Blog do Noblat - O Globo

Em 18 dias Marina e Beto Albuquerque tiveram que lidar com a dor da perda de um amigo, com reviravoltas no partido, com o início de uma campanha eleitoral pesada, e com a definição de um programa para ser entregue ao eleitor.
É de surpreender, portanto, que tenham errado apenas duas vezes, tendo que alterar o programa em menos de 24 horas.
Intelectuais ligados aos dois e coordenados por Neca Setúbal, da Rede, e Maurício Rands, do PSB, repassaram as bandeiras fiadas por Marina e Eduardo.
Neca Setúbal, que a Imprensa, maliciosa, faz questão de apresentar somente como herdeira do Banco Itaú, é socióloga, educadora e escritora.
Maurício Rands não faz parte da República dos Bacharéis: não pegou o canudo e se deu por doutor. Especializou-se em Direito do Trabalho pela Universidade de Bari, Itália, e fez mestrado e doutorado em Oxford.
Alguns pontos do programa de 250 páginas foram publicados em O Globo de 29/8. Destaquei alguns:
*Redução da importância do pré-sal na produção de combustíveis. Gostaria de lembrar que reduzir não é encerrar!
*Retomada da produção de etanol como prioridade. Pode alguém ser contra?
*Fim do controle artificial dos preços da gasolina e energia. Ótimo: precisamos sair do Reino da Fantasia.
*Manutenção do uso de hidrelétricas na produção de energia. Com os rios que temos, foi misteriosa a preferência por termoelétricas.
*Redução gradual do uso de termoelétricas. Desagradará alguns e agradará à maioria.
*Menos prioridade ao Mercosul e estabelecimento de relações comerciais bilaterais.Isso é de tal bom senso que é desnecessário comentar.
*Isenção de tributos para produtores de energia solar e eólica. Só quem não conhece nosso país pode ser contra esse estímulo à utilização da energia produzida pelo sol e pelos ventos.
*Escolas em tempo integral. Se o PT tivesse feito isso em 2003, em vez de plantar universidades como quem planta feijão, o Brasil já seria outro.
*Investimento de 10% da receita da União na Saúde. Esse ponto, naturalmente, só o Lula e os petistas graúdos contestam. Não precisam do SUS!
O Brasil está gravemente enfermo. Sua situação é crítica, não permite a manutenção do tratamento que só vem piorando o caso, nem tentativas a esmo.
Pego o frasco de PSB. O que importa, agora, é não deixar que o gigante morra. Em 2018, ele mais forte e já fora da caverna, poderemos sonhar com sua recuperação total. Aquela que ele, e nós, merecemos.

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, professora e tradutora, escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2014.