terça-feira, 24 de maio de 2016

Deu no 'Jornal Nacional': Temer se reúne com aliados para falar de economia, governo e Lava Jato

TV Globo



O presidente em exercício, Michel Temer, e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciaram nesta terça-feira (24) uma série de medidas para tentar recuperar a economia. O anúncio foi feito numa reunião com aliados políticos.

Temer aproveitou para falar também sobre o governo dele, e repetiu que não vai interferir nas investigações da Lava Jato.
A reunião foi no Palácio do Planalto. Uma conversa do presidente em exercício com deputados e senadores de partidos aliados. Temer pontuou que seu governo é de coalizão, no dia de seu primeiro teste no Congresso: a votação da nova meta fiscal.

“E esse será o primeiro teste, de um lado do governo, de outro lado, do Legislativo, para relevar aos brasileiros que nós estamos trabalhando, e que nós estamos exercendo regularmente as nossas funções. É que as coisas estão postas de uma maneira que todos querem testar as instituições nacionais. Lamento dizer que muitos que até propuseram a modificação da meta, hoje anunciam que vão tentar tumultuar os trabalhos para impedir a votação. Isso revela aos olhos de quem vê o país como uma finalidade, e não um governo ou um partido político, revela a absoluta discordância com a tranquilidade institucional do nosso país”, afirmou Temer.
O presidente em exercício convocou seus ministros a não cair em provocações e manter o foco:

“Nós temos sido vítimas de agressões. Eu sei como funciona isso, uma agreessão psicológica para ver se amedronta o governo. Nós não temos a menor preocupação com isso. Nós não temos que dar atenção a isso, nós temos que cuidar do país. Aqueles que quiserem esbravejar façam-no o quanto quiserem, mas pela via legal, pela via democrática, até comm o nosso aplauso”.
Entre os parlamentares, o senador Romero Jucá, afastado na segunda (23) depois do vazamento de um áudio em que, entre outras coisas, comenta que o impeachment de Dilma pararia com a sangria provocada pela Operação Lava Jato. Diante dele, Temer rebateu o discurso de que seu governo busca dificultar investigações. 
“Nós não vamos impedir a apuração com vistas à moralidade pública, à moralidade administrativa. Ao contrário, nós vamos sempre incentivá-la. Eu tenho dito isso com uma frequência inaudita, mas, por mais que diga, eu vejo que muitas vezes sai uma notícia: ‘Ah, tem um esquema pra fazer isso, pra fazer aquilo’. Nós não queremos isso, ninguém quer. Penso que nem os nomes que de vez em quando são apontados também o querem. Desejam sim, no estado democrático de direito, em defesa, farão sua defesa, mas nada que o governo possa interferir”, declarou Temer.
O presidente em exercício lamentou também a intolerância que prejudica o Brasil:
“Nós precisamos pacificar, harmonizar o país. O país não pode ficar nessa situação, porque ‘ah, porque acontece isso, porque eu faço isso, faço aquilo’, não pode, não. Eu acabei de ressaltar as vantagens da oposição, mas não podemos permitir a guerra entre brasileiros, a disputa quase física. Isto é inadmissível. Nós temos os olhos voltados para toda a comunidade nacional. Não é sem razão. Em muitas e muitas ocasiões, eu tenho reiteradamente afirmando que, enquanto houver pobreza no país, nós temos que ter os nossos olhos voltados precisamente para esta categoria”.
Antes de pontuar as primeiras medidas de seu governo, Temer reafirmou o compromisso com o diálogo e disse que não tem compromisso com o erro.

“As pessoas se acostumaram a quem está no governo não pode voltar atrás. Quem está no governo, se errou, tem que ter compromisso com o erro. Nós somos como JK, nós não temos compromisso com o equívoco; portanto, quando houver algum equívoco governamental, nós reveremos este fato, de modo que eu vi aqui: ‘Bom, mas o Temer está muito frágil, coitadinho, não sabe governar’. Conversa! Eu fui secretário da Segurança Pública duas vezes em São Paulo, e tratava com bandidos. Então eu sei o que fazer em um governo, e saberei como conduzir. Agora, meus caros, quando eu perceber que houve um equívoco na fala, um equívoco na condução do governo, eu reverei essa posição. Não tem essa coisa eu não errei, eu aceito ter errado. Eu posso errar, mas se o fizer, consertá-lo-ei”, disse.

Em 13 dias de governo, Michel Temer tem provado que é bastante capaz de recuos. Por insustentável, abriu mão de Romero Jucá no ministério; por causa de protestos, desistiu de acabar com o Ministério da Cultura; criticado, se apressou em nomear duas mulheres em sua equipe. Mas toda essa flexibilidade tem a ver com a urgente necessidade de apoio popular e de votos no Congresso. Agora, mais do que nunca, para garantir a aprovação das medidas de enfrentamento da crise econômica.
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