domingo, 3 de janeiro de 2021

Senadores republicanos vão contestar vitória de Biden em estados-pêndulo

Um grupo de 11 senadores republicanos, liderados por Ted Cruz, do Textas, afirmou neste sábado (2), que irá votar contra a certificação da vitória do presidente eleito Joe Biden em estados-pêndulo na sessão do Congresso que ratifica o resultado do Colégio Eleitoral, na quarta-feira (6).

O esforço desafia líderes republicanos do Senado, que argumentaram que seu papel em certificar a eleição é em grande parte simbólico e querem evitar um debate prolongado sobre o resultado no plenário.

Elijah Nouvelage/Reuters
O senador republicano pelo Texas, Ted Cruz, discursa durante evento de campanha para segundo turno que escolherá representante da Geórgia na Casa
O senador republicano pelo Texas, Ted Cruz, discursa durante evento de campanha para segundo turno que escolherá representante da Geórgia na Casa

Em comunicado, os senadores afirmaram pretender votar pela rejeição dos votos de estados-pêndulo que estiveram no centro das afirmações -sem provas- de Donald Trump de que houve fraude na eleição. Eles disseram que o Congresso deveria nomear imediatamente uma comissão para conduzir uma auditoria emergencial de dez dias nesses locais.

"Uma vez completada, os estados, individualmente, avaliariam as descobertas da comissão e poderiam convocar uma sessão especial legislativa para certificar uma mudança em seu voto, se necessário", diz o texto.

Assinam o comunicado junto com Cruz os senadores Ron Johnson, James Lankford, Steve Daines, John Kennedy, Marsha Blackburn, Mike Braun, além dos eleitos no pleito de 3 de novembro Cynthia Lummis, Tommy Tuberville, Bill Hagerty e Roger Marshall, que tomam posse neste domingo (3).

Vários senadores do partido afirmaram que não apoiam qualquer esforço que visa inviabilizar a certificação do resultado. O representante da Pensilvânia na Casa, o republicano Pat Toomey, criticou seus colegas por subverter a vontade de eleitores que escolheram seus representantes e afirmou que a derrota de Trump em seu estado se deve à queda do apoio dos subúrbios e na maioria dos condados rurais, e não por fraude.

"Eu pretendo defender vigorosamente nossa forma de governo ao fazer oposição a esse esforço para privar os direitos de milhões de eleitores no meu estado e em outros."

O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, foi um dos integrantes da sigla a já ter reconhecido a vitória democrata, em 15 de dezembro, e instou seus correligionários da Casa a se absterem de contestar a certificação na quarta.

Já o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, que chegou reverter ação judicial que o pressionava a negar vitória de Biden, afirmou, por meio de seu porta-voz, que legisladores têm o direito de fazer suas objeções.

"O vice-presidente acolhe os esforços de membros da Câmara e do Senado de usar a autoridade que possuem sob a lei para fazer objeções e trazer evidências perante o Congresso e o povo americano em 6 de janeiro."

O porta-voz da campanha de Biden, Michael Gwin, diminuiu a importância da iniciativa ao chamá-la de teatro que não é baseado em qualquer evidência.

"Essa manobra não vai mudar o fato de que o presidente eleito Biden assumirá em 20 de janeiro, e essas alegações infundadas já foram analisadas e desconsideradas pelo próprio secretário de Justiça de Trump [William Barr, que já deixou o cargo], dezenas de tribunais e autoridades eleitorais de ambos os partidos."

O movimento republicano, apesar de simbólico, tem pouca chance de impedir a posse do democrata em 20 de janeiro. No comunicado, os senadores reconheceram que não esperam necessariamente ter sucesso. "Não somos ingênuos. Esperamos realmente que a maioria, senão todos os democratas e talvez mais do que alguns republicanos votem de outra forma."

A iniciativa contra a certificação vem na esteira das afirmações do senador Josh Hawaley, republicano do Missouri, o primeiro da Casa a dizer que desafiaria o resultado da eleição. Alguns republicanos da Câmara dos Deputados também pretendem contestar a contagem de votos. 

Reuters