadãos brasileiros — condenados a viver num país de terceira classe pela inépcia sem limites de um presidente que simplesmente não tem capacidade para governar um papagaio de realejo.
A questão aqui é muito simples: não é materialmente possível ser ignorante e competente ao mesmo tempo. Um governante não pode ser bom por causa dos seus defeitos, e Lula não é exceção. Ninguém, na verdade, é bom por ser ignorante. O sujeito pode ser um bom músico, ou um bom alpinista, e não saber nada. Mas não se torna um bom músico ou um bom alpinista porque é ignorante, e sim porque tem talento musical ou habilidade para escalar montanhas.
No Brasil, desde que Lula saiu da arquibancada da vida sindical para o camarote da vida política, um aglomerado de intelectuais, escroques partidários e esquerda sem votos criou a ficção segundo a qual não é realmente preciso saber nada de nada para presidir o Brasil.
Deu nisso.
É demente. Para ser motorista de ônibus o cidadão tem de passar por um teste severo de conhecimentos e de habilidades, mas para ser presidente da República qualquer um serve, mesmo que seja um analfabeto de pai e mãe. A lógica mais elementar garante que uma coisa dessas não pode dar certo, nunca, da mesma forma que a física não permite que dois corpos ocupem o mesmo espaço ao mesmo tempo. O espaço a ser ocupado pela competência, no caso dos governos brasileiros, tem sido ocupado pela ignorância. Nos últimos 22 anos, com o curto intervalo Temer-Bolsonaro, o Brasil foi assolado pela boçalidade integral das presidências Lula — ele mesmo, ou ele por meio de Dilma.
É provável, ou quase certo, que não exista no mundo de hoje nenhum chefe de Estado tão ignorante quanto Lula, entre os 200 países, ou coisa assim, que integram as Nações Unidas. Para o mundo, tanto faz. Seu presidente é um troglodita? Problema de vocês. Já no Brasil a história é outra, pois quem paga pela ignorância de Lula são os brasileiros, e mais ninguém. Mas aqui dentro há uma cegueira fundamental em relação ao problema — ninguém sequer lembra mais que Lula é o analfabeto funcional clássico, e as gangues que prosperam ao seu redor acham ótimo que ele seja. Neste preciso momento, aliás, Lula está a toda.
Seus surtos de agressão à cultura aumentam de frequência quando viaja ao exterior, agora turbinado pelas contribuições espontâneas de Janja — que descobriu uma “faraona” no Egito, diz “cidadões” e acha que sabe falar inglês. Lula já disse que Napoleão invadiu a China, que a “América espanhola” foi descoberta em 1498 e que Israel matou “12 milhões de crianças” na Faixa de Gaza — depois de afirmar que estava repetindo o Holocausto “do Hitler”. Há coletâneas de suas 10, 50 ou 100 frases mais estúpidas — está tudo à disposição do público nas redes sociais. Nestes dias, na 29ª viagem do seu terceiro mandato, foi exibir quanto não sabe na Rússia e na China.
Tininha Souza - Hum…não existe!! Nefertari, por exemplo, não era chamada de faraona, ou faraoa, ou algo semelhante. Nefertari foi uma grande rainha egípcia, esposa de Ramessés II faraó do Egito Para os egípcios, ela era apenas a "Rainha do Egito"! Faraona é uma galinha pintada.
Com a mente já embaralhada por sua atual bebedeira geopolítica, segundo a qual o principal objetivo estratégico da Rússia e da China é serem aceitas no círculo de amigos íntimos do Brasil, o presidente ficou à altura do seu acervo pregresso de declarações cretinas. Na viagem à Rússia, metido na companhia exclusiva de ditadores e criminosos de guerra, disse que estava comemorando o 80º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial — que, no mundo democrático, é festejado em outro lugar, em outra data e por outros vencedores, a começar pelo vencedor de verdade, os Estados Unidos.
Na China ele confirmou o apronto, como se dizia antigamente no turfe, e subiu ainda mais a barra das suas performances como o mentecapto global do século 20. Saiu dizendo que Mao Tsé-Tung liderou o que teria sido uma revolução humanitária em 1949 — quando é fato histórico, comprovado e indiscutível que a imposição do regime comunista na China foi um dos episódios de maior selvageria na história humana, com um mínimo de 40 milhões de mortos em resultado das ações do “governo revolucionário”. Nem na China se elogia Mao hoje em dia — e, fora a ditadura, não existe absolutamente mais nada no país que lembre o “maoísmo” admirado por Lula.
