A energia eólica já responde por 30% do consumo de eletricidade da Região Nordeste e há dias em que, em certos momentos, os parques eólicos chegam a fornecer até 15% da energia consumida em todo o País, mas, pelo menos por enquanto, o avanço dessa fonte de energia limpa e sustentável está comprometido. Ainda há pouco, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) emitiu uma nota técnica revelando que, em alguns Estados, a rede de transmissão não tem mais capacidade para escoar eletricidade gerada por novos empreendimentos nessa área.
Como resultado, 758 projetos de energia eólica e solar na Bahia, no Rio Grande do Norte e no Rio Grande do Sul ficarão fora do leilão previsto para realizar-se em dezembro, que adicionaria 7 mil megawatts (MW) à oferta nacional de energia.
São muitos os exemplos de falta de planejamento nos projetos de infraestrutura surgidos no governo do PT. O da energia eólica é gritante, pois deixa claro o descompasso entre a construção de novos parques e a conclusão de linhas de transmissão para possibilitar o início da geração. Isso ocorreu com frequência, gerando pesados prejuízos. A insolvência da espanhola Abengoa, que assumira a responsabilidade por vários projetos de transmissão no Nordeste, agravou o problema.
O resultado é que, mesmo onde a ONS identifica alguma folga na rede, há gargalos que podem afetar o fornecimento regular. “Se o Ceará, por exemplo, usar um porcentual maior da capacidade da rede, o Piauí não poderá usar, porque há restrição na região”, afirma Elbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica.
Para eliminar novas defasagens, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) condicionou a realização de leilões de parques eólicos e solares fotovoltaicos à existência prévia de “parecer de acesso”, documento capaz de garantir que haja linhas de transmissão para cada projeto.
Convém notar, porém, que a carência de linhas de transmissão não se limita ao Nordeste e se faz sentir em vários pontos do País. Como as regras estabelecidas pelo governo Dilma impunham taxa de retorno muito baixa para os investimentos, a expansão do setor foi comprometida. No último leilão de transmissão, em abril, por exemplo, somente 14 dos 24 lotes foram arrematados, com grandes deságios.
Esta situação pode pôr em risco o potencial de desenvolvimento do País, mas há indicações de que será corrigida.