quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Brasil terá superavit em 2020, diz economista chefe do Itaú

Ana Paula Ribeiro - O Globo


O Brasil só conseguirá um resultado primário positivo, quando as receitas superam as despesas (excluindo juros), em 2020. Até lá, a dívida pública bruta irá alcançar 80% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo projeções do Itaú Unibanco.

-- A dívida brasileira está em uma trajetória explosiva-- afirmou Mário Mesquita, economista-chefe do banco. 

Atualmente o deficit primário está em torno de 70% e seguirá em alta nos próximos anos. Sua estabilização, e posterior queda, depende de um maior crescimento da economia, da redução dos juros e o superavit primário, que foi registrado pela última vez em 2013.

Essa piora do perfil da dívida ocorreu, na avaliação de Mesquita, devido a uma trajetória perfeita: reconhecimento das pedaladas fiscais, aumento dos juros e recessão.

Esse é um dos indicadores observados pelas agências de classificação de risco e sua perspectiva de piora levou o Brasil a perder o grau de investimento no ano passado. Na época, a relação dívida/PIB estava abaixo de 65%.

-- Por aí você vê o esforço que é preciso ser feito para recuperar o grau de investimento. Na média, quem perde o grau de investimento leva 7 anos para recuperar, mas olhando como estamos hoje, o Brasil pode demorar mais -- explicou.

REFORMAS

A volta do superavit primário depende da aprovação de reformas fiscais. Segundo Mesquita, essa melhora depende de uma mudança na Previdência, que pode encontrar resistência no Congresso Nacional.

-- Se as reformas não passarem, uma das consequências é que o câmbio vai subir -- avaliou, lembrando que o risco país está em queda de queda nas últimas semanas devido à PEC dos gastos, mas só ela não é suficiente.
O Itaú espera que o PIB desse ano irá cair 3,2%, mas o recuo pode ser maior devido aos dados de atividade de agosto e setembro, que estão abaixo do esperado. Para o ano que vem, é esperado um crescimento de 2%.

A atividade mais fraca que o esperado deve fazer o BC cortar os juros em 0,5 ponto na última reunião do ano e gradualmente a Selic chegará a 10% no final do ano que vem, segundo as projeções do Itaú.

Apesar disso, consumo e desemprego só devem começar a melhorar em 2018. No ano que vem, a expectativa é que em meados do ano que vem a taxa de desemprego atinja o pico de 12,6%.