sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O efeito dominó em escândalo de corrupção na Paraíba

Na república dos grampos, o escândalo recente na Paraíba cravou um novo recorde, com nada menos que oito anos de registros de conversas nem um pouco republicanas entre o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e o empresário Daniel Gomes da Silva. 

Ocorridos de 2010 a 2018, os diálogos foram gravados clandestinamente por Silva e terminaram nas mãos do Ministério Público após o empresário firmar um acordo de delação premiada. 

Segundo os investigadores, os áudios mostram que Coutinho desviou pelo menos 134,2 milhões de reais destinados às áreas da saúde e da educação do estado. 

O ex-governador foi preso preventivamente no âmbito da Operação Calvário, mas já está em casa graças a uma decisão de Napoleão Nunes Maia Filho, ministro do Superior Tribunal de Justiça. 

Nos áudios que vieram a público, Silva trata com Coutinho sobre o pagamento de uma propina referente a 10% do valor de um contrato. Há também pedidos do ex-governador para obter ingressos de shows. 

Em outra delação, a ex-procuradora-geral do estado Livânia Farias, que atuou como secretária de Coutinho, diz ter entregado ao político mais de 4 milhões de reais. 

O escândalo ainda levantou suspeitas sobre o atual governador, João Azevêdo (sem partido), alvo de mandados de busca e apreensão. 

Aos investigadores, Silva disse que o mandatário não só se beneficiou dos desvios para abastecer sua campanha como solicitou que o esquema fosse expandido em sua chegada ao Executivo. Azevêdo e Coutinho negam as acusações. 

Considerando-se o volume e o conteúdo das gravações, vai ser difícil provar a inocência deles.

Edoardo Ghirotto , Veja