Um adolescente de 16 anos morreu em uma ocupação de uma escola estadual em Curitiba na tarde desta segunda (24).
A morte de Lucas Eduardo Araújo Lopes foi confirmada pela Secretaria da Segurança do Paraná. No final da tarde desta segunda, policiais militares e civis estavam no Colégio Estadual Santa Felicidade para realizar interrogatórios e buscar uma explicação sobre o que aconteceu.
Mesmo ainda não esclarecido, esse episódio já serviu para acirrar os apelos pró e contra as ocupações das escolas estaduais no Paraná. Cerca de 800 colégios estão tomados por alunos, quase metade das 2.000 escolas do Estado. As ocupações começaram no início de outubro.
| Estelita Hass Carazzai/ Folhapress | ||
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| Carro do IML em frente ao Colégio Estadual Santa Felicidade, em Curitiba, onde um adolescente morreu |
Os estudantes que ocupam as escolas protestam contra a reforma do ensino médio e prometem permanecer nos colégios até a retirada da medida provisória enviada ao Congresso pelo governo Michel Temer (PMDB).
Nas redes sociais, o governador Beto Richa (PSDB) lamentou a morte do estudante e disse que ela merece "uma profunda reflexão da sociedade".
Já na frente do colégio, um grupo de advogados e professores se queixava de que o governo "incitou a violência" contra as ocupações e o culpava pelo ocorrido. "Esse colégio não tem faca, não tem armas. A culpa dessa morte é do governo do Paraná, que esta incitando a violência contra as ocupações", disse a advogada Tânia Mara Mandarino, que defende voluntariamente as ocupações. Ela diz que outras escolas tiveram tentativas de confronto por manifestantes contrários às ocupações. "O resultado está aí: temos um cadáver", afirmou.
CLIMA
No Colégio Estadual Santa Felicidade, onde a morte aconteceu, na tarde desta segunda-feira policiais protegiam a entrada da unidade. Somente os pais do aluno e de alguns outros estudantes, além de um grupo de advogados, foram autorizados a entrar.
Gritos e choros eram ouvidos do lado de fora. Pelo menos 12 estudantes estavam no local no momento da morte, e foram interrogados em conjunto pelo delegado que investiga o caso. A mãe da vítima, segundo Mandarino, estava em estado de choque. "Esse colégio estava numa verdadeira paz", disse a professora Loren Júlia, 45, que dá aulas de português na escola. "Tem todas as regras na entrada."
Um cartaz em frente ao colégio diz: "Proibido artigos ilícitos dentro da instituição. Favor deixar na portaria. Não resista."
Algumas televisões locais conseguiram imagens que mostram uma faca e manchas de sangue dentro do colégio, mas não há informações oficiais a respeito. O colégio está ocupado há cerca de 20 dias. A Secretaria da Segurança informou que está tratando o caso como prioridade absoluta.
OCUPAÇÕES
As ocupações em escolas paranaenses começaram no início de outubro em protesto contra a medida provisória do governo Michel Temer (PMDB) que prevê a reforma do ensino médio.
A medida prevê a flexibilização do currículo, com disciplinas optativas, nas redes pública e particular. Também visa incentivar a expansão do ensino integral. Uma das principais polêmicas envolveu a retirada da exigência de artes, educação física, filosofia e sociologia nessa etapa do ensino.
O governo diz, porém, que elas estarão contempladas, já que a Base Nacional Comum Curricular, que ainda está em discussão, dará essas diretrizes.
