domingo, 4 de dezembro de 2016

Manifestações devem ocorrer em 232 cidades neste domingo


Stella Borges - O Globo

Manifestantes em frente ao Congresso Nacional - Andre Coelho / Agência O Globo


Os grupos Vem pra Rua e Movimento Brasil Livre (MBL) — dois dos principais organizadores de protestos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff — voltam às ruas neste domingo em defesa da Operação Lava-Jato e contra as alterações no pacote anticorrupção proposto pelo Ministério Público Federal. As mudanças, aprovadas na madrugada da última quarta-feira na Câmara, desfiguraram a proposta das 10 Medidas, destinadas a fechar o cerco contra corruptos e agilizar o trâmite das ações na Justiça.

O Vem pra Rua anuncia protestos em 232 cidades dos 26 estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, a manifestação acontece às 14 horas na Avenida Paulista. Na página do evento no Facebook, 135 mil pessoas haviam confirmado presença até a noite deste sábado. O evento já foi compartilhado mais de 1 milhão de vezes. Também estão sendo convocados atos em oito cidades no exterior: Sydney, Springfield, Nova York, Montreal, Londres, Lisboa, Dublin e Cidade do México.


Os deputados incluíram no “pacote anticorrupção” o crime de abuso de autoridade para juízes e procuradores, que podem passar a enfrentar retaliação dos investigados. E retiraram, por exemplo, o crime de enriquecimento ilícito, que ocorre quando a origem dos bens não é justificada pela renda de agentes públicos.

Para os líderes do protesto, o pacote aprovado pelos deputados é um retrocesso. O ato também servirá para pedir a saída do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que na última quinta-feira virou réu no Supremo Tribunal Federal, e o fim do foro privilegiado, que alcança praticamente todos os políticos.

Não podemos admitir cangaço, diz promotor

O promotor Roberto Livianu, do ​Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), convidado pelo Vem pra Rua para discursar durante o ato deste domingo na Paulista, afirma que o pacote anticorrupção foi mutilado pelos deputados.

— Intactas mesmo ficaram apenas duas das 10 medidas anticorrupção propostas, a da transparência e a criminalização do caixa 2. Todas as demais foram mutiladas, algumas completamente, outras parcialmente. Não podemos mais admitir cangaço e coronelismo. Metralharam tudo, sobrou menos de 20% do teor original. A cena que vimos na quarta-feira, com o país de luto e dormindo, é de cangaço — critica Livianu.

Em nota, o Vem Pra Rua afirma que a evolução da Operação Lava-Jato levou uma parte expressiva da classe política a demonstrar "preocupação indisfarçável com os rumos da investigação e suas consequências. Por isso, políticos tem buscado formas de impedir a evolução dos trabalhos da força-tarefa e a aprovação de leis que possam punir os que cometeram crimes.