Desde que foi cassado, há 38 dias, Eduardo Cunha atribui sua derrocada a Michel Temer e aos auxiliares palacianos do presidente. Com o passar do tempo, Cunha evoluiu da lamentação para a execração. Vangloriava-se de ter “enxotado Dilma” da Presidência da República. Considerava-se credor de alguma “gratidão”. E queixava-se de ter recebido apenas “traição”. Ao ser preso, nesta quarta-feira, Cunha levou seus rancores para a carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Hoje, nas palavras de um amigo, Cunha nutre por Temer e pelo governo dele “uma profunda mágoa”.
A despeito da revolta, o ex-mandarim da Câmara dizia em privado que não se tornaria um delator. Fustigaria os “traidores” no livro que pretendia lançar antes do Natal. A julgar pela primeira manifestação do advogado de Cunha depois das últimas novidades —“Delação não está no nosso radar”—, a prisão não alterou a disposição do seu cliente. Mas o amigo que se dispôs a conversar com o blog comentou: “Dentro de um mês, o Eduardo Cunha será a mesma pessoa. Com uma diferença: ele terá passado 30 dias atrás das grades. E isso pode fazer uma extraordinária diferença.”