sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Diplomatas americanos não serão expulsos de Moscou, diz Putin


Presidente russo, Vladimir Putin (à esq.), em encontro com o presidente americano, Barack Obama, à margem da cúpula do G20 em Hangzhou, na China, em 5 de setembro de 2016 - ALEXEI DRUZHININ / AFP


Com O Globo com agências internacionais 


Medida havia sido proposta por chanceler russo, mas dependia de aprovação do presidente


MOSCOU — O presidente Vladimir Putin condenou nesta sexta-feira uma nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra a Rússia, mas disse que Moscou não retaliará expulsando diplomatas americanos do país. A medida havia sido proposta pelo ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, em declarações transmitidas na TV, mas precisava ser aprovada pelo presidente.

Em uma declaração publicada no site do Kremlin, Putin referiu-se às novas sanções como uma "provocação destinada a minar ainda mais as relações russo-americanas". O líder russo, no entanto, disse que vai levar em consideração as ações do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que tomará posse em 20 de janeiro, quando for decidir os próximos passos das relações entre os países.

Na quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, ordenou a expulsão de 35 russos suspeitos de espionagem e impôs sanções a duas agências de inteligência russas por seu envolvimento em supostos ciberataques contra grupos políticos americanos nas eleições presidenciais de 2016.

Em resposta, Lavrov recomendou nesta sexta-feira que 31 diplomatas americanos fossem expulsos de Moscou e quatro de São Petersburgo, e a proibição de funcionários dos serviços diplomáticos dos EUA de usarem duas instalações em Moscou.

O FBI culpou diretamente serviços de inteligência russo de interferirem na eleição presidencial americana, divulgando na quinta-feira o relatório mais definitivo sobre o tema até o momento, que incluiu amostras de códigos de computador nocivos que teriam sido usados em uma ampla campanha de invasões cibernéticas.

A partir de meados de 2015, a agência de inteligência externa russa, FSB, mandou um link nocivo por email para mais de mil destinatários, entre eles alvos do governo dos Estados Unidos, de acordo com a polícia federal americana em um relatório de 13 páginas de co-autoria do Departamento de Segurança Interna.

Embora o Departamento e o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional tenham dito que a Rússia está por trás dos ciberataques de outubro, o relatório é a primeira análise técnica detalhada fornecida pelo governo, e o primeiro comunicado oficial do FBI.

De acordo com o documento do FBI, entre os grupos comprometidos pelas invasões do FSB estava o Comitê Nacional Democrata (DNC).

O relatório corrobora em grande parte descobertas anteriores de empresas particulares como a CrowdStrike, que investigou as invasões ao DNC e outros locais, e é uma prévia de uma avaliação mais detalhada da comunidade de inteligência dos EUA que Obama mandou ser finalizada antes de deixar o cargo no mês que vem, disse uma fonte a par da questão.

A maior parte das informações no documento não é nova, segundo a fonte, refletindo a dificuldade de atribuir responsabilidade por ciberataques publicamente sem revelar fontes e métodos confidenciais usados pelo governo.

Alguns líderes republicanos experientes do Congresso expressaram revolta com o que chamaram de interferência da Rússia nas eleições americanas, divergindo de seu próprio presidente eleito, Donald Trump.

Democratas acusaram Moscou após a derrota de sua candidata presidencial, Hillary Clinton, enquanto Trump questionou se a Rússia realmente é culpada e disse aos democratas que superassem o assunto. Moscou vem negando reiteradamente as alegações de ciberataques.