terça-feira, 27 de setembro de 2016

Prevenção e detecção de fraudes é a maior preocupação dos auditores no Brasil

Cynthia Decloedt - O Estado de S.Paulo

Segundo pesquisa global realizada pela Delloite, os auditores internos estão ganhando importância dentro das empresas e buscam ter maior influência e relevância frente a executivos de conselhos, diretorias e comitês das empresas

Os auditores internos brasileiros estão mais preocupados do que profissionais de outras partes do mundo com práticas relacionadas a compliance e com a prevenção e identificação de fraudes, segundo pesquisa global realizada pela Delloite, em parceria com o Instituto dos Auditores Internos do Brasil (IIA Brasil). Esses temas têm demandado das empresas esforços relevantes para identificar e mitigar riscos desta natureza, em meio as investigações de corrupção que acontecem no País.
O levantamento identificou que para os auditores internos brasileiros, as qualificações em prevenção e detecção de fraudes (70%), análise de dados (67%) e modelos de riscos (66%) tendem a ser as mais demandadas para a área de auditoria interna nos próximos três a cinco anos. Entre os auditores globais, a pesquisa mostrou que a prevenção e detecção de fraude é considerada importante para 63% dos auditores, a análise de dados, para 69%, e os modelos de risco, para 46%.
Foto: Free Images
ctv-l2p-board governanca freeimages home
Eficiência nas operações em uma companhia é crucial para superar crises
No Brasil, há também uma indicação maior (26%), em relação à amostra global (13%), de que a proporção de serviços de assurance (conformidade) irá aumentar, o que, segundo a pesquisa, pode ser interpretado como reflexo da maior ênfase das organizações do País em temas relacionados a compliance e às investigações de fraudes e casos de corrupção, que têm demandado das empresas esforços relevantes para identificar e mitigar riscos desta natureza.
Em sua quarta edição, a pesquisa "Auditoria Interna no Brasil" identificou que, globalmente, os auditores internos estão ganhando importância dentro das empresas e buscam ter maior influência e relevância frente a executivos de conselhos, diretorias e comitês das empresas, à medida que as exigências relacionadas a compliance, regulamentação, mercado e tecnologia vão se tornando maiores. Ao mesmo tempo, a pesquisa mostra que os executivos acreditam que o auditor independente pode ajudar a antecipar riscos e eventos relevantes para a companhia.
Uma parcela expressiva (85% da amostra global, e 82% da amostra do Brasil) acredita que a auditoria interna deve passar por mudanças moderadas ou significativas para viabilizar o sucesso da área nas organizações onde atuam. Ao mesmo tempo, há uma expectativa, por parte de 55% dos que responderam à pesquisa no mundo e 48% no Brasil, de que a proporção de serviços de advisory (consultoria) irá aumentar no prazo de três a cinco anos.
"Para garantir o maior alinhamento com os objetivos da alta administração, os serviços de consultoria da auditoria interna tendem a ganhar maior importância, para junto ao serviços de conformidade, viabilizar uma atuação relevante e estratégica, pautada na geração de valor", afirmou ao Broadcasto sócio da área de Risk Advisory da Deloitte, Paulo Vitale.
"O ambiente de negócios está mudando de forma relevante, do ponto de vista tecnológico, de regulamentação, concorrência e em termos de conjuntura econômica, especialmente no Brasil. Por isso, as áreas de auditoria interna precisam estar preparadas", acrescentou.
O executivo pontuou que outra grande mudança esperada está no uso de ferramentas de analytics, conceito que envolve práticas de análise avançada de dados. "Essas ferramentas facilitam mensurações e o convencimento dos executivos das conclusões e recomendações dos auditores internos", destacou.
O estudo mostrou, entretanto, que apesar de uma forte demanda pela utilização de ferramentas de analytics, a capacitação para empregar essas técnicas ainda é básica para a maior parte (55%) das empresas globais participantes do estudo e para uma parcela expressiva (39%) das brasileiras.
Orçamentos estáveis. Vitale destacou ainda que, apesar de todas essas questões, a grande maioria das empresas entrevistadas prevê que seus orçamentos para a área de auditoria interna se manterão estáveis ou crescerão moderadamente, o que pode limitar ou, eventualmente, comprometer o objetivo de prevenção de riscos. "Isso pode implicar que áreas importantes deixem de ser cobertas", afirmou. De acordo com a pesquisa, 80% dos que responderam no Brasil e 90% dos globais estimam gastar o mesmo ou um pouco mais com auditoria interna.

A pesquisa contou com participação de empresas dos setores de bens de consumo, indústria e serviços financeiros. No âmbito global, 48% das empresas participantes faturam até US$ 1 bilhão. Entre os respondentes do Brasil, 56% das organizações assinalaram faturar até este valor. Em ambas as amostras, uma parcela significativa também se concentra na faixa de faturamento de US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões.