segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Lúcio Vaz - Cotão de mordomias do Senado custou R$ 42 milhões ao contribuinte

(Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)


A cota para o exercício do mandato dos senadores – o Cotão – acrescida a de outros penduricalhos – custou R$ 42 milhões aos pagadores de impostos em 2024. Com 15 senadores, o PSD – partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG) – liderou a gastança, com R$ 7,9 milhões. O PL do ex-presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 5,9 milhões. O PT de Lula, com oito senadores, torrou R$ 5 milhões – a maior média por senador: R$ 624 mil. A maior despesa foi com locomoção, hospedagem, alimentação e combustível – R$ 7,3 milhões – seguida dos serviços de apoio parlamentar – R$ 7 milhões. Nessa cota, estão incluídas despesas com a autopromoção dos senadores. A divulgação da atividade parlamentar custou mais R$ 5,1 milhões.

Além do Cotão, há outras despesas menores, mas nem tanto. Os senadores gastaram R$ 2,2 milhões com Correios, R$ 3,6 milhões com viagens em missão oficial, principalmente para o exterior, e R$ 664 mil com impulsionamento em redes sociais. Entre as despesas, há algumas extravagâncias. O líder da minoria no Senado, Ciro Nogueira (PP-PI), gastou R$ 574 mil, sendo R$ 306 mil com locomoção. Ele alugou uma caminhonete Toyota Diamond SW4 por 10 meses por um total de R$ 150 mil – cerca de R$ 15 mil por mês.


Os campeões

No ranking individual, a maior gastança foi feita pelo senador Laércio Oliveira (PP-SE) – 928 mil. Ele investiu R$ 288 mil em locomoção, hospedagem, combustível. Sua maior despesa foi com locação de carros de luxo. Começou o ano com uma Hilux SWS. A partir de março, alugou um Jeep Commander por R$ 10,8 mil ao mês – ou R$ 86 mil em oito meses. Ele também se destaca pelas viagens internacionais. Somando as “missões oficiais” de 2023 e 2024, ele torrou R$ 580 mil.

Nelsinho Trad (PSD-MS) gastou R$ 900 mil. Ele aplicou R$ 265 mil em divulgação da atividade parlamentar – parte do valor incluído na verba de serviços de apoio. Gastou mais R$ 260 mil com viagens internacionais, sendo R$ 166 mil com diárias e R$ R$ 93 mil com passagens. Ele liderou o ranking dos gastos com viagens em 2024.

Messias de Jesus (PP-RR) investiu R$ 227 mil em serviços de apoio ao parlamentar. Só a empresa Supernova Marketing levou R$ 225 mil. Ele aplicou mais R$ 136 mil em divulgação do mandato. Em outubro, pagou à empresa FM Holanda R$ 103 mil pela impressão de 100 mil panfletos de divulgação de suas atividades parlamentares – a conhecida autopromoção. Acostumado a alugar carrões, gastou R$ 105 mil com a locação de uma Trailblazer por R$ 10 mil ao mês.


Chico Rodrigues (PSB-RR) gastou R$ 802 mil. Ele torrou R$ R$ 131 mil com o aluguel de uma Amarok por R$ 10,9 mil mensais. A verba total com locomoção chegou a R$ 178 mil. Investiu mais R$ 153 mil na divulgação do seu mandato e R$ 145 mil na contratação de serviços de apoio ao parlamentar, no caso, a impressão de 59 mil informativos de divulgação das suas ações parlamentares. O vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) gastou R$ 791 mil. Sua maior despesa foi com divulgação da atividade parlamentar – R$ 244 mil. Gastou ainda R$ 30 mil com a distribuição de outdoors para a divulgação do seu mandato.


A gastança dos líderes

Entre as principais lideranças do Senado, o líder da bancada do PT, Bato Faro (PA), gastou um total de R$ 726 mil, sendo R$ 164 mil na divulgação do mandato. Ele aplicou R$ 76 mil na impressão de informativos de divulgação do mandato – uma estratégia um tanto ultrapassada. Mas também investiu mais R$ 60 mil com as redes sociais. Ele reforçou a sua autopromoção investindo mais R$ 228 mil com serviços de apoio, como a contratação de consultorias em orçamento e gerenciamento das redes sociais.

O líder do PT no Congresso, Randolfe Rodrigues, gastou R$ 681 mil. A sua maior despesa foi com passagens aéreas – R$ 392 mil. Sem seguida, aluguel de imóvel para escritório político, no valor de R$ 115 mil. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (BA), gastou R$ 648 mil. A sua maior despesa foi com locomoção: R$ 267 mil. Ele torrou R$ 159 mil com a locação de um Jeep Compass. O custo mensal do aluguel ficou em R$ 14,5 mil.

O líder do PL, Wellington Fagundes (MT) gastou apenas R$ 252 mil. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN) fez uma despesa de R$ 334 mil, sendo R$ 58 mil com o aluguel de uma Trailblazer. Em cinco meses, a locação custou R$ 9 mil. Depois, caiu para R$ 6 mil e R$ 7,2 mil.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) teve despesas modestas. Gastou um total de R$ 230 mil – a maior parte com a contratação de empresa Veredas Assessoria e Consultoria, que recebeu R$ 96 mil – ou R$ 8 mil mensais. Mas o presidente tem outras mordomias, como residência oficial no Lago Sul, seguranças em Brasília e em viagens em jatinhos da FAB para  Belo Horizonte, onde tem residência, ou em missões nacionais e internacionais.






Lúcio Vaz - Gazeta do Povo