quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Rui Falcão diferencia tratamentos dados a Delcídio e Vaccari


O presidente do PT, Rui Falcão, diz que situação de Delcídio e Vaccari são diferentes - André Coelho / Agência O Globo 08/07/2014


Sérgio Roxo - O Globo


O presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse nesta quinta-feira, em São Paulo, que a situação do líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), é diferente da do ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto, já que o senador foi preso por atividades não partidárias. Dentro do partido já há quem defenda a expulsão do senador, como o diretor do diretório paulista, Emídio de Souza.

A Executiva do PT deve se reunir na semana que vem para definir a situação de Delcídio e decidir sobre sua eventual saída do partido.

— Tem uma diferença clara entre a atividade partidária e atividade não partidária — disse Falcão.

Emídio considera que os fatos atribuídos a Delcídio são mais graves do que os relacionados a outros petistas, como Vaccari, também investigado pela Lava-Jato. O ex-tesoureiro está preso desde 15 de abril e já foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.

— Não tem nada a ver com a atividade política ou parlamentar. Não vamos pagar por uma coisa que nós não cometemos. O PT já paga um preço alto por suas posições políticas. Por erros individuais, não podemos pagar — afirmou Emídio.

Após participar de um evento sobre combate à desigualdade promovido pelo Instituto Lula, com a presença do ex-presidente, Emídio declarou sua posição com relação ao futuro de Delcídio no partido:

— Pessoalmente, sou favorável à expulsão. Não é uma posição do Diretório de São Paulo — disse o presidente do PT de São Paulo.

De acordo com o PT, a reunião da Executiva para discutir as medidas que considerar “cabíveis” contra o senador será marcada num curto espaço de tempo. Nesta quinta-feira, Rui Falcão se disse “perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão” de Delcídio.

O PT vem defendendo Vaccari, enquanto, na quarta-feira, dia em que Delcídio foi preso, uma nota do partido dizia que “não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade” ao líder do governo no Senado. Assinado pelo presidente dao PT, o comunicado afirma ainda que uma reunião da Executiva seria convocada para tomar medidas contra o parlamentar.

“Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador tem qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”, afirma a nota. “Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade”, prossegue o comunicado do PT.

Emídio disse apoiar a nota divulgada por Falcão. Na avaliação do dirigente paulista, caberá à bancada do partido no Senado responder pelo fato de ter votado majoritariamente pela revogação da prisão do senador e ter condenado a nota do presidente nacional da legenda, Rui Falcão, divulgou na quarta-feira afirmando que a sigla não deve solidariedade ao líder do governo.

— Acho que a bancada do PT vai ter que se explicar. Eu apoio a nota do presidente Rui Falcão .

PRISÃO DO SENADOR

Delcídio foi preso preventivamente na manhã de ontem, no flat onde mora, em Brasília. O senador é acusado de ameaçar parentes do ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, e de ter oferecido a ele, através de seu advogado, ajuda para fugir do Brasil e não revelar nada sobre o esquema de corrupção da Petrobras. A prisão foi determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki.

Também foram presos o banqueiro André Esteves, do banco BTG Pactual, que teria participado do conluio pelo silêncio de Cerveró; e o chefe de gabinete do senador, Diogo Ferreira Rodrigues. Já o advogado Edson Ribeiro, que trabalha para Cerveró, teve a prisão decretada, mas ainda não teria sido detido. Ele está nos Estados Unidos. Todos estão envolvidos na mesma acusação, de obstrução da Justiça.