terça-feira, 13 de setembro de 2016

O ‘esculacho’ de Valério em petista

Eduardo Gonçalves - Veja


Condenado no mensalão e réu na Lava Jato, o publicitário Marcos Valério afirmou ao juiz Sergio Moro que “deu um esculacho” em Silvio Pereira, então secretário-geral do PT, ao saber a finalidade que teria o empréstimo de 6 milhões de reais pedido pelo político — comprar o silêncio do empresário Ronan Maria Pinto sobre o suposto envolvimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dos ex-ministros José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, em janeiro de 2002, conforme ele contou em depoimento nesta segunda-feira. Num primeiro momento, Valério havia topado em transferir o dinheiro para pagar a extorsão. No entanto, ao saber de mais detalhes do esquema e de quem era Ronan, desistiu do empréstimo, que foi, então, assumido pelo pecuarista José Carlos Bumlai.
“Eu, Marcos Valério, a [empresa] 2S, teria que fazer o depósito e eu teria esse dinheiro disponível nessa data. E aí nesse meio tempo eu vou a Brasília, procuro saber das coisas. Encontro o senhor Silvio Pereira, viro para ele e falo assim: Não vou transferir. Me inclua fora dessa brincadeira. O que eu descobri é muito grave. E ainda dou o maior, como seria o termo?”, pergunta o publicitário. “Esculacho”, pontua Moro. “Isso. Esculacho nele. Falei: Não vou transferir. Como eu não vou transferir mesmo, ninguém me deve”, completou o operador financeiro do mensalão.