sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Onda de roubos de carga leva seguradoras a endurecer exigências, por Maria Cristina Frias

Folha de São Paulo


A disparada do roubo de carga nos últimos meses tem levado seguradoras a tornar mais rígidas suas exigências às transportadoras, afirmam executivos do setor.

O pagamento de sinistro pelas empresas subiu 27,6% neste ano, entre janeiro e agosto, em relação ao mesmo período de 2015, segundo a Marsh, que reuniu dados da Susep (que regula o setor).

Nos últimos três meses, as seguradoras têm apertado as regras para manter o mercado viável, afirma Sérgio Caron, responsável pela área de gerenciamento de riscos de transporte da corretora.

"A exigência de uma escolta armada era para cargas acima dos R$ 500 mil. Agora, baixou para R$ 300 mil. Isso encarece e, às vezes, até inviabiliza o transporte."

A franquia também subiu, diz Paulo Roberto de Souza, do sindicato paulista das transportadoras. "Antes, era, no máximo, 25%. Hoje, chega a 30%. O gasto com segurança já representa entre 8% e 12% da receita das empresas."

Além dos segmentos tradicionalmente visados, como eletroeletrônicos e medicamentos, tem crescido o roubo de alimentos e de itens de higiene e beleza, afirma Adailton Dias, diretor da Sompo Seguros.

"O índice de roubo é tão alto que há transportadoras que têm recusado cargas de alto valor", afirma Álvaro Velasco, presidente do Grupo Tracker, de rastreamento.

Algumas seguradoras também têm se retirado do segmento de transportes ou deixado de atender determinados clientes, segundo Dias. "Se essa tendência seguir, o seguro de cargas vai se tornar financeiramente inviável."

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Nível de emprego na construção civil cai pelo 23º mês seguido


construção civil no país registrou queda nos postos de trabalho pelo 23º mês seguido e está longe de apresentar recuperação.

Em agosto, 23,9 mil vagas foram fechadas, 0,88% a menos do que julho, aponta pesquisa do Sinduscon-SP (sindicato do setor) e da FGV.

O presidente do sindicato, José Romeu Ferraz Neto, afirma que uma retomada no ano que vem é improvável devido ao corte de empregos na preparação de terrenos.

Entre janeiro e agosto houve diminuição de 15% na comparação com o mesmo período de 2015.

"Para termos alguma reação em 2017, as empresas tinham que estar com novos empreendimentos. Com a preparação de terreno nesse nível, será um ano muito difícil", afirma.

Ele diz que o setor depende de obras de infraestrutura e da aprovação das reformas trabalhista e previdenciária.

Desconsiderados efeitos sazonais, 462,9 mil trabalhadores do setor foram dispensados nos últimos 12 meses. Para Ferraz Neto, o número deve chegar a 400 mil" em 2016.


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Braços cruzados

Nem só a votação do teto dos gastos públicos e a reforma da Previdência preocupam o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda.

Ele se reuniu nesta semana por dois dias com Wellinton Roberto (PR-PB), deputado relator do projeto que muda regras da carreira de servidores da Receita Federal.

Na quarta-feira (19), o encontro reuniu também Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara.

Desde terça-feira (18), há uma greve dos auditores, que pode ter impactos na repatriação, afirma Cláudio Damasceno, secretário do sindicato da categoria.

"Temos atividades referentes ao processo. Não adianto o que será, mas pode haver problemas à medida que a data final de adesão (31 de outubro) se aproxima."

Os funcionários acham que o projeto iguala a categoria dos analistas à de auditores.
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Oi no Maraca

Os administradores judiciais da Oi avaliam se fazem a assembleia extraordinária de credores para aprovar o plano de recuperação da tele no estádio do Maracanã.

É um dos lugares com capacidade para abrigar as mais de 66 mil credores que têm uma parte dos cerca de R$ 65 bilhões de dívidas da empresa, hoje protegidos pela recuperação judicial.

A coluna apurou que a tele procura um local, mas que ainda não fez cotação com nenhum espaço.

Cada um dos detentores de título terá direito a voto, segundo uma determinação do juiz Fernando Viana, responsável pelo processo.

Ainda não há data marcada para a assembleia.

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Largo da Carioca

A MDL, incorporadora que atua em São Paulo e no Rio, vai lançar um condomínio de pequenos apartamentos residenciais no centro carioca, o seu primeiro na região.

O investimento é de R$ 30 milhões, sendo R$ 10 milhões da empresa e outra empréstimo, esperado para quando 20% da obra estiverem concluídos.

Outros edifícios residenciais, de outras construtoras, foram lançados no passado recente e vão bem de vendas, segundo Flávio Velloso, diretor de incorporação.

"A legislação do centro permite unidades mais compactas, para profissionais que trabalham no centro."

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Prédio vazio Três em cada 10 edifícios das classes A+ e A no Rio de Janeiro estão desocupados, aponta a SiiLA Brasil, focada em imóveis de alto padrão. O estoque supera 1 milhão de m². Na região do Porto Maravilha, a taxa é de 94%.
Escola A rede de ensino Espaço do Empreendedor, hoje on-line, abrirá escolas físicas, com um aporte de R$ 30 milhões feito pelos quatro sócios do negócio e por franqueados. A primeira, em São Paulo, deverá ser aberta em 2017.
Rolagem A falta de dinheiro para contas fixas foi a principal razão que levou usuários da plataforma de crédito Simplic a pedir empréstimos no primeiro semestre deste ano. Em segundo, vem a quitação de outras dívidas.
Pílulas A farmacêutica GlaxoSmithKline doou 11,4 milhões de comprimidos de um remédio antiparasitório ao Ministério da Saúde. A doação representaria, considerando o preço da última aquisição, economia de R$ 5,6 milhões.
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Hora do café

com FELIPE GUTIERREZTAÍS HIRATA e IGOR UTSUMI