quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Voto antecipado pode dar vitória a Hillary antes do dia da eleição

JEREMY W. PETERS
DO "NEW YORK TIMES"


Com a votação para presidente já em curso em vários Estados americanos, a democrata Hillary Clinton está começando a colher os benefícios de anos de esforços do seu partido para registrar eleitores —o voto nos Estados Unidos não é obrigatório.

Os primeiros dados sobre votação antecipada de Estados como Flórida e Carolina do Norte trazem sinais preliminares de que Hillary estava ganhando uma dianteira leve antes mesmo de a disputa ter sido atingida pela revelação de que Donald Trump gabou-se de molestar mulheres sexualmente.

Jonathan Ernst/Reuters
U.S. President Barack Obama casts his vote for president in early voting at the Cook County Office Building in Chicago, Illinois, U.S. October 7, 2016. REUTERS/Jonathan Ernst ORG XMIT: WAS924
O presidente Barack Obama vota antecipadamente em Chicago no último dia 7

Democratas estão solicitando mais cédulas para votar antecipadamente na Flórida do que estavam neste mesmo momento da campanha em 2012, com aumentos de 50% nas áreas de grande população hispânica ao redor de Miami e Orlando.

Na Carolina do Norte, onde quatro anos atrás o republicano Mitt Romney conseguiu vantagem suficiente nos votos antecipados para garantir sua vitória sobre o presidente Barack Obama no Estado, democratas estão pedindo cédulas para votar pelo correio em número maior que em 2012, enquanto a participação republicana vem caindo.

Esses resultados terão mais efeito que nunca neste ano, quando se prevê que um número recorde de eleitores vote antes de 8 de novembro.

Tantos americanos já terão votado antes do dia da eleição —mais de 40% nos Estados indecisos, segundo a campanha de Hillary— que é possível que antes de novembro já se saiba quem é o próximo presidente dos EUA.

Mas, apesar da vantagem crescente da candidata democrata nas pesquisas de intenção de voto, a campanha dela para derrotar Trump com esforços para angariar votos antecipados avança por um caminho tênue.

FLÓRIDA

Em nenhum outro Estado a guerra acirrada em torno do registro de eleitores e do voto antecipado é mais apertada e crucial que na Flórida.

Em um sinal de como pode ser pequena a margem de vitória, o Partido Democrata no Estado moveu uma ação contra o governador, o republicano Rick Scott, para exigir que ele estendesse o prazo final do registro de eleitores, fixado para 11 de outubro, devido às dificuldades causadas pelo furacão Matthew na semana passada.

Na segunda (10), um juiz federal concordou em prorrogar o prazo em mais um dia e marcou uma audiência para esta quarta (12) para estudar sua prorrogação adicional.

Tirando a possibilidade de uma reviravolta enorme em outros Estados indecisos, Trump perderá a eleição se perder na Flórida. Os republicanos no Estado reduziram sua diferença com os democratas em matéria de novos registros de eleitores, que quatro anos atrás foi de mais de meio milhão de pessoas.

A expectativa é que em poucos Estados a diferença entre os dois candidatos principais seja menor que na Flórida, Estado em que Obama ganhou por apenas 73 mil votos em 2012, e na Carolina do Norte, onde ele perdeu por 97 mil votos e Estado em que as sondagens agora apontam para um empate técnico entre Hillary e Trump.

Números preliminares dão conta de que os esforços da campanha de Hillary na Carolina do Norte estão valendo a pena. Se Trump não vencer no Estado, seu caminho para os 270 votos no Colégio Eleitoral —a eleição americana é indireta— necessários para a vitória fica bem mais complicado.

Tradução de CLARA ALLAIN