sexta-feira, 6 de maio de 2016

Macri evita comentar impeachment de Dilma ´trambique: ‘Não quero me antecipar aos fatos’

`
Janaína Figueiredo, Correspondente - O Globo


BUENOS AIRES — Diante de uma possível derrota do governo da presidente Dilma Rousseff na votação do impeachment no Senado, semana que vem, o governo do presidente argentino, Mauricio Macri, decidiu manter-se firme em sua decisão de não opinar sobre a crise política brasileira. Em sua primeira entrevista coletiva com jornalistas estrangeiros, o chefe de Estado foi perguntado várias vezes sobre a situação do governo Dilma mas, em todos os casos, evitou fazer comentários sobre o processo de impeachment.

— Temos de respeitar as instituições brasileiras, continuo pensando da mesma maneira — disse Macri, que, ao contrário de outros chefes de Estado da região como Nicolás Maduro, da Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, não aderiu à tese do golpe contra a presidente.

— Não quero me antecipar aos fatos, prefiro que falemos (sobre Brasil) quando as coisas já tenham acontecido — afirmou o presidente argentino, quando foi consultado sobre como seria sua eventual relação com um governo de Michel Temer.

Macri e membros de seu gabinete insistiram em dizer que a Casa Rosada está trabalhando normalmente em sua relação com o Brasil, através do Ministério das Relações Exteriores e de outras pastas, como a da Produção. De fato, o ministro da Produção, Francisco Cabrera, esteve recentemente em Brasília para discutir questões comerciais com membros do governo Dilma.

— Por respeito ao Brasil, temos de ser muito cuidadosos, muito institucionais — assegurou o chefe de gabinete argentino, Marcos Peña.

O chefe de gabinete não descartou que, "no futuro", a crise brasileira possa ser discutida em "âmbitos internacionais", mas disse que isso "será visto mais pra frente".