Para completar, nosso presidente comparou Mao Tsé-Tung a si próprio e a Revolução Chinesa a seus governos — ambos, no seu entender, fizeram mais ou menos a mesma coisa. Fez o ajuste fino dessa barbaridade dizendo que “esse partido (sic) na China tem poder e um governo forte. Quando tomar decisões, o povo respeitará essas decisões. Isso é algo que não temos no Brasil”. Os gatos gordos chineses escutaram essa exegese com semblante de granito. Falar o quê? Já para os brasileiros, sobrou o recado oculto de Lula: “Vocês são o povo errado. Não respeitam as decisões do meu governo. Bom é na China, onde o povo tem juízo e obedece”
Nada disso seria tão ruim, pensando bem, se Lula fosse apenas um palhaço que viaja pelo mundo fantasiado com as roupas que a sua stylist escolheu e torrando dinheiro da população em hotéis de novo rico — e falando as idiotices listadas acima. (Foram R$ 7 bilhões em 2023 e 2024, mais R$ 2 bi no primeiro trimestre de 2025; Janja, sozinha, detonou R$ 800 milhões dessa bolada, ela e o seu “estafe”.) O problema, para quem paga a conta dessa farra, é que Lula é presidente do Brasil. Sua ignorância sistêmica, aí, produz consequências que custam muito mais que os meros bilhões de seu programa turístico mundial.
Não é preciso ser um sociólogo da Universidade Federal da Lusofonia Afro-Brasileira (sim, isso existe, no Ceará) para deduzir que um presidente semianalfabeto conduz qualquer país, obrigatoriamente, a ter um governo de péssima qualidade. Não é só o exemplo doentio de um presidente que não quis aprender de propósito — por preguiça, malícia e pela bajulação dos Fernando Henrique e das Marilena Chaui da vida, que “detestam” a classe média, mas acham que a ignorância é uma virtude.
Lula, inclusive, se orgulha em público de nunca ter lido um livro (“é chato”), despreza os que têm alguma cultura e demonstra um despeito maldisfarçado diante do conhecimento. É pior que isso tudo. Lula, como presidente da República, é uma pós-graduação em matéria de “boi preto conhece boi preto” — eis aí o nosso problema. Seu governo, em geral, só atrai coisa ruim. Basta fazer as contas do Lula 3: 50% dos seus ministros são tão ignorantes quanto ele, 50% são malintencionados e 100% são puxa-sacos estruturais — sendo que é abertamente permitida a tripla militância, ou seja, o sujeito pode ser ignorante, ladrão e puxa-saco ao mesmo tempo.
Como seria humanamente possível fazer um governo decente com um material desses? Lula diz que o Brasil tem de desenvolver sua própria inteligência artificial, em português — e a ministrada bate palma. Diz que foguete espacial não serve para nada, ou que a África deve ao Brasil pelos 300 anos de escravidão. “Que lindo o senhor é, presidente Lula”, respondem todos. Pode? Não pode. Mas é onde estamos. Os exemplos se repetem daí até os últimos limites da galáxia — cada leitor de Oeste, possivelmente, tem a sua própria lista de episódios com esse nível de estupidez em estado bruto.
Não é preciso, portanto, fazer aqui uma lista que não acabaria mais. Nessa vertigem de China, em todo caso, e a título de cereja no bolo, vale a pena isolar um fotograma da comédia em cartaz há mais de 20 anos.
Acredite se quiser, mas tempos atrás o ministro Rui Costa, chefe da Casa Civil, foi à China para tratar de possíveis “investimentos” — entre eles, a “ferrovia transcontinental” Atlântico-Pacífico. Não rolou. Rui Costa é exatamente o mesmo que disse à polícia que não sabia inglês, para explicar por que assinou durante a covid, como governador da Bahia, a compra de respiradores de uma empresa estrangeira que vende maconha.
O ministro Rui, na vida real, não conseguiria tratar da construção de uma linha de bonde. No governo Lula, é quem trata da ferrovia imaginária que vai ligar os dois oceanos. É onde viemos acabar — com os piores indicadores do mundo em violência, criminalidade, educação, capacidade de competir, atraso tecnológico e por aí afora. Presidente que não sabe nada além de cevar o seu próprio conforto, e ministros que sabem tanto quanto ele — este é o Brasil de hoje.
J.R. Guzzo - Revista Oeste