quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Projeção de crescimento do PIB para 2014 chegou ao fundo do poço?

Fábio Alves - Broadcast



Mercado reduz previsões para o PIB do ano (Foto: AP)
Mercado reduz previsões para o PIB do ano (Foto: AP)
Depois de 17 semanas consecutivas de queda na estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2014, agora em apenas 0,3% de expansão, há espaço para corte adicional dessa projeção na pesquisa semanal Focus, do Banco Central?
E a projeção de crescimento de 1,01% do PIB em 2015 já reflete os riscos para a economia brasileira no ano que vem ou ainda está otimista?
Em conversa com esta coluna, um economista de um banco europeu acredita que a projeção de 0,3% de crescimento do PIB neste ano pode se estabilizar na próxima pesquisa Focus, mas ressalta que novos indicadores de atividade ainda podem mostrar uma fraqueza adicional da economia brasileira no segundo semestre.
Os economistas já embutem nos seus modelos um nível de confiança bastante fraco, segundo a fonte acima.
A confiança do consumidor subiu 0,7% em setembro, após cair 4,3% em agosto e subir 3,0% em julho, de acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em setembro fechou em 103,0 pontos, ou queda de 9,5% em relação a igual mês de 2013.
Por outro lado, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), apurado na prévia da sondagem de setembro, ficou em 80,7 pontos, recuando 3,2% em relação ao resultado final de agosto, que foi de 83,4 pontos. No mês passado, o ICI caiu 1,2%.
“Não me surpreenderia se houvesse novas quedas de projeções do PIB na pesquisa Focus, embora os ajustes doravante devam ser marginais”, explica um experiente economista paulista. Segundo ele, as notícias de que as montadoras devem ter novas paralisações a partir de outubro refletem um quadro de elevados estoques e baixa demanda. “O último trimestre do ano ainda será muito ruim.”
Para a fonte acima, a produção industrial certamente continuará muito fraca. Do lado da demanda, explicou ele, o consumo segue em desaceleração: o índice de desemprego finalmente começa a refletir a estagnação econômica, a confiança dos consumidores está se aproximando das mínimas de 2009 e o investimento seguirá completamente travado, à espera de uma definição da eleição presidencial.
E justamente a indefinição do desfecho da eleição torna difícil dizer se a projeção de crescimento de 1,01% para o PIB de 2015 da pesquisa Focus está ou não otimista. Dependendo de quem vencer o pleito presidencial, o mercado precifica um ajuste mais ou menos forte da economia brasileira, em particular das contas públicas.
A projeção para a taxa de câmbio na pesquisa Focus, por exemplo, sugere que Marina Silva sairá vitoriosa da eleição, uma vez que a estimativa é de uma apreciação do real. Para 2014, a previsão é de um dólar a R$ 2,34 no final do ano. Para 2015, a projeção de fim de ano é de R$ 2,45. Para o mercado, a eleição de um candidato de oposição geraria um choque de credibilidade, atraindo capital estrangeiro e, portanto, contribuindo para valorizar o real.
Por outro lado, a previsão para a taxa Selic ao final de 2015 vem caindo há quatro semanas consecutivas e agora a estimativa é de juros básicos encerrando 2015 a 11,25%. Assim, os analistas acreditam que o próximo presidente fará um ajuste fiscal em magnitude suficiente para auxiliar o trabalho do Banco Central em controlar a inflação e as expectativas inflacionárias, portanto não precisando subir tanto os juros.
“Certamente as projeções para 2015 por enquanto dizem muito pouco: na melhor das hipóteses, o ajuste é significativo no próximo ano, abrindo espaço para uma retomada mais forte a partir de 2016″, afirmou o experiente economista paulista.
Na pior das hipóteses, ressaltou ele, um cenário de mais do mesmo – em termos de “mix” de política econômica – pode condenar o Brasil a um quadro de estagnação crônica, comprometendo não apenas o crescimento corrente, mas também o PIB potencial.