O homem considerado o fiador da estabilidade da economia brasileira quando o PT chegou ao Planalto foi preso nesta segunda-feira (26) pela Polícia Federal em São Paulo. Antonio Palocci foi ministro da Fazenda do governo Lula e ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff. Agora, é suspeito de gerenciar os interesses da empreiteira Odebrecht em governos petistas.
O ex-ministro Antonio Palocci foi preso às 6h no apartamento dele, na Zona Oeste de São Paulo, e levado para a sede da Polícia Federal. Os policiais também estiveram no escritório de Palocci, na capital, e na casa que tem em Ribeirão Preto, no interior paulista.
Além de Antonio Palocci, outras duas pessoas ligadas a ele foram presas: Juscelino Antonio Dourado e Branislav Kontic, antigos assessores de Palocci nos governos Lula e Dilma.
Segundo a procuradoria, os dois assessores auxiliaram o ex-ministro num suposto esquema para favorecer a Odebrecht em contratos com o governo federal, entre 2008 e 2013.
No despacho que determina a prisão, o juizSérgio Moro afirma que surgiram provas de que Palocci seria o responsável por receber recursos da Odebrecht e coordenar o repasse a seu grupo político.
“Existe um pagamento que é feito constantemente e que forma um caixa mesmo, uma poupança, digamos assim, de onde são depois, posteriormente, pelo gestor da conta – no caso, o senhor Antonio Palocci – destinados os pagamentos no interesse do partido”, explicou a procuradora Laura Gonçalves Tessler.
Segundo a procuradoria, a Odebrecht em cinco anos repassou R$ 128 milhões a Antonio Palocci. E é justamente de até R$ 128 milhões o valor do bloqueio preventivo que o juiz Sérgio Moro determinou em contas de Palocci e dos ex-assessores dele.
A operação foi batizada de Omertá, o código de silêncio da máfia, que, de acordo com a Polícia Federal, também existia no chamado setor de propina da Odebrecht.
Por volta do meio-dia, os três foram levados para o aeroporto de Congonhas e embarcaram num avião da Polícia Federal. Chegaram a Curitiba começo da tarde. Foram direto fazer exame de corpo de delito no IML. Depois, para a sede da PF, onde ficam presos.
As três prisões são temporárias, ou seja, têm prazo inicial de cinco dias.
Policiais também cumpriram mandados em outros cinco estados e no Distrito Federal; 12 pessoas foram obrigadas a prestar depoimento.