Membro do governo Bolsonaro vinha sofrendo pressões políticas depois de vazamento de conversas sobre supostos favorecimentos
Em meio a pressões depois de vazamentos de áudios de conversas telefônicas, Milton Ribeiro foi exonerado nesta segunda-feira, 28, do comando do Ministério da Educação (MEC). A decisão assinada pelo presidente Jair Bolsonaro foi publicada em edição extraordinária do Diário Oficial da União (DOU).
Milton Ribeiro é alvo de um inquérito da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de favorecimentos a pastores na distribuição de verbas do MEC. O ministro deveria comparecer ao Senado nesta semana para responder sobre o episódio.
Entenda a denúncia
Em áudio vazado pelo jornal Folha de S.Paulo e repercutido pela imprensa na última semana, o ministro afirmou que o pedido de prioridade aos pastores teria partido do presidente Jair Bolsonaro.
No diálogo, Milton Ribeiro fala com prefeitos e dois pastores, Gilmar dos Santos e Arilton Moura. “Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do Gilmar”, disse.
Também na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo divulgou que o prefeito Gilberto Braga (PSDB), da cidade de Luís Domingues (MA), disse que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil adiantados apenas para protocolar demandas. Em seguida, definiu o preço da propina. “Traz 1 quilo de ouro para mim”, teria dito o pastor ao governante municipal.
Defesa
No primeiro momento, Milton Ribeiro rebateu as denúncias de irregularidades e atendeu veículos de imprensa para tentar explicar o caso. O ministro divulgou também uma nota, na última semana, dizendo não existir nenhuma possibilidade de ele “determinar alocação de recursos para favorecer ou desfavorecer qualquer município ou Estado”.
Mas, depois de o vazamento virar crise para o governo, Ribeiro aceitou falar à Comissão de Educação do Senado sobre o caso, atendendo a um requerimento de Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O ministro havia combinado a ida ao plenário em conversa com o senador Marcelo Castro (MDB-PI), presidente da comissão.
Em outro requerimento, foi convocado a depor Marcelo Ponte, presidente do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE). O órgão é responsável pela transferência de recursos a municípios. Também foram chamados os pastores mencionados no áudio — Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da mesma entidade.
Revista Oeste