A força-tarefa da Lava Jato deu detalhes de como chegou ao nome de Antonio Palocci e quais seriam as ligações dele com a Odebrecht.
Quando a força-tarefa da Lava Jato encontrou a planilha chamada ”Posição Especial Programa Italiano”, em fevereiro, acreditava que poderia se tratar do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que tem nacionalidade italiana.
Nesta segunda-feira (26), os investigadores disseram:
“Hoje podermos afirmar sem sombra de dúvidas que quando a Odebrecht se referia a ‘Italiano’, ela se referia a Antonio Palocci Filho”, disse Fillipe Hille Pace, delegado da Polícia Federal.
Na entrevista coletiva, a força-tarefa afirmou que percebeu através de diversos e-mails e mensagens de celular de Marcelo Odebrecht que ‘Italiano’ e Guido Mantega eram pessoas diferentes.
Em várias, aparece o nome de Brani, que seria Branislav Kontic, então subordinado a Palocci. Numa delas, é citado diretamente o nome do ex-ministro.
"Veja com Brani que horas posso me encontrar amanhã com o Palocci (qq
horário - eh prioridade)".
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Os investigadores também deram detalhes sobre a planilha “Itália”, que fazia parte do chamado Setor de Operações Estruturadas. Segundo o Ministério Público Federal, o setor era responsável pelo pagamento de propina.
A planilha cobre o período de 2008 a 2012. E tem várias indicações com valores correspondentes. Entre eles, “Feira”, que se refere ao casal Mônica Moura e João Santana, responsável pelas três últimas campanhas do PT à Presidência.
Os investigadores encontraram uma atualização dessa planilha no celular de Marcelo Odebrecht, com pagamentos até 2013.
Segundo o juiz Sérgio Moro, a planilha tem aparência de uma espécie de conta corrente informal do grupo Odebrecht com agentes do Partido dos Trabalhadores.
“Os valores de R$ 128 milhões. A grande maioria sim era destinada ao que tudo indica ao Partido dos Trabalhadores. E um saldo de R$ 70 milhões que seria ainda entregue posteriormente a esta data de outubro de 2013. Ainda há a necessidade de aprofundar as investigações neste ponto", disse a procuradora da República Laura Tessler.
A força-tarefa também apura se R$ 6 milhões foram diretamente para Palocci e investiga o caminho dos R$ 128 milhões.
Tanto os procuradores como o juiz Sérgio Moro identificaram que vários pagamentos foram feitos fora do período eleitoral, o que também sugere não se tratar apenas de meras doações.
Os investigadores também chegaram à conclusão que “JD”, que aparece na planilha, não seria o ex-ministro José Dirceu, já condenado na Lava Jato, e sim Juscelino Antonio Dourado, chefe de gabinete de Palocci quando foi ministro da Fazenda.
Para o juiz Sérgio Moro, todo o quadro probatório revela que Antonio Palocci Filho mantinha relações intensas com o grupo Odebrecht e inclusive com Marcelo Bahia Odebrecht. Também revela que Antonio Palocci Filho, identificado pelo codinome “Italiano”, prestou, mesmo no período que exercia cargo ou mandato público, serviços ao grupo Odebrecht junto ao governo federal.
"Se Antonio Palocci Filho tem um papel maior que José Dirceu? Eu acho que não restam dúvidas. Com tudo, depois da condenação do José Dirceu no mensalão, e pelos cargos que Antonio Palocci sempre ocupou e como interlocutor do governo federal até mesmo depois de deixar o cargo de ministro da Casa Civil”, disse Pace.
A Operação Lava Jato também investiga vários indícios de que Palocci teria atuado junto ao governo federal para atender a interesses da Odebrecht.
A Operação Lava Jato também investiga vários indícios de que Palocci teria atuado junto ao governo federal para atender a interesses da Odebrecht.