Da coluna Maquiavel – Bastidores da Política, aqui na Veja.com:
A menos de vinte dias das eleições, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, vai reforçar sua estratégia na TV na tentativa de trazer de volta o eleitor anti-PT que migrou para Marina Silva (PSB) desde a morte de Eduardo Campos, em 13 de agosto, por enxergar nela uma possibilidade mais concreta de derrotar Dilma Rousseff. Diante da baixa audiência do horário eleitoral gratuito, a campanha tucana vai reforçar as inserções diárias na programação das TVs: ao invés de dois programas de trinta segundos, fará quatro de quinze segundos. Além de se posicionar como o único capaz de derrotar o PT, Aécio insistirá na tática de associar Marina ao PT. Em uma das inserções, os tucanos colocarão imagens antigas da ex-senadora vestindo uma camiseta estampada com a tradicional estrela do partido. A avaliação da campanha de Aécio é que a fragilidade com que Marina tem reagido aos ataques petistas já contribuiu para trazer parte de seu eleitorado de volta – o tucano cresceu quatro pontos porcentuais em levantamento Ibope divulgado na terça-feira. (Bela Megale e Bruna Fasano, de São Paulo)
Como sabem os leitores deste blog, antes que a campanha de Aécio começasse a associar Marina Silva ao PT, eu falei aqui que esta deveria ser a sua estratégia, ainda que com um atraso de pelo menos 5 anos. E, embalado pelos 4 pontos ganhos no Ibope, o PSDB faz bem em levar à TV imagens que demonstram o petismo de raiz da candidata do PSB, “até porque”, como disse Aécio nesta semana, “80% da trajetória da candidata Marina foi feita dentro do partido e, provavelmente, será com uma parcela importante do PT, se ela vencer as eleições, que ela vai governar.” Ou como dissera antes: “Eu me vejo no direito de perguntar em que Marina estaremos votando. Quando denunciávamos o mensalão e o aparelhamento do Estado pelo PT estávamos fazendo a velha política? E a boa, era aceitar as ações do PT?”
Aécio, ademais o menos famoso entre os três principais candidatos, ainda tem um potencial razoável de atração de votos, como ficou claro na própria pesquisa do Ibope. Para medir isso, como informa O Globo, o instituto perguntou aos eleitores qual frase expressava melhor a opinião que eles tinham dos três principais candidatos. Segue trecho da matéria:
Aquele eleitor que diz “votar com certeza” em um candidato é, seguramente, o voto já cristalizado a favor desse candidato. Ou seja, é um contingente que tende a traduzir a sua opinião em voto no dia da eleição. É por isso que os percentuais dessa resposta “voto com certeza” se aproximam muito da intenção de voto geral para Dilma, Marina e Aécio, repetindo, inclusive, a atual ordem de colocação entre eles. Mas o quanto o candidato tem potencial de ainda atrair votos?
Pelos dados da pesquisa, observa-se que a candidata do PT tem hoje o menor percentual de eleitores que afirmam que “poderiam votar nela”: 21%. Marina registrou 40% e Aécio, 36%. O baixo percentual de eleitores que poderiam votar em Dilma ocorre porque ela lidera o percentual de respostas “não votariam nela de jeito nenhum”. O candidato do PSDB, por outro lado, é dos três candidatos o que apresenta o maior percentual de eleitores que afirmam não o conhecer direito: 12%. Ou seja, essas respostas indicam que ainda podem ocorrer novas variações nas intenções de votos dos três principais candidatos. A capacidade de atração de votos é o que explica o acirramento da disputa no segundo turno, quando as diferenças entre o primeiro e o segundo colocado, segundo o Ibope, passaram a ser menores.
De resto, é como anotei no Facebook:
E por falar em Dilma, segue o trecho do debate da CNBB em que Aécio detonou a presidente-candidata sobre o Petrolão, o “mensalão 2″ na Petrobras. A ótima frase final está cortada, mas é a seguinte: “Quem não teve condições de administrar a maior empresa brasileira não tem condições de administrar o Brasil.”



