sexta-feira, 8 de maio de 2020

Vírus chinês, IPCA cai 0,31% em abril, 2ª maior deflação desde o início do Plano Real

Em meio à crise provocada pelo vírus chinês, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou em abril a segunda maior deflação do Plano Real. O índice oficial de inflação do País foi de 0,31%, informou o Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, 8.
A mínima histórica do IPCA é de agosto de 1998, de -0,51%.  Levando-se em conta apenas os meses de abril, a mínima até agora havia sido registrada em 2017, quando houve deflação de 0,14%. 
Os números de abril já mostram claramente os efeitos da pandemia provocada pelo vírus chinês, Covid-19, na economia, que tem operado de uma maneira completamente disfuncional, com aumento drástico da demanda por alguns produtos mas, ao mesmo tempo, outros setores completamente fechados. 
Dentro desse cenário, a maior pressão de alta dentro do IPCA veio  do grupo Alimentação e Bebidas, com aumento de 1,79% no mês. Não foi a maior alta de abril - as passagens aéreas, por exemplo, subiram 15,10%. Mas, como alimentos e bebidas têm peso relativo maior dentro do índice, sua influência é mais forte.
Por outro lado, os preços dos combustíveis recuaram 9,59% no mês passado, como reflexo direto da queda drástica das cotações do petróleo no mercado internacional. Em abril, o óleo tipo WTI, nos Estados Unidos, chegou a ter cotação negativa. O grupo Transportes, como um todo, teve queda de 2,66%, o maior impacto negativo dentro do IPCA.
Inflação
Compras de alimentos pesaram no orçamento das famílias em abril, com alta de 1,79%. 
Foto: Alex Silva/Estadão - 17/4/2020
No ano, o IPCA acumula alta de 0,22% e, nos últimos 12 meses, de 2,40%, abaixo dos 3,30% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2019, a taxa havia ficado em 0,57%.

Mesmo com o dólar alto, a maioria das instituições consultadas acreditam que o IPCA vai fechar o ano em 2,20%, na mediana das projeções, bem aquém do piso da meta de 2,50%. As projeções vão de 1% a 2,70%. 

Cícero Cotrim e Thaís Barcellos, O Estado de S.Paulo